por Eduardo Rocha
Auto Press
Novidades implementadas em veículos acontecem por duas razões básicas. A primeira é por exigência do consumidor, que passa a valorizar determinado equipamento ou estética, e quem não se adequa acaba perdendo vendas. A outra é a exigência legal, que pode ser em relação a segurança ou a emissões. Nesses casos, os modelos que resistem à aplicação das novas normas costumam passar por alterações importantes. No caso da picape Rampage, a mudança foi para melhor, como ficou evidente na versão Rebel 2.2 avaliada.
A picape média-compacta da RAM abandonou o antigo motor turbodiesel 2.0 Multijet II com a entrada em vigor das normas de emissões Proconve L8, em janeiro deste ano. Em troca, ganhou uma versão mais evoluída da mesma família de propulsores com 2.2 litros, que não só responde às exigências das normas como ainda oferece mais eficiência – essa mudança também atingiu Compass e Commander, da Jeep, e Toro, da Fiat, produzidos na unidade da Stellantis em Goiana, Pernambuco. A mudança acabou encarecendo ligeiramente as versões diesel. Na época de lançamento, elas eram cerca de R$ 10 mil mais baratas que as versões a gasolina e agora ficaram iguais. No caso da Rebel, o valor é de R$ 270.990. Isso não chegou a alterar as vendas, que se mantêm próximas a 2 mil unidades mensais – no segmento, só perde para a Fiat Toro.
Em compensação, a potência passou de 170 para 200 cv, o torque pulou de 38,8 para 45,9 kgfm e o consumo caiu, em média, 7,5%, com índices de 10,6 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada. Outro ganho foi na aceleração de zero a 100 km/h, que caiu de 10,9 para 9,9 segundos, e na velocidade máxima, que passou de 189 para 196 km/h. Em relação ao conteúdo, a Rampage Rebel 2.2 traz uma única mudança e relação à linha 2024: apesar de manter as mesmas medidas 235/65 R17, os pneus passam a ser All Terrain, mais adequado para explorar as capacidades off-road do modelo. Para isso, a picape conta com um câmbio automático de nove marchas com 4X4 on-demand, reduzida e controle de descida.
O tamanho da Rampage foi responsável por tornar a marca RAM palatável para consumidores urbanos. A altura livre para o solo de 22,3 cm e os ângulos de ataque e saída, de 25,8º e 27,5º não são tão convidativos a um off-road pesado. Por outro lado, suas dimensões facilitam a vida na cidade, com excelente espaço interno, e é possível até estacioná-la em uma vaga de shopping – o que é impossível com uma RAM 1500. Ela tem 5,03 metros de comprimento com 1,89 m de largura, 1,77 m de altura e 2,99 m de entre-eixos.
Em relação ao conteúdo, a Rampage segue o padrão premium da marca tanto em relação ao acabamento quanto a equipamentos. Ela traz ar-condicionado duplo, chave presencial, freio de estacionamento elétrico e interior com revestimento de bancos, portas, volante e painel em couro preto com pespontos cinzas. Por dentro, a imagem de tecnologia aparece no painel digital de 10,3 polegadas e na tela wide de 12,3 polegadas da central multimídia, que tem espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay e carregador de celular por indução.
Na parte de segurança, além de um bom pacote ADAS, câmera de ré, sensores dianteiros e traseiros, sensor de luz e chuva, iluminação full led com faróis de neblina com função de iluminação em curvas e ainda conta com o serviço por assinatura RAM Connect, que inclui diversas funções via celular, como acionamento do motor, travamento ou destravamento, monitoramento e localização, assistência de emergência e auxílio à navegação, incluindo cálculo de autonomia e informações de trânsito.
Ponto a ponto
Desempenho –A imagem exuberante da RAM no Brasil ganha um pouco mais de força com o novo motor 2.2 de 200 cv. Essa potência é semelhante à de picapes como Toyota Hilux ou Chevrolet S10, mas com a vantagem de empurrar um veículo 150 kg mais leve – a Rampage tem 1.951 kg. O torque de 45,9 kgfm também aparece cedo, aos 1.500 rpm, o que dá um bom fôlego desde as arrancadas. Embora não seja muito elástico – a potência máxima aparece aos 3.500 giros – o câmbio de nove marchas tem reações são rápidas e bastante suaves, o que gera ganhos de velocidade bem progressivos e consistentes. Também as mudanças na distribuição da tração 4X4 on-demand ocorrem de forma quase imperceptível. Quando a reduzida é acionada, a Rampage vira um tratorzinho, o que facilita muito as ações no off-road. Nota 9.
Estabilidade – A Rampage traz um conjunto suspensivo refinado, independente nas quatro rodas com McPherson na frente e multilink na traseira – o mesmo usado em outros modelos com a plataforma Small Wide, como Fiat Toro e Jeep Compass. Ele proporciona um bom controle da carroceria – boa parte da rolagem lateral pode ser atribuída aos pneus 235/65 R17 All Terrain, de perfil alto, com um flanco com mais de 15 cm. A capacidade de carga acima de uma tonelada é bem compensada pelo acerto da suspensão. Nota 8.
Interatividade – A Rampage traz diversos recursos que facilitam a vida do motorista, como sensores para luz e chuva, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e chave presencial. Além disso, traz diversos recursos ADAS como controle de cruzeiro adaptativo com Stop&Go, alerta de colisão com frenagem autônoma, sensor de ponto cego e de tráfego cruzado traseiro etc. O volante multifuncional é completo e concentra boa parte dos comandos de uso mais imediato e ainda tem uma infinidade de recursos que podem ser acessados a partir da tela de 12,3 polegadas da central multimídia. Nota 9.
