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Carros Sexta-feira, 20 de Maio de 2022, 17:08 - A | A

20 de Maio de 2022, 17h:08 - A | A

Carros / Pulse Drive 1.3 AT

Impulso decisivo

Racionalidade e preço da versão Drive AT do Pulse empurra o SUV da Fiat à liderança do segmento



por Eduardo Rocha
Auto Press

A sinergia entre as marcas da Stellantis no Brasil – Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM – está formando uma hegemonia de mercado que não se via desde os anos 1990, na época que importados e novos fabricantes eram novidade. Embora as participações das marcas francesas sejam tímidas, na soma, os números são reveladores. Apenas em abril, a fatia de emplacamentos de automóveis e comerciais leves é de 35,5%. No acumulado desse ano, elas somam 33,9%, mas apenas em vendas diretas chegam a incríveis 50,7% do total – o que mostra a força do Grupo. Nesse cenário, o conglomerado incrementou uma passagem de bastão no segmento que mais cresce no mercado brasileiro, de SUVs compactos ou B. A Stellantis elevou o status (e o preço) do Jeep Renegade e encaixou o Pulse na função de entrada, antes exercida pela modelo da Jeep. Em abril, esse processo se consolidou com a chegada do Pulse na liderança do segmento, com 5.520 unidades – 71% delas por venda no varejo, o que mostra o poder de atração do modelo ‑ .

Para isso contribui uma gama bem amarrada com cinco versões, que tem preços desde a base do segmento, com a Drive 1.3 manual a R$ 94.990 – o SUV mais barato à venda no Brasil ‑, até o Impetus 1.0 Turbo 200 automática, a R$ 126.590 iniciais – mais para a frente será lançada a versão Abarth, com motor 1.3 T270, de 185 cv, mas será carro de imagem, que responde a outra lógica. Na linha, a versão que reúne as principais qualidades do modelo é, sem dúvida, a Drive 1.3 automática, que custa iniciais R$ 101.990. Ela reúne alguns bons pontos de atração do modelo, como estética, conteúdo, conforto, preço atraente e uma dinâmica equilibrada.

Sob o capô, o modelo conta com o tradicional motor 1.33 litro Firefly, que rende na configuração 98 cv com gasolina e chega a 107 cv com etanol, com torque entre 13,2 e 13,7 kgfm. Aqui ele é gerenciado por um câmbio CVT com sete marchas pré-programadas, que direciona a força para as rodas dianteiras. A transmissão conta com dois recursos adicionais interessantes. O primeiro é um botão Sport, que oferece um modo de condução com mais ímpeto, e o outro é um sistema de bloqueio eletrônico de diferencial, TC+, que controla o escorregamento da roda para enfrentar situações com falta de aderência. Ele conta também com controle de cruzeiro.

Na parte de segurança, no entanto, o SUV mas não traz quaisquer recursos de auxílio à condução, além dos obrigatórios ABS e controle de estabilidade tração. Mas traz, pelo menos, airbags de cortina adicionais aos frontais obrigatórios e também sensor de pressão dos pneus. Em relação ao restante do conteúdo, o Pulse Drive responde bem às aspirações mínimas dos consumidores do segmento. Traz ar-condicionado automático, faróis, luz diurna e lanternas em led, rodas de liga leve, vidros elétricos em todas as portas, sensor de estacionamento traseiro. A câmera de ré só aparece em um pacote opcional que inclui ainda carregador sem fio, chave presencial, partida remota e teto na cor preta, por um adicional de R$ 4.228.

Como interface, o Pulse traz volante multifuncional, que controle som, telefonia e o computador de bordo, monitorado através de uma tela de 3,5 polegadas em TFT personalizável entre o velocímetro w o conta-giros analógicos do painel. De série, o modelo traz uma central multimídia com tela de 8,4 polegadas touchscreen, com espelhamento de Apple CarPlay e Android Auto sem fio, comandos de voz, Bluetooth e duas portas USB, uma do tipo A e outra C.

 

 

Ponto a ponto

Desempenho – O motor Firefly 1.3 de quatro cilindros já nunca foi exuberante ‑ mesmo antes de perde 2 a 3 cv por conta da nova configuração do Proconve L7 ‑, mas também não aborrece quem está ao volante. É preciso apenas se familiarizar com as reações do câmbio CVT para extrair do Pulse um comportamento mais ágil e agradável. Com o acionamento do botão Sport no volante, o modelo assume um modo sequencial de troca nos pontos das sete marchas emuladas e ganha alguma agressividade, mas sem grandes emoções. Nota 7.

