O vazio sanitário, em que se proíbe o plantio de soja em um período da entressafra que varia de 60 a 90 dias, adotado em 12 estados e no Distrito Federal, tem-se revelado uma ação de grande importância no combate à ferrugem asiática, um dos principais problemas da sojicultora e responsável por pelo menos três aplicações de fungicidas. Em regiões onde foram registrados níveis epidêmicos da doença, os danos chegam até 90% da produção da soja.
A medida tem o objetivo de prevenir, controlar e auxiliar na erradicação da doença, que é provocada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O fungo só sobrevive e se multiplica em plantas vivas e essa estratégia tem como objetivo reduzir o inóculo do fungo durante a entressafra em razão da ausência de hospedeiro. O resultado esperado é o atraso nas primeiras ocorrências de ferrugem na safra, diminuindo a possibilidade de ocorrência da doença no período vegetativo e, consequentemente, podendo reduzir o número de aplicações de fungicidas necessárias para o controle.
O calendário do vazio sanitário varia entre os estados. Os primeiros a adotarem o vazio sanitário são Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná, de 15 de junho a 15 de setembro. Em Goiás e no Distrito Federal, o vazio sanitário ocorre de 01 de julho a 30 de setembro. Durante o vazio sanitário, os produtores, além de não cultivarem o grão, devem eliminar a soja voluntária ou tiguera (plantas originárias dos grãos caídos no solo durante a colheita).
Doença - considerada uma das doenças mais severas que incidem na soja, a ferrugem asiática pode ocorrer em qualquer estádio fenológico da cultura. O principal dano ocasionado pela ferrugem é a desfolha precoce, que impede a completa formação dos grãos, com consequente redução da produtividade. Os primeiros sintomas da ferrugem se iniciam pelo terço inferior da planta e aparecem como minúsculas pontuações (no máximo 01 mm de diâmetro) mais escuras que o tecido sadio da folha, com coloração esverdeada a cinza-esverdeada.
Manejo - o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da soja é muito importante para que o produtor possa iniciar o controle químico com fungicidas logo após o aparecimento dos primeiros sintomas ou preventivamente. O controle preventivo deve levar em conta os fatores necessários à ocorrência da ferrugem (presença do fungo na região, idade da planta e condição climática favorável), a logística de aplicação (disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade), a presença de outras doenças e o custo do controle.
Dentro do manejo de doenças, conforme ressalta o pesquisador Sussel, é importante que se faça a rotação de fungicidas, alterando o princípio ativo do fungicida aplicado a cada pulverização. Desta forma consegue-se preservar a eficiência dos fungicidas por um número maior de safras, se reduz o surgimento de resistência do fungo às moléculas e fica garantido um manejo químico mais efetivo. Esta prática deve ser adotada por todos produtores de soja para a manutenção do manejo sustentável da ferrugem da soja, com menor impacto financeiro e ambiental.
A decisão do momento da aplicação do fungicida é técnica e passa pela avaliação das condições climáticas, da presença do fungo na região, além de outros fatores. A escolha do produto tem relação com a forma de aplicação e o tamanho da lavoura.