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Política Quarta-feira, 30 de Agosto de 2017, 00:00 - A | A

30 de Agosto de 2017, 00h:00 - A | A

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Riva tentou simular atentado para culpar desafetos



O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Riva é acusado de ter planejado simular um atentado contra ele mesmo para incriminar falsamente o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e também os deputados Mauro Savi (PSB), Guilherme Maluf (PSDB) e Gilmar Fabris (PSD). Ele teria ordenado que, se preciso fosse, o motorista dele poderia ser morto na armação. O atentado só não foi consumado porque o "capanga" contratado para realizar o serviço conhecia Savi e revelou a ele a armação planejada por Riva.

A acusação consta na delação premiada do empresário Antônio da Cunha Barbosa Filho, irmão do ex-governador, que foi firmada junto ao Ministério Público Federal (MPF) e homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O delator apresentou uma gravação em áudio de uma conversa dele com o deputado estadual Mauro Savi, além de mensagens que ele recebeu pelo WhatsApp cujo teor revelam uma possível ameaça contra sua vida.

Conforme Toninho Barbosa, como é conhecido, em abril deste ano, ele foi chamado por Mauro Savi até o apartamento do deputado, localizado no bairro Santa Rosa, em Cuiabá.

Eles se encontraram em frente ao prédio e de lá subiram para o apartamento de Savi, que foi direto ao assunto, dizendo que tinha recebido uma mensagem via celular de uma pessoa que não se apresentou, mas relatou que tinha um amigo em comum com o parlamentar e que, no passado, Savi o teria ajudado por meio de um advogado que o tirou da cadeia.

O remetente das mensagens afirmou que havia recebido uma encomenda do ex-deputado José Riva para simular um atentado contra ele mesmo. Metade do valor já até teria sido pago, segundo o anônimo.

Conforme o remetente, José Riva teria dito que se fosse preciso, era para matar o motorista e jogar a culpa do atentado em Silval Barbosa e seu irmão Toninho, além dos deputados Mauro

Segundo Toninho, Mauro Savi lhe contou que procurou o governador Pedro Taques (PSDB) e narrou a ele toda a história. A atitude de Taques teria sido a de chamar o secretário de Segurança Pública e determinar que “grampeasse, fechasse o cerco e botasse gente para seguir o Riva”.

A conversa com Mauro Savi gravada, segundo Toninho Barbosa, com a finalidade de alertá-lo de que José Riva estaria “armando” contra eles. Mas ele conta que o deputado lhe contou o caso como se fosse algo já superado, pois o Estado já havia tomado providências.

Já na noite do dia 24 de maio deste ano, Toninho Barbosa afirma que recebeu mensagens de WhatsApp de uma pessoa não identificada, que encaminhou para ele alguns prints de conversas com uma pessoa chamada de “Markim” e um terceiro não identificado. A conversa capturada em imagens tratava sobre a ordem de “passar fogo” em algum sujeito.

Em seguida, o anônimo enviou a seguinte mensagem: “Olha a foto e veja quem é, se é dos seus” e, logo em seguida, enviou uma foto do próprio Antônio Barbosa, uma imagem que ele usou como sua foto de perfil no WhatsApp por algum tempo.

Em conversa com o interlocutor anônimo, Toninho Barbosa questionou quem teria mandado “passar fogo” e a pessoa respondeu que era o “Riva”. O interlocutor também teria falado que repassou os mesmos prints para um amigo de Toninho, que seria deputado. Ele perguntou se esse amigo seria de Sorriso, pois imaginou que se tratasse de Mauro Savi e o interlocutor confirmou dizendo: “É”.

Na noite seguinte, o mesmo anônimo, que Toninho salvou em seus contatos como “Ameaça”, entrou novamente em contato questionando se o irmão de Silval Barbosa teria conseguido “levantar alguma coisa” sobre o que havia informado.

Em seguida, também relatou a Toninho Barbosa que "ele contratou um serviço e quis dar um tombo e aí deu um rolo e aí a turma sai fora, porém pode ser que ele contrate outros desconhecidos", avisou, dizendo que não havia aceitado executar o serviço, mas que o contratante Riva poderia pagar outros para fazer o atentado. 