 

Estabilidade – O Pulse segue o acerto de suspensão tradicional da Fiat no Brasil, que usa uma suspensão mais macia para amenizar o confronto com a pavimentação deficiente das ruas e estradas nacionais. Com isso, o controle da carroceria é ligeiramente sacrificado. A vida a bordo ganha em qualidade na maior parte das situações, mas o conjunto não consegue evitar a rolagem lateral nas curvas nem a exigência de pequenas correções de trajetória nas retas. Mas como não é um modelo com pretensões esportivas, isso não chega a ser um problema. Nota 7.

 

Interatividade – O modelo traz uma pequena tela de 3,5 polegadas que traz as informações básicas de um computador de bordo. Traz ainda conexão com smartphones sem o uso de cabos, que facilita o acesso aos recursos da central multimídia. Essa tecnologia, no entanto, ainda mostra uma certa limitação e volta e meia “perde” o smartphone que está sendo espelhado. A tela “touch” com 8,4 polegadas tem boa visibilidade, principalmente por ser elevado no centro do console, e utiliza de comandos clássicos, já consagrados, o que facilita a interação. De controle externo, o modelo traz apenas sensor traseiro, que na verdade é uma forma de forçar a aquisição como opcional da câmera de ré, que traz outros recursos junto, como chave presencial, mas salga o preço. O volante tem ajuste apenas de altura, o que não é justificável em um projeto tão recente. Nota 8.

 

Consumo – De acordo com o Inmetro, o Fiat Pulse Drive 1.3 AT é o mais econômico da gama. O instituto registrou médias de cidade de 9,2 e 10,4 km/l e de estrada de 12,9 e 14,3 km/l, respectivamente com etanol e gasolina. Este consumo rende notas A na categoria e B no geral. Nota 9.

 

Conforto – A suspensão macia e os pneus de perfil 60 ajudam a suavizar os caminhos. Os bancos têm ergonomia correta, com bom apoio lateral, e com espumas com densidade correta, que sustenta bem o corpo, principalmente de quem vai na frente. O motor Firefly não é dos mais ruidosos e a insonorização da cabine é boa em relação a ruídos aerodinâmicos e de rodagem, mas os vidros não isolam com tanta eficiência os ruídos externos. Nota 8.

 

Tecnologia – O Pulse tem uma arquitetura desenvolvida a partir da plataforma do Argo. A ponto de as esquadrias de portas e tampa da mala serem as mesmas do hatch. A ampliação da carroceria, especialmente na altura, deixou o modelo com 80 kg a mais, o que necessariamente afeta o desempenho. A conectividade da central Uconnect é das mais práticas do segmento, com espelhamento de smartphones sem fio, tela de 8,4 polegadas. Nota 8.

 

Habitabilidade – Por dentro, o Pulse tem dimensões as dimensões do Argo, mas com o teto mais alto. E isso é bem significativo, pois se traduz em uma postura mais ereta e confortável para os passageiros e melhor aproveitamento da área interna, com bom espaço para pernas, cabeças e ombros principalmente na frente. O acesso é facilitado pela boa altura do veículo e o porta-malas, com 370 litros, tem tamanho compatível com o segmento. Nota 8.

 

Acabamento – A Fiat usa texturas e padrões agradáveis, mesmo sem recorrer a materiais requintados. No caso da versão Pulse, o revestimento em tecido com dupla padronagem mostra o cuidado na concepção de acabamento. As linhas horizontais valorizam a largura do modelo e criam a impressão de maior amplitude da cabine. O volante em plástico, sem revestimento em couro, causa uma impressão negativa que poderia ser evitada com um investimento pequeno por parte da montadora. Nota 7.

 

Design – A Fiat optou por fazer do Pulse um campeão de vendas e isso é sempre um inibidor de ousadias. Por isso, o SUV não renova o visual da linha de compactos da marca. Segue exatamente o mesmo conceito estético do Argo – que traz um estilo que só foi bem-digerido pelo consumidor dois anos depois de lançado. De fato, o Pulse não dá motivos para a rejeição. Traz volumes equilibrados e linhas orgânicas e geométrica combinadas. Nota 7.

 

Custo/benefício – O Fiat Pulse se posiciona no antigo posto do Jeep Renegade Sport, que agora alça voos mais altos com seu motor turbo flex. Ou seja: a premissa é oferecer um custo/benefício favorável, o que se reflete no bom volume de vendas que o modelo já alcança. O valor do Pulse Drive 1.3 AT, de R$ 101.990, o deixa em vantagem em relação aos demais SUVs compactos do mercado, que só chegam em valor semelhante em eventuais promoções. Nota 9.

