Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

Artigo Sexta-feira, 06 de Novembro de 2020, 00:00 - A | A

06 de Novembro de 2020, 00h:00 - A | A

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Bancos fazem a farra no crédito consignado



Euclides Ribeiro 

Os bancos encontraram um porto seguro em meio à grave crise provocada pela pandemia do novo coronavírus: os servidores públicos. Como eles têm estabilidade no emprego tornaram-se alvo preferencial das instituições financeiras na hora de emprestar dinheiro. 
Resultado: o crédito consignado ao funcionalismo continua crescendo como se não houvesse amanhã. Dados do Banco Central apontam que, somente no consignado, os servidores devem R$ 232,8 bilhões — um recorde.
De janeiro a junho deste ano, esses empréstimos aumentaram R$ 10,4 bilhões. Isso significa que, na média, os bancos liberaram R$ 57,1 milhões ao dia por meio dessa linha de crédito, incluindo sábados, domingos e feriados. 
Mas o que parece ser um empréstimo fácil e sem burocracia mascara um dos maiores assaltos que os bancos fazem pois essa modalidade representa risco zero para as instituições. Mesmo assim elas praticam taxas de juros estratosféricas e muitas vezes embutem cobranças indevidas nos contratos que escondem o real valor que o tomador vai pagar no final com tributos, tarifas, seguros, custos relacionados ao registro de contrato e outras despesas cobradas na operação. 
Isso quer dizer que analisar isoladamente a taxa de juros praticada, que já é altíssima, não é suficiente para constatar o quanto o banco está abocanhando de fato ao emprestar o dinheiro.
As reclamações em relação ao consignado são rotineiras e as instituições estão a toda hora sendo multados por causa de cobranças indevidas.
Entre janeiro e julho deste ano, foram registradas na plataforma do Governo Federal 40.663 reclamações relacionadas a isso. O número é 127% maior do que o registrado em todo o ano de 2019, segundo levantamento da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Se considerada apenas a faixa etária acima dos 60 anos, a alta é ainda mais expressiva, de 157%, no mesmo intervalo de comparação. 
As reclamações mais comuns decorrem da dificuldade de obtenção de informações básicas sobre os cálculos, sobre o saldo devedor, além da cobrança por serviço ou produto não contratado. Se isso ocorresse em países que levam mais a sério a proteção às finanças da população daria até cadeia pois a usurpação do dinheiro alheio é crime, é roubo. Mas aqui a agiotagem autorizada segue impune.
No Mato Grosso, os bancos estão fazendo uma verdadeira farra às custas dos servidores. Essa semana tive acesso ao holerite de um PM que contraiu uma dívida junto ao Banco BMG. O que ele está pagando de juros corresponde a um dia do seu salário na polícia e nem com malabarismo está dando para fechar as contas do mês. Um retrato que se soma à dura realidade do nosso estado.
Em agosto de 2020, cada consumidor inadimplente no MT tinha em média 1,932 dívidas em atraso. O número ficou acima da média da região Centro

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