De todos os crimes praticados por este governo sem a legitimidade do voto, o que mais me indignou foi o decreto que extinguiu a Reserva Nacional de Cobres e Associados (Renca). Mais greve até do que o leilão promovido junto ao Congresso para comprar deputados na denúncia da Procuradoria Geral da República.
Neste decreto, o presidente não foi apenas corrupto, foi cruel e bandido. Mais do que isto. Foi um criminoso que traiu o país que deveria defender, vendendo nos recursos naturais para as grandes potências explorarem nossas reservas e deixarem para traz um rastro de destruição.
Criada em 1984 e localizada entre os estados do Amapá e do Pará, a Renca tem mais de 4 milhões de hectares, uma área de 47 mil quilômetros quadrados, 9 reservas de preservação e algumas aldeias de índios. É um patrimônio ecológico da Amazônia e dos brasileiros que nenhum presidente tem o direito de expô-lo às ameaças de destruição, sem fazer uma consulta para saber o que a população pensa a este respeito.
Após a repercussão negativa, Michel Temer editou o segundo decreto na tentativa de maquiar o seu crime. Mas que na verdade, trouxe pouca mudanças com relação ao primeiro decreto.
A suspensão do decreto através de uma liminar de um juiz federal de Brasília, não significa que a reserva está a salva. Temer vai derrubar a decisão para levar a diante, seu plano. A única forma de persuadi-lo a desistir de sua diabólica intenção é todas as pessoas que se preocupam com o futuro de seus filhos, de seus netos e das próximas gerações, se manifestarem contra este crime.
O presidente negociou o decreto com deputados e senadores que recebem propina para defender os interesses das grandes companhias mineradoras do Canadá, Estados Unidos e Noruega.
Se alguém pensa que algum pequeno garimpeiro vai ter direito a explorar a reserva, se engana.
Para os mais pobres vai ficar a devastação das florestas, o assoreamento e contaminação dos rios, a morte dos peixes, o extermínio dos povos indígenas, dos animais e dos agricultores familiar que habitam a aquela região.
Não é porque os outros países destruíram suas floresta que temos que fazer o mesmo. A Amazônia é patrimônio da humanidade. Preservá-la representa a vida para as futuras gerações.
Seu futuro não pode ser definido através de uma decisão isolada de um presidente execrado pela opinião pública. Um lixo feito Temer não tem o direito de decidir sobre algo que impactará a vida de milhões de brasileiros. E que no futuro poderá provocar um desastre de proporções catastróficas como aconteceu na bacia do Rio Doce.
José Vieira do Nascimento é diretor e editor responsável de Mato Grosso do Norte
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