No depoimento que prestou à polícia após a prisão de seu marido Eder Gonçalves Rodrigues, a cunhada do marido de Inês Gemilaki deu detalhes sobre o dia do duplo homicídio. Ela disse que seu marido foi coagido por Inês e Bruno Gemilaki Dal Poz para participar do crime.
A mulher também deu informações sobre a briga de Inês com o homem que ela queria matar, destacando que ele ofereceu R$ 200 mil pela cabeça da mãe e do filho após as mortes de Pilson Pereira da Silva e Rui Luiz Bogo. O depoimento consta no auto de prisão em flagrante de Eder, da Comarca de Alta Floresta.
A cunhada de Márcio, J.F., relatou que no domingo (21) estava em sua casa com familiares e amigos, sendo que seu cunhado Márcio, a esposa dele Inês e o filho dela Bruno chegaram ao local por volta do meio dia.
Ela disse que Inês e Bruno estavam consumindo bebidas alcoólicas e Márcio chegou a chamar a atenção dela para que parasse de beber. No entanto, Inês disse que "queria beber e era para ele deixar ela ser feliz".
Márcio teria dito que ia sair de lá e ir para sua oficina. A cunhada então pediu para que ele ficasse, mas ele acabou saindo sozinho.
Ela contou que quando a cerveja estava acabando Inês balançou a chave do carro e chamou Eder para saírem. Nisso saíram Inês, Bruno e Eder, por volta das 14h.
Já por volta das 17h ela recebeu uma ligação de seu esposo Eder, que disse que "Inês e Bruno haviam feito uma cagada e levado ele junto". O homem contou que haviam matado algumas pessoas e pediu para que ela então saísse urgentemente de casa.
A mulher contou o ocorrido para uma amiga que estava lá, que ofereceu a casa dela para que ela ficasse. Já durante a noite Eder ligou novamente para a esposa e contou que saiu da casa achando que Inês e Bruno iriam comprar mais cerveja, no entanto, quando chegou próximo à caminhonete, Bruno lhe apontou uma espingarda, pedindo para que ele entrasse no carro.
Inês então teria lhe dito "você está com a gente ou contra nós?". Eder contou que sua cunhada portava um revólver. Eles saíram até a casa onde estavam as vítimas. Mãe e filho então desceram do carro, entraram na casa, mataram algumas pessoas e depois foram embora.
Eder disse que chegou a descer do carro, mas que não entrou na casa e não estava com arma de fogo. No entanto, ao ser preso Eder confessou à polícia sua participação no crime, dizendo ser a pessoa que entrou na residência com a Inês e Bruno. Depois disso eles foram para a fazenda de Inês. As câmeras de segurança também mostram ele segurando uma arma.
Ele ainda contou que Inês ligou para seu irmão Márcio e contou tudo o que havia ocorrido. Ele teria dito que não iria à fazenda, mas Inês contou que estava com Eder e, assim, Márcio resolveu ir.
Quando chegou à fazenda, Márcio convenceu Inês e Bruno que iria ajudá-los a fugir. Porém, disse para a mãe e filho seguirem na caminhonete enquanto ele e seu irmão seguiriam em um Fiat Strada. No caminho eles se separaram, Márcio se perdeu e depois decidiu seguir para Alta Floresta.
A amiga da esposa de Eder contou depois que o alvo de Inês e Bruno estava vivo e estaria oferecendo R$ 200 mil reais pela morte dos dois.
Eder ligou para ela pedindo que saísse da cidade e disse que Bruno havia enviado um pix de R$ 1 mil reais para ajudar. Com isso ela foi para Alta Floresta com os filhos. Ela ainda contou que no sábado (20) Márcio havia ido à casa dela e disse para não irem mais à residência dele, pois na tarde daquele dia 6 homens teriam ido lá atrás de Inês, dizendo que queriam matá-la. Márcio conversou com estes suspeitos e nada aconteceu.
Revelou, por fim, que as armas usadas no crime pertenciam a outro filho de Inês, que mora e estuda no Acre. Márcio teria revelado, após uma briga de casal, que tinha medo de Inês usar uma das armas para matá-lo. A Polícia Civil ainda investiga o caso para apurar como, de fato, o episódio ocorreu e suas motivações.
Briga com dono de imóvel
Sobre o desentendimento entre Inês e a vítima que ela tentou matar, a cunhada disse que o homem havia reclamado com Inês quando ela alugava a casa dele, sobre as condições da piscina. Nisso a mulher descobriu que o homem estava vendo as imagens das câmeras de segurança e ela resolveu desligar as câmeras, já que tinha o costume de andar só de calcinha e sutiã. Ela temia que ele já tivesse visto ela nua. O homem então pediu a casa e se iniciou uma briga judicial por cobrança de possíveis prejuízos. O dono da casa perdeu o processo, mas não teria gostado da situação e daí se iniciaram as brigas e ameaças.
(Vinicius Mendes/ Gazeta Digital)