A esquerda entronizou Getúlio Vargas como ídolo e modelo de político a ser seguido. É estranho, Vargas foi um ditador de direita. Um pouco de história.
Getúlio tomou o poder em 1930 não de forma democrática. Em 1934, quando devia deixar o governo, inventou uma Constituinte e ali foi reeleito pelo voto indireto dos deputados.
Depois ele inventa a ‘intentona comunista‘ e, para não permitir eleição em 1938, dá outro golpe em 1937. Cria o Estado Novo. Fica no poder até 1945.
Na tal intentona eram os comunistas, ou seja, a esquerda da época é que supostamente o perseguia. E a esquerda de agora o trata como herói. O Estado Novo tinha feições fascistas. Mussolini e Hitler estavam no poder na Itália e Alemanha.
Getúlio copia muitas coisas de lá. Criou, por exemplo, o Departamento de Imprensa e Propaganda, com o rádio se espalhando pelo Brasil, que o pinta como herói das massas, em plena ditadura. A ditatura do Estado Novo nomeava os governadores dos estados e baniu o partido comunista. Atos que a esquerda atual não devia concordar.
As normas trabalhistas no seu governo têm muito do que ocorria na Itália. Getúlio fez o que pedia o momento mundial em favor do trabalhador pela industrialização que ocorria. Até nos EUA Franklin Roosevelt criou meios para proteger o trabalhador. Getúlio é derrubado do poder em outubro de 1945. Volta eleito à presidência em 1950. Estava velho, a economia ia mal, a oposição vociferava contra ele, principalmente um jornalista e dono de jornal, Carlos Lacerda. A situação política era tensa.
A imprensa descobriu que um irmão de Getúlio fazia tráfico de influência em benefício de grandes negócios.
Encontram documentos no quarto do guarda costa de Getúlio, Gregório Fortunato, que mostravam que ele também praticava tráfico de influência. Getúlio não tinha nada com isso, mas a oposição não queria nem saber.
No dia 5 de agosto de 1954, na Rua Toneleros no Rio, tentaram matar o Lacerda. Descobriu-se que foi a mando do Gregório. Atribui-se a Getúlio a frase de que ‘Carlos Lacerda levou um tiro no pé, eu levei dois nas costas‘.
No dia 22 de agosto apareceu o Manifesto dos Generais, os mesmo que o ampararam no Estado Novo inteiro, para que ele se licenciasse do cargo. No dia 24 deu um tiro no peito com outra fase atribuída a ele de que ‘saio da vida para entrar na história‘.
Alguns entendem que o suicídio o fez mártir e ídolo popular. Se ele renunciasse, não entraria na história como entrou.
Quais fatos daquele governo ligam tanto a esquerda atual a Getúlio? Por causa da Petrobras e Volta Redonda? Ele nada mais fez do que o mundo fazia.Acreditava-se na época que o Estado tinha que estar na economia.
Fora esse pequeno passo estatizante, coisa que o regime militar de 1964 também fez, o que mais liga Getúlio tanto à esquerda hoje no Brasil?
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
[email protected] - www.alfredomenezes.com