Tainá Heizmann
Uma palavra que está em evidência no momento é inteligência. E não sem uma forte razão. Ela designa a faculdade de conhecermos, compreendermos e aprendermos, dando-nos habilidade de resolver problemas, conflitos e nos adaptarmos às situações, sejam elas quais forem. E a tecnologia tem sido empregada para potencializar essa capacidade, multiplicando exponencialmente as possibilidades. Como vem ocorrendo com a tão comentada Inteligência Artificial (IA).
Por mais que a IA tenha avançado, com resultados surpreendentes, quando falamos em decisões, em análises de mercado e de conjuntura econômica, ela ainda não consegue reproduzir as habilidades cognitivas da mente humana, que a permitem entender e adaptar-se a situações novas e complexas. Isso é algo cada vez mais importante no mundo corporativo atual, onde é preciso ser rápido e assertivo, sob pena de perder importantes oportunidades.
A boa notícia é que as duas podem – e devem – trabalhar juntas a fim de ampliar esse poder de análise e antecipação de cenários. É aí que entra um importante reforço, a Inteligência de Dados. Se antes as decisões eram baseadas na experiência e na intuição, agora elas ganham um novo e poderoso aliado que será determinante no êxito ou não do negócio. Levantamentos de consultorias de renome têm mostrado que essa combinação pode ser responsável por um aumento considerável nas chances de acerto, com exemplos claros de redução de despesas e aumento nos lucros.
Isso é algo cada vez mais importante no mundo corporativo atual, onde é preciso ser rápido e assertivo, sob pena de perder importantes oportunidades
Não por menos, especialistas têm apontado os dados como responsáveis por uma nova revolução, como a industrial que ocorreu há alguns séculos. Enquanto a energia e o petróleo foram essenciais para o desenvolvimento das indústrias e da sociedade, a informação adquire esse papel na contemporaneidade.
“Dados são o novo petróleo”, afirmou o matemático londrino Clive Humby. Essa nova revolução chega então como uma imprescindível aliada para outra ação revolucionária, o Cooperativismo, que nasceu da iniciativa de 28 tecelões de Rochdale, na Inglaterra, em 1844. Esse sistema cresceu tanto e se estabeleceu de tal forma na economia e na vida das pessoas que já não é mais possível atuar isoladamente, por mais que os objetivos sejam gerar benefícios para a coletividade na qual a cooperativa esteja inserida. A grande quantidade de informações sobre o setor cresceu exponencialmente, tornando impossível que as coops consigam absorver e digeri-las para utilizar em seu proveito.
Assim como o “ouro negro” precisa ser refinado para poder ser utilizado, os dados também precisam passar por esse processo. Trata-se de um universo vasto de informações e é preciso que haja um esforço de curadoria com o objetivo de organizar, analisar, gerenciar e divulgá-las. É nesse ponto que entram aliados importantes como os chamados “observatórios”, como o que possui o setor industrial brasileiro. Eles têm objetivo de captar, analisar, cruzar informações e entregar análises, relatórios e soluções valiosos.
A Inteligência de Dados se apresenta, portanto, como futuro também para o Cooperativismo, na medida em que pode ajudar a dar escala ao negócio e aumentar tanto a produtividade como a eficiência das coops. Neste caso, ela traz consigo um “plus”, que é a essência desse sistema, onde a busca é pela promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades, de maneira sustentável e equilibrada.
O mundo está cada vez mais digital e orientado para dados. As organizações que não adotarem essa inteligência para tomadas de decisão ficarão para traz. Para as cooperativas, que valorizam a participação democrática e eficiência coletiva, o uso de dados pode amplificar suas características. Será a união de um modelo econômico tradicional nascido no século 19 com as mais novas tendências para agregar ainda mais valor e garantir o crescimento competitivo. Estamos em um caminho sem volta e o cooperativismo deve participar dessa tendência.
Tainá Heizmann Gerente Geral da OCB/MT