por Esaú Ponce
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
Sem medo de errar, a nova geração do Kicks é o lançamento mais importante da Nissan mundialmente este ano. E certamente será um produto importante para marca no Brasil em 2025, quando passará a ser produzido em Resende, no Sul Fluminense – o modelo já roda em teste por ruas e estradas nacionais. A chegada da Nissan nesse inédito segmento de SUVs médios-compactos é feito de forma ambiciosa e com bons argumentos para ganhar destaque. Na verdade, essa nova geração não chega com a intenção de manter o sucesso de sua antecessora, mas, pelo contrário, chega com a missão de escrever uma história própria.
A avaliação do novo Kicks 2025 no foi feito ao Sul de Tijuana, na Baixa California, local escolhido pela Nissan para mostrar seu mais novo modelo feito no México. A classificação de lançamento ambicioso se justifica em vários pontos. A começar pelo design, que é bastante disruptivo em relação ao atual estilo da marca, o chamado Emotional Geometry Design. Além do nome, essa nova geração não compartilha absolutamente nada com o modelo feito hoje no Brasil, que, aliás, continuará sendo vendido por tempo indeterminado – no México, será rebatizado como Kicks Play.
Concebido na Nissan Design America, localizada em San Diego, Califórnia, as linhas deste crossover são obra de Ken Lee e Marcus Quach, que se inspiraram em acessórios esportivos para o exterior. Por exemplo, o contorno e a frente fazem referência a um capacete de futebol americano, enquanto as partes inferiores trazem texturas baseadas no calçado desportivo Sneaker. Na traseira, um dos pontos altos do modelo, faz referência direta ao crossover elétrico Ariya.
O resultado é uma imagem mais atlética e robusta. O modelo casa muito bem com a opção de dois tons na carroceria, a Nissan ainda camuflou na carroceria vários “easter eggs”. Entre esses detalhes ocultos está o nome Kicks impresso não só em locais convencionais, mas também nos espelhos retrovisores, na grossa coluna traseira, nas portas e também na tampa plástica do motor. As rodas de tendência aerodinâmica podem ter até 19 polegadas, dependendo da versão – são quatro: Sense, Advance, Exclusive e Platinum.
Ao contrário do modelo anterior, esta nova geração já considera o consumidor americano desde a sua concepção. E isso fica evidente só de olhar para as novas medidas do Kicks. No comprimento, ele se estende a 4.37, metros, um ganho de 6 cm em relação à geração anterior. A distância entre eixos foi esticada em 5 cm para atingir 2,66 m. Cresceu ainda 3 cm na altura, com 1,62 m, e 4 cm na largura, com 1,80 m. Obviamente, tudo isso se traduz em uma cabine melhor, ao mesmo tempo em que a capacidade do porta-malas foi aumentada para 850 litros, o que representa um ganho de 20%.
O interior, sem dúvida, é uma das áreas que mais se beneficiou dessas novas medidas. A começar pelo conjunto de telas, no que é definido pela marca como Monolith Display, que consiste em duas telas de 12,3 polegadas integradas em uma mesma moldura, sendo uma para o painel de instrumentos e outras para a central multimídia. É bom destacar que, finalmente, a Nissan adotou no Kicks um sistema capaz de fazer espelhamento sem fio de Apple CarPlay e Android Auto. O modelo conta ainda com carregador por indução. O modelo vendido no México traz ainda um novo teto panorâmico com 80 cm de comprimento e manteve o sistema de áudio da Bose. Tudo isso presente na unidade de teste, da versão Platinum.
Onde também houve uma melhoria abismal foi na especificação de materiais, nos acabamentos e, claro, na percepção de qualidade. Agora existem plásticos de dois tons em uma combinação de preto e branco. À frente, há aplicativos em preto piano e detalhes em cromo. Isso sem esquecer as superfícies macias do painel ou das portas. Os bancos são forrados em couro sintético e destacam a superfície do painel revestida em tecido. Um toque casual, mas elegante, que lembra a Peugeot. Aliás, a Nissan também fez um esforço para melhorar o isolamento acústico, criando uma cabine mais silenciosa.
