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26 de Fevereiro de 2025, 09h:15 - A | A

+Saúde / Gripe aviária

Há risco para humanos?

O vírus da gripe aviária H5N1, particularmente uma variante chamada 2.3.4.4b, vem se espalhando progressivamente pelo mundo, desde 2021



Ao longo de 2024 a mídia veiculou diversas reportagens evidenciando a preocupação com a gripe aviária, ocasionada pelo vírus H5N1 (bit.ly/4jeb09F). Apenas nos EUA, foram registrados 66 casos de humanos infectados com gripe aviária, com um caso fatal, de um homem de 65 anos com histórico de problemas de saúde, e que foi exposto a uma combinação de aves domésticas e pássaros selvagens, segundo o Center for Disease Control and Prevention CDC) dos EUA.

O risco potencial do H5N1 inclui-se no contexto de que as pandemias são raras, mas não impossíveis. De toda a maneira, a história recente com a Covid 19 mostrou o quanto uma pandemia pode ser devastadora.

O vírus da gripe aviária H5N1, particularmente uma variante chamada 2.3.4.4b, vem se espalhando progressivamente pelo mundo, desde 2021. O vírus evoluiu para se tornar capaz de infectar uma diversidade de espécies de aves, mamíferos marinhos, gado e até mesmo, ocasionalmente, humanos.

Em todos os EUA, quase mil rebanhos leiteiros foram infectados e mais de 130 milhões de aves foram sacrificadas porque, sempre que a infecção é detectada em aves, todo o rebanho precisa ser sacrificado. Na Califórnia, após a identificação de três rebanhos infectados no final de agosto, as autoridades encontraram o vírus em mais de 70% das 984 fazendas leiteiras do estado, levando o governo estadual a declarar emergência sanitária na semana do Natal de 2024.

Infecção humana - O H5N1 gerou alarmes pela primeira vez em 1997, quando infectou 18 pessoas em Hong Kong, ocasionando seis óbitos. Desde então, esse vírus tem frequentado listas de potencialidade pandêmica, conforme foram sendo descobertas novas mutações que, eventualmente, poderiam gerar um subtipo que se espalharia mais eficientemente entre humanos.

Essas mutações envolvem mudanças em dois componentes virais: a RNA polimerase, uma enzima que replica o genoma do vírus; e a hemaglutinina, a proteína que permite que o vírus se fixe nas células hospedeiras.

Os vírus da gripe aviária do Tipo A normalmente não infectam pessoas, mas casos raros de infecção humana ocorreram com alguns vírus da gripe aviária. As doenças em humanos por infecções pelo vírus da gripe aviária variaram em gravidade, desde assintomática, passando por sintomatologia leve (como infecção ocular, sintomas respiratórios superiores) até doença grave (por exemplo, pneumonia), que pode levar à óbito.

De acordo como CDC, as infecções humanas ocorreram após contato próximo ou prolongado com pássaros infectados, ou com locais que pássaros doentes ou sua saliva, muco e fezes estão presentes, sem que o indivíduo estivesse devidamente protegido, usando luvas, proteção respiratória e ocular. Muito raramente, infecções humanas com vírus da gripe aviária aconteceram por meio de um animal intermediário, como gatos, cachorros ou gado.

A princípio, pessoas que vivem ou trabalham no campo têm maior probabilidade de serem expostas a situações de risco. Mas, ao menos dois casos nos Estados Unidos envolveram pacientes sem exposição conhecida a animais, aumentando as preocupações de que uma pandemia, marcada pela transmissão de humano para humano, seja possível. Embora até o momento nenhuma transmissão deste tipo tenha sido documentada, estudos genéticos recentes revelam que o vírus pode estar mais perto de atingir o potencial pandêmico do que se pensava anteriormente. Isso seria extremamente perigoso, dado que infecções de humanos por variantes anteriores causaram até 30% de mortalidade.

Contágio e sintomas - Infecções humanas com vírus da gripe aviária podem acontecer quando o vírus entra nos olhos, nariz ou boca de uma pessoa, ou é inalado.

Seis subtipos principais de vírus da gripe aviária infectaram pessoas e causaram doenças respiratórias agudas (vírus H3, H5, H6, H7, H9 e H10). Entre estes, os vírus H5N1 e H7N9 causaram a maioria das infecções em pessoas.

Os sintomas - vermelhidão ocular (conjuntivite); sintomas respiratórios superiores leves, semelhantes aos da gripe; pneumonia; febre superior a 37,8ºC, embora nem sempre a febre se manifeste; tosse; dor de garganta; nariz escorrendo ou entupido; dores musculares ou no corpo; dores de cabeça; fadiga; falta de ar ou dificuldade para respirar; sintomas menos comuns incluem diarreia, náusea, vômito ou convulsões.

(Por Décio Luiz Gazzoni, engenheiro agrônomo, membro do Conselho Científico Agro Sustentável e da Academia Brasileira de Ciência Agronômica)

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