 

Total – O Fiat Pulse Drive 1.3 AT somou 78pontos em 100 possíveis.

 

Impressões ao dirigir
A mão invisível

O Pulse Drive 1.3 AT é um carro que equilibra bem as principais qualidades exigidas pelo segmento de SUV B: tem um visual agradável, bom espaço interno, é altinho, confortável e serve muito bem a quem pretende usá-lo no dia a dia. Dinamicamente, não é de impressionar, mas tem um comportamento correto – e que fica mais agradável com a convivência, quando o motorista aprende a explorar melhor o bom entrosamento entre câmbio e motor. O câmbio CVT não anestesia tanto as reações e o modo Sport dá até algum ímpeto. A vantagem do modo normal, por outro lado, é que o Pulse pode ser bem econômico.

Aliás, essa parece ser a verdadeira vocação do modelo. A Fiat optou por uma suspensão mais macia e o Pulse tem um centro de gravidade mais elevado – do que, por exemplo, o Argo. Com isso, em velocidades mais altas, a tendência de rolar nas curvas e flutuar nas retas fica mais evidenciada. Não há descontrole, mas não transmite segurança a quem está ao volante – embora, nem mesmo quando o carro foi ligeiramente abusado, o controle de estabilidade foi chamado a se apresentar.

A versão Drive apresenta uma boa relação custo/benefício. Não é necessário sequer recorrer à lista de opcionais para ter nas mãos um carro que responde bem às principais necessidades de grande parte dos consumidores. A única falta realmente sentida é a câmera de ré, que passa a ser vista como item quase obrigatório (ainda mais em um modelo que tem visibilidade traseira limitada por ser alto). A sensor de obstáculo, pelo menos, está presente. E um ponto a favor do Pulse é que, mesmo sendo em essência um crossover, tem um recurso bem efetivo para quem quer posar de SUV, que é o TC+, limitador eletrônico de escorregamento do diferencial – semelhante ao sistema Jeep Traction Control+ do Renegade. Em caso de falta de aderência, o sistema, desabilita o controle de tração, que normalmente cortaria a potência, e distribui a força do motor entre as rodas dianteiras. E permite, de fato, escapar de situações críticas que a grossa maioria dos SUVs compactos não sairiam.

 

Ficha técnica
Fiat Pulse Drive 1.3 AT
Motor: Gasolina/etanol, transversal, dianteiro, com 1.332 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, eixo de comando simples no cabeçote e injeção eletrônica multiponto.

Transmissão: Automático continuamente variável, CVT, com sete relações pré-programadas à frente e uma à ré. Tração dianteira com sistema de locker eletrônico TC+.

Potência: 98 cv a 6 mil rpm com gasolina e 107 cv a 6.250 rpm com etanol.

Torque: 13,2 kgfm a 4.250 rpm com gasolina e 13,7 kgfm a 4 mil rpm com etanol.

Diâmetro X curso: 70,0 x 86,5 mm.

Taxa de compressão: 13,2:1.

Aceleração 0-100 km/h: 12,2/11,4 segundos com gasolina/etanol.

Velocidade máxima: 173/177 km/h com gasolina/etanol.

Carroceria: Utilitário esportivo com quatro portas e cinco lugares. Com 4,10 metros de comprimento, 1,78 m de largura, 1,58 m de altura e 2,53 de distância entre-eixos. Altura mínima para o solo de 18,8 cm. Ângulo de 20,3º de ataque e de 31,4º de saída. Airbags frontais e laterais de série.

Suspensão: Dianteira tipo McPherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais. Traseira com eixo de torção com amortecedores hidráulicos de dupla ação e molas helicoidais.

Freios: Dianteiro a disco ventilado com 257 mm de diâmetro com pinça flutuante. Traseiro a tambor com regulagem automática. ABS com controle de partida em rampa e controle de estabilidade.

Pneus: 195/60 R16.

Peso: 1.187 kg em ordem de marcha com 400 kg de capacidade de carga.

Porta-malas: 370 litros.

Lançamento: Outubro de 2021.

Capacidade do reservatório de combustível: 37 litros

Produção: Betim, Minas Gerais.

Preço: R$ 101.990.

Preço da unidade testada: R$ 101.990.  

Álbum de fotos

FOTOS: EDUARDO ROCHA/AUTO PRESS

FOTOS: EDUARDO ROCHA/AUTO PRESS

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