Sexta-feira, 18 de Abril de 2025

Artigo Sexta-feira, 21 de Março de 2025, 09:24 - A | A

21 de Março de 2025, 09h:24 - A | A

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O que dizer dos crimes bárbaros?

Vale lembrar que nem sempre crimes bárbaros que acontecem na sociedade, podem ter relação com doença mental



Diante de acontecimentos bárbaros, crimes hediondos, com requintes de crueldade como da jovem Emelly é muito comum dizer que só pode ser louco, que tem doença mental ou que tem problema de cabeça. Mas, não. Isso não é verdade!

Na psiquiatria as pessoas podem ser neuróticas, psicóticas e psicopatas. É preciso fazer uma diferenciação entre eles:

Neuróticos, grande parte da humanidade é de alguma forma. Pois envolve os transtornos mais comuns como, por exemplo, os transtornos ansiosos. A ansiedade é algo bom e normal quando não está afetando nossa qualidade de vida, passa a ser doença e precisa de ajuda quando afeta a cognição, o trabalho, os relacionamentos, o sono, a produtividade, o aprendizado, quando se apresenta frequentemente na rotina da pessoa interferindo em suas funções e prejudicando-as.

Psicóticos são aqueles transtornos que cursam com quadros delirantes, alucinatórios, onde a mente cria como uma verdade e tira a pessoa da realidade, deixando-a sem juízo crítico, sem insight da doença, ou seja, sem noção do que é real ou imaginário pode ocorrer no transtorno afetivo bipolar em fase de mania, ou podendo ouvir vozes de comando que a pessoa obedece, como, por exemplo, a esquizofrenia, transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos, alguns tipos de drogas e outros transtornos psicóticos.

Psicopatas são pessoas que trazem consigo uma capacidade de prejudicar, de fazer o mal, de tirar proveito a qualquer custo, sem nenhuma empatia, compaixão ou dó, com prejuízo na área do afeto, mas aparenta ser uma pessoa normal.

Conquistador, amigo e usa de várias artimanhas para atrair suas vítimas. É muito mais comum do que se imagina, se a pessoa olhar ao redor vai reconhecer em alguém esse perfil de manipulador, conquistador, tipo um “Dom Ruan”. No trabalho parece ser a pessoa mais legal, brincalhona, risonha, porém não mede esforços para subir a qualquer custo, puxando o tapete, pisando na cabeça.

Serial killer é um psicopata que pratica crimes bárbaros, geralmente repetem o mesmo padrão, é menos comum e são as pessoas literalmente cruéis, que não podem viver em sociedade. Para eles matar uma pessoa esmagando, esquartejando é como matar uma barata pisando nela, não tem diferença! Psicopatia não tem tratamento, não é uma doença, é uma forma de ser! Não existe um remédio que faça as pessoas sentirem amor, compaixão, empatia, isso é intrínseco ao ser.

Vale lembrar que nem sempre crimes bárbaros que acontecem na sociedade, podem ter relação com doença mental. Em alguns casos, trata-se de pessoas cruéis, não podemos fazer essa relação e nem deixar a sociedade pensar assim.

A diferença é que um paciente em surto psicótico pode matar ou atentar contra a própria vida

Porém, nesses casos, as pessoas geralmente agem por impulso, ou demonstram sinais de que estão com pensamentos fora da realidade, comportamentos de agitação e agressividade, as pessoas ao redor notam alterações no comportamento, pensamentos e sensopercepção (falas sem nexo) desses pacientes com sintomas psicóticos.

Existem, sim, pessoas cruéis que não tem doença mental. Nem tudo é caso de psiquiatria. Às vezes é caso de cadeia mesmo, por isso ABP-Associação Brasileira de Psiquiatria foi contra a extinção dos manicômios judiciários dentro dos presídios que foi uma norma instituída pelo CNJ- Conselho Nacional de Justiça n°487/2023, liberando mais de 5.000 criminosos, psicopatas que cometeram esses tipos de crimes bárbaros.

Olicélia Poncioni - Médica psiquiatra- CRM 2845 RQE 2862 - Título de especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria e Associação Médica Brasileira

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