Consumo – O motor 2.2 Multijet II responde rápido, acelera forte e ainda assim não bebe muito. Segundo o InMetro, a Rampage Rebel faz 10,6 km/l na cidade e 13,3 km/h na estrada, sempre com diesel. Esses índices renderam notas A no segmento e D no geral, bem de acordo com a performance e as dimensões do modelo. Nota 8.
Conforto – A Rampage realmente oferece um maior refinamento no universo das picapes. Tem ótimo isolamento acústico, suspensões que absorvem as irregularidades e oferecem uma rodagem suave, bancos confortáveis e espaço interno generoso. Nota 8.
Tecnologia – A Rebel tinha função de versão de entrada até a chegada da Big Horn, E mesmo com esta função, era apenas 10% mais barata que a Rampage mais cara. Isso significa que ela trazia todo o arsenal tecnológico das configurações mais caras, Laramie e R/T, e é bastante completa. Traz os recursos ADAS mais evoluídos oferecidos pela Stellantis, controle de cruzeiro adaptativo com Stop&Go e frenagem autônoma, monitor de faixa, farol alto automático etc e anova motorização é mais potente e econômica. Nota 9.
Habitabilidade – Apesar do porte imponente prometer mais, a Rampage oferece espaço interno compatível com a categoria de picape média-compacta. E embora não seja muito alta, o acesso é um pouco dificultado pela ausência de estribo. No habitáculo, há uma boa área para os passageiros e o compartimento de carga é bem espaçoso – 980 litros. Um acessório útil é um divisor na caçamba, para que os objetos não fiquem soltos. Nota 8.
Acabamento – Os materiais são de boa qualidade, com revestimentos em couro pespontado e superfícies macias nas áreas de toque. A decoração combina o couro com guarnições em preto brilhante e frisos em metal escovado, numa combinação discreta e de bom gosto. Por isso, mesmo com a proposta mais off-road da versão, o despojamento não passa a impressão de pobreza. Nota 8.
Design – O design da Rampage exalta a ideia de potência e imponência. A frente blocada, o capô horizontalizado, a linha de cintura alta, os para-lamas saltados e a traseira chapada dão um aspecto robusto que faz a picape chamar a atenção, mesmo que já não seja uma novidade nas ruas. Nota 8.
Custo/benefício – A Rampage se posiciona como uma alternativa mais requintada que outras picapes médias-compactas. O preço regula com o de picapes médias de entrada, só que ela é completa e mais adequadas ao uso urbano. Essa combinação tem funcionado bem para a RAM, mas não torna o custo/benefício elogiável. Nota 7.
Total – A RAM Rampage Rebel 2.2 somou 82 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir
Off-road elegante
A RAM Rampage Rebel é a destinada ao off-road. E para isso, o mais indicado é mesmo um motor diesel, capaz de oferecer um bom torque em giros baixos e ajuda a suplantar os obstáculos mesmo em velocidades muito baixas. Ainda mais que, no caso, ainda tem o recurso de redução no câmbio. E se o desempenho da Rampage já era elogiável antes, ficou ainda melhor agora que conta com um motor com a mais de força, com 200 cv e 45,9 kgfm. Na linha 2025, o modelo ainda ganhou pneus mais adequados para a terra.
Mesmo com esses pneus de perfil alto 235/65 R17, com flanco superior a 15 cm, a Rebel vai bem no asfalto, tanto na cidade quando na estrada. Ela tem boas arrancadas, acelerações rápidas (zero a 100 km/h em 9,9 segundos) e consegue manter boas velocidades de cruzeiro, em torno de 120 km/h, sem qualquer esforço. Nas curvas, a suspensão independente mostra bom controle de carroceria e a rolagem lateral ficou um pouco mais perceptível por conta exatamente dos pneus All Terrain.
Por dentro, os materiais são pensados para transmitir a ideia de refinamento. Para incrementar o conforto, a Rampage conta com uma enorme quantidade de recursos, que vão desde as tecnologias ADAS até os sistemas de conectividade, que oferecem diversas funções remotas. Caso do eficiente controle de cruzeiro adaptativo com Stop & Go, que ajuda muito no trânsito pesado. Entre as ajudas, seria bem vinda uma câmera 360º, que facilitaria a movimentação em ambiente urbano.
Ficha técnica
RAM Rampage Rebel 2.2
Motor: Diesel, dianteiro, transversal, 2.184 cm³, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Sobrealimentado por turbo compressor com geometria variável, com intercooler ar-água e wastegate elétrica. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de nove marchas à frente e uma a ré. Tração 4X4 on-demand com reduzida acionada eletronicamente. Oferece controle de tração.
Potência: 200 cv a 5.200 rpm.
Torque máximo: 45,9 kgfm a 3 mil giros.
Diâmetro e curso: 83,8 mm X 99 mm.
Taxa de compressão: 15,7:1.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.
Velocidade Máxima: 196 km/h.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo multilink, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores de duplo efeito e molas progressivas. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Pneus: 235/65 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de partida em rampa e controle de descida série.
Carroceria: Picape em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 5,03 metros com 1,89 m de largura, 1,78 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Ângulo de entrada de 25,8º, de saída de 27,5º, de rampa de 23,4º, com altura livre para o solo de 22,3 cm. Possui airbags frontais, laterais, de cabeça e de joelho para o motorista.
Peso: 1.951 kg. Capacidade da caçamba: 980 litros.
Capacidade de carga: 1.015 kg.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Goiana, Pernambuco.
Lançamento no Brasil: 2023.
Lançamento da versão: novembro de 2024
Preço da versão: R$ 270.990.
