Reportagem
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na quarta-feira, 17, a Operação Diaphthora, para cumprimento de 12 ordens judiciais decretadas em investigações que apuraram um esquema criminoso que teria sido montado por um delegado e um investigador de polícia no município de Peixoto de Azevedo. Um dos alvos é o delegado titular da delegacia de Peixoto de Azevedo, Geordan Fontenelle, de 34 anos. Ele e o investigador foram presos.
A Operação Diaphthora revelou que o delegado, preso na quarta-feira, cobrou R$ 10 mil para manter um empresário detido na Operação Hermes II, em 2023, fora da cela, na sala de descanso dos policiais.
A ação policial foi deflagrada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil e investiga o envolvimento do delegado, policiais civis, advogado e garimpeiros da região de Peixoto de Azevedo em situações como a solicitação de vantagens indevidas, advocacia administrativa e ainda o assessoramento de segurança privada pela autoridade policial, caracterizando a formação e uma associação criminosa no município.
Entre os crimes praticados pela associação criminosa foi demonstrado no inquérito que o delegado e o investigador solicitavam o pagamento de vantagens indevidas para liberação de bens apreendidos; exigiam pagamento de “diárias” para hospedagem de presos no alojamento da delegacia e, ainda, pagamentos mensais sob a condição de decidir sobre procedimentos criminais em trâmite na unidade policial.
O empresário em questão é Antônio Jorge Silva Oliveira, foi um dos alvos da Polícia Federal, Operação Hermes II, suspeito de envolvimento no comércio e uso ilegal de mercúrio em garimpos nas áreas que compõem a Amazônia. No dia da prisão, a PF cumpria mandados de busca e apreensão contra o investigado, momento em que encontraram uma arma de fogo sem registro entre seus pertences.
Diante disso, ele foi conduzido em flagrante à delegacia. No documento foi revelado que, por meio de escutas ambientais, o delegado teria dito ao advogado Gefferson Cavalcanti Paixão, que mantinha seu cliente, Antônio, em um “alojamento exclusivo para policiais plantonistas”.
Vida de luxo- O delegado Geordan Fontenelle titular da Delegacia de Peixoto de Azevedo, alvo da Operação Diaphthora, ostenta vida de luxo nas redes sociais. No Instagram, ele compartilha diversas em viagens internacionais. Geordan é visto em um bar do Egito’, segundo a legenda da imagem. Na foto, ele está fumando narguilé em um ‘look’ despojado. Em outra publicação, o delegado aparece visitando as pirâmides de Gizé, também no país egípcio. E também em cidades nos Estados Unidos.
L200- Na decisão em que foi decretada a prisão do delegado Geordan Fontenelle, e do investigador de polícia Marcos Paulo Angeli, é citado que Fontenelle recebeu uma caminhonete L200 do sobrinho do ex-governador Silval Barbosa. O veículo teria sido parte do pagamento de propina à autoridade policial da Delegacia de Peixoto de Azevedo.
A juíza Paula Tathiana Pinheiro, da 2ª Vara de Peixoto de Azevedo, que expediu os mandados, citou que a representação da Corregedoria da Polícia Civil faz menção a um inquérito policial cujo envolvido é o ex-governador Silval Barbosa. O Núcleo de Inteligência da polícia verificou que o sobrinho de Silval, Antônio da Cunha Barbosa Neto, esteve na delegacia onde Geordan atuava e deixou uma mochila preta lá.
“Esteve na Delegacia de Polícia, portando uma mochila preta, entretanto, ao deixar a unidade, já não mais a carregava consigo. Tempos depois o representado DPC Geordan chegou à Delegacia dirigindo uma camionete Mistubishi MMC/L200 Triton Savana que ainda estava em nome de Antônio da Cunha.
Contudo, no dia 17/10/2022, houve a comunicação de venda e a transferência de propriedade desse veículo para Letícia Cristina de Souza Araújo, esposa do DPC Geordan”. Com base nisso a Corregedoria concluiu que o veículo foi transferido como parte do pagamento de propina ao delegado.