Jornal Mato Grosso do Norte
osé Vieira do Nascimento
Editor de Mato Grosso do Norte
Apesar de ainda se posicionar como pré-candidato a prefeito de Alta Floresta, o vereador Dida Pires (PPS) deixa transparecer que dificilmente conseguirá emplacar uma candidatura majoritária nesta eleição. À Mato Grosso do Norte, o parlamentar, que está no quarto mandato, disse que só sai se conseguir construir uma aliança com o PSDB e com o DEM.
Ele disse que tem priorizado as conversas com o PSDB, mas também está dialogando com as demais siglas, como o PSD. “Só serei candidato com os partidos aliados do governo. Sozinho não posso ir”, pondera.
Para ele, o PSDB tem um papel protagonista [mesmo sem ter candidato a prefeito] nesta eleição e seria o partido mais importante para uma composição com o PPS. Entretanto, reconhece que os tucanos estão mais propensos a se juntarem com o PDT de Maria Izaura, do que com ele.
“Nas conversas de bastidores, tenho percebido que o PSDB está mais lá com a Izaura do que comigo. Por outro lado, a conversa não tem progredido. Uma hora eles falam que não tem como enfrentar a Maria Izaura e em outras ocasiões falam que vão lançar o Chico Gamba a prefeito”, diz o vereador.
O mais provável é que Dida Pires, mesmo sem saber ainda em que palanque o PPS estará na campanha eleitoral, irá buscar seu quinto mandato consecutivo de vereador. Mesmo sendo um veterano na política do município, ele reclama que os caciques não abrem espaços para as novas lideranças crescerem.
“Quem tem projeto político não pode ficar de fora do processo. Se não for a prefeito, vou a vereador. Minha hora vai chegar”, profetiza.
Renovação- Para o parlamentar, as candidaturas dos vereadores que estão na Câmara há vários mandatos, não impedem a renovação na representatividade do poder Legislativo. “Sempre há renovação. No meu caso, sempre fui eleito com votação expressiva. Se sou reeleito é porque tenho serviço prestado e independência no mandato. Tenho um trabalho na área social em que já atendi a mais de mil famílias junto à Previdência. É um trabalho sério e importante que faço com recursos próprios. Por outro lado, estou todos esses anos na Câmara e não tenho nenhum processo”, frisa.
Campanhas caras- Na avaliação de Dida Pires, a Operação Lava Jato e o fim da reeleição podem resultar em mudanças e favorecer o surgimento de lideranças novas no cenário político.
Conforme ele, a corrupção que paira nos governos estaduais e federal e no Congresso Nacional, também está inserida nas prefeituras, beneficiando à reeleição dos prefeitos.
“Os prefeitos sentam nas cadeiras e não querem mais sair. São favorecidos em contratos com empreiteiras, que bancam suas campanhas. Mas estas renovações feitas na Legislação eleitoral, com campanhas de 45 dias e uma fiscalização mais rígida, vai ajudar na eleição de lideranças novas, porque as campanhas serão mais econômicas”, analisa.
As campanhas milionárias, conforme Dida Pires, praticamente aniquilam os candidatos que não dispõem de recursos financeiros. “Em Alta Floresta um candidato a prefeito gasta R$ 2 milhões para se eleger e às vezes, até mais. Na eleição disputada entre o Romoaldo e a Maria Izaura em 2008, foi a campanha mais cara da história de Alta Floresta. E quem gasta muito para se eleger vai querer recuperar o dinheiro”, enfatiza.
Mandato difícil- Com a crise econômica que o país está passando, Dida Pires prevê um mandato difícil para o próximo prefeito de Alta Floresta. De acordo com ele, será preciso tomar medidas austeras de contenção de gastos e enxugamento da máquina.
A crise no governo federal e estadual afetará as prefeituras e haverá queda nos repasses de FPM e ICMS.
Em Alta Floresta, a situação pode ser ainda mais grave porque a folha de funcionários está inchada e a cidade cresceu em número de habitantes, mas a receita não acompanhou. “O município vem sendo prejudicado pelo IBGE, que não reconhece seu crescimento populacional. Por outro lado, a máquina terá que ser mantida com os recursos constitucionais. Recursos de emendas, serão poucos. O prefeito terá que acabar com 50% das secretarias e cortar cargos comissionados. Caso contrário não conseguirá administrar”, observa.
“O prefeito que assumir a prefeitura deve trabalhar para resolver os problemas e esquecer de ficar culpando o seu antecessor, olhando para o passado. Quem casa com a viúva tem que cuidar dos filhos”, conclui Dida Pires.