O "Relógio do Apocalipse", símbolo da iminência de um cataclisma planetário desde 1947, foi ajustado nesta terça-feira (28) para marcar 89 segundos para a meia-noite, mais perto do que nunca do fatídico gongo final. O anúncio foi feito pelo "Bulletin of the Atomic Scientists", um grupo de cientistas responsáveis por esse projeto simbólico.
De acordo com o novo horário, a ameaça de uma catástrofe global está mais iminente do que nunca. Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia e líder do grupo "The Elders" - que trabalha na prevenção e resolução de conflitos - destacou a gravidade da situação: "O relógio está mais próximo da catástrofe do que nunca em sua história", afirmou em uma coletiva de imprensa em Washington.
O novo ajuste ocorre em um contexto de intensificação das ameaças globais, como as mudanças climáticas, o temor de um ataque nuclear e a desinformação. Santos sublinhou a necessidade de unidade e liderança ousada para reverter essa situação. A urgência é ainda mais evidente após a posse de Donald Trump, que, segundo especialistas, desestabilizou normas internacionais de cooperação.
Crise climática
Santos reconheceu as promessas do novo presidente americano de buscar diplomacia com Rússia e China, mas criticou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima e da Organização Mundial da Saúde. "A crise climática se agrava", alertaram os especialistas, após mais um ano de recordes de temperaturas elevadas.
O ex-presidente colombiano também fez um apelo para ações urgentes contra a desinformação e as teorias da conspiração, que se espalham rapidamente no mundo hiperconectado. "Essa crescente desconfiança é alimentada principalmente pelo uso imprudente de novas tecnologias que ainda não compreendemos completamente", disse Santos.
Ajuste do relógio
A última modificação no relógio ocorreu há dois anos, quando ele foi adiantado em 10 segundos, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022.
Criado em 1947, o "Relógio do Apocalipse" - também chamado de "relógio do fim do mundo" - inicialmente refletia o medo do perigo nuclear durante a Guerra Fria, com o ajuste original marcando sete minutos para a meia-noite.