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Artigo Quarta-feira, 08 de Junho de 2016, 00:00 - A | A

08 de Junho de 2016, 00h:00 - A | A

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Novos atores no cenário político brasileiro



Leonardo Boff

 

Recentemente descobriu-se por gravações entre líderes da oposição, nomeadamente do PMDB e do PSDB com um dos diretores da Petrobras que  o real motivo do afastamento da presidenta não era tanto a alegada irresponsabilidade fiscal. O afastamento era necessário para encerrar a investigação na Petrobras, do famoso Lava-Jato, que envolvia corruptos não só do PT mas dos principais partidos: ministros, senadores e deputados da oposição. Para escaparem dos processos e das prisões, precisavam encerrar aquela “sangria desatada” (R. Jucá) que envolvia milhões e milhões de dólares, ameaçando os políticos.

Essa é a razão rasa do processo de impeachment da Presidenta. Bem disse Noam Chomsky que vive com uma brasileira, trata-se de “um bando de ladrões acusando uma mulher inocente, contra a qual sequer há indícios de crime.” Esse bando se uniu com o conspirador-mor, o vice-presidente Michel Temer, com setores do próprio STF, conivente e omisso. Com a PF e o MP para escaparem ilesos de seus crimes e salvarem suas carreiras políticas. A intenção originária e perversa era desestabilizar o governo do PT, o que em parte conseguiram, apoiados por uma imprensa conservadora e caluniosa, das mais concentradas do mundo. Buscava-se desconstruir a figura carismática de Lula. Elites regressivas, saudosas da Casa Grande, buscam o poder que perderam nas eleições e consideram inaceitável a ascensão dos pobres na vida social e universitária.

O vice-presidente, um homem fraco e sem qualquer liderança, esqueceu-se que era vice e que deveria substituir a presidenta, enquanto durasse o  processo contra ela, mantendo a máquina governamental. Sequestrou o cargo como se fosse presidente, com um projeto político não apresentado ao povo, montando todo um governo novo com  gente da pior espécie política, alguns acusados por corrupção, todos brancos e ricos.  Os ministérios que tinham alma (como da Cultura, dos Direitos Humanos, das Mulheres, da Diversidade racial, nos Negros e Índios e outros) foram reduzidos ou abolidos ficando apenas com aqueles que são esqueletos da administração (planejamento, fazenda e outros)

José Serra, ministro das Relações Exteriores, sem qualquer qualificação para o cargo e bronco nas relações, está correndo o mundo para vender parte do Brasil, especialmente  a privatização de bens públicos e o pre-Sal.

Vale recordar que a população já se deu conta das tramoias golpistas. Onde quer que apareçam deputados ou senadores nos aeroportos ou ruas são apupados de golpistas ou submetidos a “escrachos”. O vice-presidente sequer pode sair de casa em São Paulo ou do palácio em Brasília pois as multidões gritam ”fora, Temer”. Sua popularidade está por 1% de aceitação. Só mesmo a vaidade o mantem no poder, pois não passa de um figurante de forças que o manejam como o grupo do mafioso, corrupto e chantagista de Eduardo Cunha. O  silêncio de setores do STF está na tradição de 1964, como apoiadores do golpe, contra qualquer ética jurídica e imparcialidade como é o caso inegável do Ministro Gilmar Mendes.

Leonardo Boff é articulista do JB on line e escritor

Tags: boff, coluna, jb, leonardo, texto

 

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