Esse novo Kicks ficou mais espaçoso e prático. Mas também bem mais pesado. Ele tem 1.379 kg, ou 257 kg a mais que o atual Kicks. O que muda em parte a lógica do modelo, que sempre se caracterizou pela leveza da carroceria, que permite que ele sem maiores problemas use um motor relativamente modesto, o 1.6 16 V de 110/113 cv e 15,2/15,3 kgfm, com gasolina e etanol. Não seria o caso de utilizá-lo nesse novo Kicks, pois deixaria o carro com desempenho muito fraco.
A versão mexicana do Kicks utiliza o mesmo motor do sedã médio Sentra, o MR20DD. Trata-se de um 2.0 litros a gasolina de quatro cilindros aspirado, capaz de gerar 144 cv e 19,4 kgfm – na especificação brasileira, ele rende 151 cv e 20 kgfm. Uma das possibilidades é que a Nissan passe a utilizar os motores flex produzidos pela Horse no Brasil, que são aplicados a modelos da Renault, como o Kardian (1.0 turbo de 120/125 cv e 20,4/22,4 kgfm) e Duster (1.3 turbo de 162/170 cv e 27,5 kgfm).
Vários pontos tornam o novo Kicks importante para a Nissan no Brasil. O novo modelo deve ampliar as vendas da marca já que, pelo menos inicialmente, vai conviver com a atual geração do modelo, que ainda tem muito apelo comercial, com vendas em torno de 5 mil unidades/mês – o que mostra que a imagem da marca conseguiu se consolidar no mercado. Além disso, vai permitir que a fabricante japonesa acesse o segmento de SUVs médios-compactos em um bom momento, já que o Jeep Compass começa a mostrar sinais de cansaço e o Corolla Cross não conseguiu furar a bolha de adoradores da marca. Essa situação atualmente favorece o Chery Tiggo 7, que apesar de enfrentar uma certa desconfiança, se vale de uma boa relação custo/benefício. Já Volkswagen Taos e Honda ZR-V vêm fazendo apenas figuração nessa disputa. Mas vai depender muito da estratégia da Nissan, principalmente em relação ao preço, para selar o destino do novo Kicks e definir se ele pode brigar entre os protagonistas ou acabar no elenco de apoio.
Primeiras impressões
Outro patamar
A ficha técnica indica que o novo Kicks é movido por um motor de quatro cilindros de 2.0 litros capaz de fornecer 144 cv e 19,4 kgfm de torque. Enquanto a transmissão é uma automática CVT de nova geração. Se este propulsor parece familiar, é porque trata-se basicamente do mesmo trem de força do Sentra. Adequado apenas neste crossover que é construído na plataforma CMF-B. A suspensão dianteira é McPherson, enquanto a traseira é um eixo rígido.
Em comparação com a última geração, há um mundo de distância quando se trata de desempenho. O motor, sem ser exatamente uma referência em termos de comportamento dinâmico, ostenta uma entrega de potência mais do que suficiente para o consumidor médio. A transmissão de nova geração tem um desempenho melhor e, de fato, é bem menos barulhenta que antes. Na realidade, a configuração tem prioridade para o conforto, no entanto, a arquitetura parece sólida o suficiente para poder receber mais potência. O consumo de combustível neste primeiro contato foi de 11 km/l em média.
Em termos de segurança, este crossover fabricado no México tem uma lista saudável, considerando o segmento a que se destina. Assim, a partir da versão básica possui 6 airbags, sensores dianteiros e traseiros, além de itens obrigatórios no Brasil, como freios com ABS e controle eletrônico de estabilidade. A partir da versão base já existe uma lista interessante de recursos ADAS, mas no caso da versão de topo avaliada, o arsenal é bem completo. Ele conta com o pacote de segurança chamado pela Nissan de Pro-Pilot Assist, que contém assistências como monitoramento de faixa, alerta de colisão com frenagem autônoma, alerta de tráfego cruzado traseiro, sensor de ponto cego, assistente de subida e controle de cruzeiro adaptativo e farol alto automático, entre outros.
O novo Nissan Kicks 2025 pouco ou nada tem a ver com a geração anterior. É um veículo maior, mais refinado, mais potente e carismático. Além disso, não é mais um crossover compacto, mas pelo contrário sobe um segmento, onde encontra rivais como Honda ZR-V, Volkswagen Taos, e Toyota Corolla Cross, entre outros. Seus principais argumentos para brilhar estão em um design atraente, além de uma boa dose de equipamentos de segurança, conforto e tecnologia. O motor 2.0 não chega a ser brilhante, mas tem desempenho mais que suficiente para o cliente-alvo deste crossover.