Ele tá desesperado e capaz de fazer qualquer coisa só não entendi o porque do seu nome na lista que tive acesso", teria dito o anônimo a Toninho.

No dia 26 de maio deste ano, às 11h35, o mesmo interlocutor não identificado encaminhou outros prints para o irmão do ex-governador, imagens de conversas de WhatsApp travadas entre um contato denominado “José Riva” e um desconhecido, em que Riva diz ao interlocutor:

Riva: “Preciso conversar com todos vocês”. 
E o interlocutor responde: “Conversar o que Riva”
Riva: Precisamos conversar sobre o ex-governador e seu irmão e o Mauro e preciso antes dele sair da cadeia”.

O interlocutor questiona: “É sobre aquele assunto”. “Perfeitamente estamos aguardando ao seu sim”

Conforme a delação, a conversa entre o suposto Riva e o anônimo seguiu ajustando que um chamado “Ricardinho” estaria pronto para atuar. O interlocutor dizia que estava apenas aguardando a ordem, com linguajar de rádio como “estamos em QAP” e fazendo menção à armas, dizendo que tinha pistolas dos calibres ponto 40 e 380.

O contato identificado como “Riva” teria dito ainda que “já conversei com o promotor e está tudo acertado”. Tendo o pistoleiro anônimo respondido: “Fechado”. Este também teria perguntado se era “pra sentar chumbo nele”, se referindo ao Antônio Barbosa, acrescentando que tinha uma relação de todos os lugares que ele e a família frequentavam.

Em resposta, “Riva” teria dito que “se ele desconfiar acerta ele se não depois será mais dificil". Em seguida, teria dito que o mesmo valia pra o “Mauro”, ou seja, provavelmente se referindo ao deputado Mauro Savi.

Ao final da conversa, o interlocutor identificado por Toninho como “Ameaça” mandou mais um print contendo dados do contato identificado como José Riva.

No mesmo dia, já de noite, Antônio Barbosa prestou depoimento à procuradora da República, Vanessa Zago, e contou todo o caso à ela, dizendo que temia por sua vida e de sua família, principalmente pelo irmão Silval Barbosa, que à época ainda estava preso no centro de Custódia da Capital (CCC) e cuja delação premiada já era especulada pela imprensa.

Segundo Toninho, por ter sido governador, vice-governador, presidente e primeiro secretário da Assembleia Legislativa, teria conhecimento da estrutura do Executivo e do Legislativo no Estado, ou seja “sabe demais” e que por isso temia pela sua vida.

Outro lado

Na manhã desta quarta-feira (30), o governador Pedro Taques confirmou ter sido procurado pelo deputado Mauro Savi e que determinou, na mesma hora, ao secretário de Segurança Pública Rogers Jarbas que apurasse o caso. Segundo Taques, é Rogers quem tem detalhes sobre as investigações. A reportagem entrou em contato com a assessoria de Mauro Savi e aguarda o posicionamento do parlamentar.

Por meio de sua assessoria de imprensa e jurídica, o ex-deputado José Riva emitiu nota negando a acusação de atentar contra a integridade física e moral de qualquer pessoa. Afirmou que chegou a receber propostas desse tipo, mas que encaminhou tudo para o Ministério Público Estadual (MPE), que investiga o caso.

Veja a nota na íntegra

“Em virtude da matéria jornalística veiculada pela mídia local acerca de eventuais ilicitudes praticadas contra a vida de terceiros, a defesa de José Riva vem a público esclarecer que a integralidade de todas as conversas mantidas por meio do aplicativo Whatsapp, notadamente daquelas em que lhe foram oferecidos serviços escusos e ilegais, foram entregues em tempo real às autoridades e são objeto de investigação sigilosa por parte do Ministério Público de Mato Grosso. De toda sorte, em benéfico da ênfase, esclarece que jamais manteve qualquer tipo de contato com terceiros que envolvesse a integridade física ou moral de qualquer pessoa, nem mesmo através de ação controlada pelos órgãos investigativos do Estado do Mato Grosso".

Rodrigo Mudrovisch, advogado de defesa de José Riva  (Informações Gazeta Digital)

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