Reportagem
Mato Grosso do Norte
Dia Mundial da Água foi criado pelas Nações Unidas em 1992 para colocar em discussão questões fundamentais relacionadas com a conservação e o compartilhamento dos recursos hídricos.
A Onu, a cada ano, escolhe um tema diferente para destacar a importância da água para a preservação das espécies, incluindo os humanos. Neste ano de 2024 o tema é: "Água para a paz".
"Quando a água é escassa ou poluída, ou quando as pessoas têm acesso desigual ou não têm acesso a ela, as tensões entre comunidades e países podem aumentar", justifica a Onu.
Ainda segundo a Onu, à medida que os impactos das alterações climáticas aumentam e as populações crescem, a necessidade de proteger e conservar este recurso tornar-se-á mais premente, porque a sua capacidade de gerar tensões aumentará, entre países como entre as populações.
No nosso planeta, dois mil milhões de pessoas [26% da população] não têm acesso a água potável segura e 3,6 mil milhões [46%] não têm acesso a saneamento gerido de forma segura, de acordo com um Unesco de 2023.
Este recurso, apesar de vital, não está assegurado; precisa de ser conservado e protegido sob a perspectiva de que não é um recurso pelo qual competir, mas um direito humano.
Prevê-se que estas carências se agravem nos próximos anos, com as alterações climáticas. Embora 70% da superfície da Terra esteja coberta por água, estima-se que apenas 0,5% seja utilizável e esteja disponível. Estudos apontam que 12% de toda a água doce do planeta estão em território brasileiro, distribuídos por nossos rios, aquíferos e lençóis freáticos.
Segundo a publicação, a disponibilidade hídrica pode cair até 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040
Problemas de escassez de água vêm sendo registrados em todas as regiões do Brasil, principalmente no Nordeste e no Sudeste do país. No entanto, em 2023, a região Norte, nos Estado do Pará e Amazonas, milhares de pessoas, principalmente ribeirinhos, sofreram com um longo período de estiagem.
A escassez de chuvas provocou enorme baixa no volume de águas dos rios. Faltaram não apenas água, mas também comida e muitas localidades ficaram isoladas.
De acordo com diversos estudos, os recursos hídricos do Brasil passam por grandes impactos negativos, que, caso não sejam freados, as consequências podem ser de catástrofes nas próximas décadas.
A ANA – Agência Nacional da Água- lançou o estudo Impacto da Mudança do Clima nos Recursos Hídricos do Brasil. Essa publicação indica um cenário com tendência de redução na disponibilidade de água para quase todo o País, incluindo grandes centros urbanos e regiões importantes para produção agrícola, como a bacia do rio São Francisco, considerando cenários de curto, médio e logo prazo. Os períodos iniciados em 2015 até 2040, de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100.
Segundo a publicação, a disponibilidade hídrica pode cair até 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040. Com essa redução, existe uma tendência de aumento do número de trechos de rios intermitentes (que secam temporariamente) especialmente na região Nordeste.
Essas situações demandam preparação e podem afetar a geração hidrelétrica, a agricultura e o abastecimento de água nas cidades.
Por outro lado, o Sul possui uma tendência de aumento da disponibilidade hídrica em até 5% até 2040, mas com uma maior imprevisibilidade e um aumento da frequência de cheias e inundações, como vem ocorrendo na região nos últimos anos.
