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23 de Setembro de 2020, 00h:00 - A | A

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A arte de trabalhar com o couro e suas muitas possibilidades



Reportagem
Mato Grosso do Norte

João Umbelino Filho, morador pioneiro de Alta Floresta, adotou como ofício a arte de manusear o couro e transformá-lo em verdadeiras peças para uso pessoal, através de um processo praticamente artesanal. 
Em sua tradicional e histórica empresa, a Sapataria Cruzeiro, localizada na rua D em Alta Floresta, a partir do couro, que usa como matéria prima, transforma as peças em chinelo, botina, cinto, carteira para celular, bolsa e outras infinidades de objetos.
Além da criação, também dedica parte do seu tempo para o conserto e recuperação de calçados que são levados pelos seus clientes.  João usa as máquinas de sua sapataria para auxiliar em seu oficio, mas a maioria dos trabalhos e finalizado a mão, através de um processo artesanal. 
O couro é um horizonte por onde João focaliza seu universo de criação. “Com o couro, há possibilidades de se fazer muitas coisas, que além de bonitas, e de terem qualidade, nunca saem de moda”, observa. 
Conforme ele, o couro continua em alta, mesmo com a modernidade e as novas tecnologias. “A tendência do uso do couro é muito antiga, porém muito necessária. E uma arte que abre muitas possibilidades de se ensinar e aprender, porque é um produto muito utilizado para fazer muitas coisas”, analisa. 
Há 38 anos que ele trabalha em Alta Floresta em sua própria sapataria. No entanto, ainda menino começou a trabalha com couro. 
Aprendeu o ofício com o pai, que também era sapateiro. Ele foi o único, de uma família de 10 irmãos que seguiu os passos do pai na arte de trabalhar com o couro. 
“Eu e meus irmãos, todos nos formamos em cursos superiores. Sou formado em Ciência com habilitação em Química. Sou professor, mas dei aulas por pouco tempo. Gosto do que faço e sobrevivo da arte de trabalhar com o couro e assim criei um casal de filhos. Continuarei com esta atividade até onde for possível, nunca pensei em mudar de profissão”, diz João. 

Projeto social - O trabalho de João também tem a parte social. Ele confecciona calçados especiais [como botas] e sob medidas, para pessoas com deficiências físicas, que precisam deste tipo de calçados para caminhar com maior perfeição e comodidade.

E ele tem planos de desenvolver um projeto social com fabricação de bolas de futebol costuradas a mão, usando um núcleo de reabilitação de pessoas, tanto jovens que precisam de trabalho, mulheres e reeducando.
E como funcionaria este projeto: João criaria as peças para a confecção das bolas e essas pessoas a costurariam. 
“A linha de couro abre um leque de oportunidades e de produtos que podem ser feitos. Costurar as bolas é um serviço artesanal, que se aprende rápido e que é necessário pouco espaço. No caso dos presidiários, eles se ocupariam e ainda teria a oportunidade de ganhar um dinheiro”, explica.  
O projeto não tem como meta alta lucratividade e para que seja criado é necessário, de acordo com ele, o engajamento da sociedade organizada. 
João conta que já foi convidado para ministrar cursos profissionalizantes em outros municípios de Mato Grosso e ensinar as pessoas a trabalhar com a confecção de couro. Ele sugere que esta ação também poderia ser feita em Alta Floresta, através da Ação Social da prefeitura.
“As pessoas poderiam aprender e se qualificarem através destes cursos. É um trabalho artesanal e pode se abrir oportunidades para se ter uma profissão e opção de renda, para melhorar, inclusive, a qualidade de vida”, enfatiza João. 

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