Há 50 anos o mundo perdia um dos mais controversos mitos de todos os tempos. Ernesto Che Guevara o guerrilheiro argentino que lutou com Fidel Castro na revolução cubana, morto no dia 9 de outubro de 1967 na Bolívia. Saiu da vida para virar um mártir até hoje idolatrado por multidões.
Eu tinha 16 anos a primeira vez que ouvi falar de Che Guevara ao participar de uma palestra de um conhecido padre de Santarém, para estudantes do colégio onde eu estudava. Ele usava uma camiseta com aquela foto mais conhecida do Guerrilheiro, tirada por Alberto Korda, estampada na parte da frente.
O padre chegou a comparar Che a Jesus Cristo, o que impressionou uma plateia composta de entusiasmados adolescentes. Falou de sua saga para libertar os cubanos da ditadura do tirano Fulgêncio Batista, e o descreveu como um revolucionário impávido, que dedicou sua vida a um sonho de liberdade e a construção de um mundo mais justo e igual. E se transformou em mártir ao ser executado pelo exército boliviano.
Como muitos adolescentes que por desinformação, desconhecem a verdadeira história, minha admiração por Che durou alguns anos. Devorei livros que narravam sua trajetória, como os registros de sua aventura pela América Latina, em O Diário da Motocicleta.
Cheguei a usar camisetas com sua foto. E eu não era o único. Muitos caras da minha idade viam Che como o ídolo que não temeu morrer lutando para salvar a humanidade. Até chegar à conclusão que meu herói, na verdade era um sanguinário, que matava sem hesitar.
Che Guevara tem o mesmo simbolismo da Coca Cola, que foi a marca de uma geração dos 80 e 90, mas que muitas pessoas pararam de tomar quando tiveram conhecimento que a bebida mais popular do planeta, produz efeitos colaterais e causa danos à saúde.
Na verdade Che é uma farsa para o mundo, envolvida em um enigma preservado por gerações que o idolatram e veem nele a imagem de um mártir cristão, mas que existe apenas em seus imaginários. A vocação de Che não era pela liberdade, era pelo crime.
Quando somos jovens temos o direitos de ter convicções equivocadas. E entendi que este lance de luta armada não fazia a minha cabeça.
Se Che foi uma desilusão para mim, pelo mundo afora, de forma impressionante, o mito sobrevive venerado por multidões.
Difícil é entender como alguém, violento, com vocação para matar, que usava argumentos fúteis para executar os próprios companheiros de guerrilha, 50 anos após a sua morte, continue sendo um dos personagens mais populares do mundo.
José Vieira do Nascimento é diretor e editor e diretor de Mato Grosso do Norte - E-mail: [email protected]