e 2023 para 2024, o número de mulheres condutoras profissionais no Brasil saltou de 75.771 para 98.003, segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Por trás dos dados, há histórias de avanços e de superação das mulheres que assumem os volantes de veículos em circulação por todo o país. São relatos que inspiram e emocionam, e os quais o portal do Ministério dos Transportes conta neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher.
Uma dessas trajetórias inspiradoras é a da segundo sargento Ladeira, do 25º Grupamento do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). Aos 30 anos, Bianca Ladeira conduz uma viatura operacional ABT (Auto Bomba Tanque) de 21 toneladas — um gigante sobre rodas que carrega água e esperança para salvar vidas em situações de emergência.
"O maior desafio que eu enfrento são os preconceitos. Ter olhares diariamente analisando se você é realmente capaz e tão boa quanto os outros condutores é cansativo. Ao mesmo tempo que me sinto orgulhosa de ter conseguido chegar até aqui, sinto que preciso provar constantemente minha capacidade", revela Bianca.
Apesar das barreiras a serem superadas diariamente, ela reconhece que a mulher tem ganhado mais espaço e respeito no setor. "Geralmente eu ignoro e mostro na prática que este ‘pré-conceito’ está errado, agindo com naturalidade e fazendo meu trabalho com excelência. Acredito que, com as nossas características femininas, como paciência, cautela e uma direção mais segura, podemos contribuir muito para um trânsito mais eficiente e seguro", ensina.
Bianca ingressou na corporação em 2018, após ser aprovada em concurso público para condutor e operador de viaturas. Para isso, ela já tinha que ter a categoria D na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - mas a paixão pela condução veio mesmo no curso de formação, quando teve a certeza que queria firmar sua carreira profissional ao volante. Hoje, sua rotina envolve conferir e testar a viatura e realizar testes e treinamentos operacionais, enquanto aguarda ocorrências.
E cada vez que ela assume a direção da viatura, é uma sensação de gratidão e orgulho diferentes. Uma ocorrência que a marcou muito foi quando conduzia uma viatura tipo UR (ambulância) e atendeu a um jovem em parada cardiorrespiratória após ser vítima de choque elétrico. “Conseguimos reverter a situação e o paciente voltou a ter batimentos cardíacos, o que, infelizmente, ocorre em poucos casos. Então eu tive que fazer um deslocamento muito rápido com a vítima até o hospital. Fiquei orgulhosa por ter dado o meu melhor e ter conseguido salvar a vida do paciente”, relembra, emocionada.
Atualmente, dos 744 condutores do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, apenas 71 - ainda são mulheres. Apesar dos desafios enfrentados no dia a dia, que incluem desde a falta de respeito e credibilidade no trânsito até piadas de cunho sexual e assédios, Bianca acredita que sua presença ao volante inspira outras mulheres. "Quando estou conduzindo vejo mulheres e crianças me chamando e acenando. Fico feliz em ver que, de alguma forma, estou incentivando e inspirando essas pessoas e a futura geração. É bom servir de exemplo para que elas vejam que são capazes”, conclui a sargento.
Habilitação: o controle do próprio destino
Ana Beatriz Vasconcelos de Medeiros, 28 anos, chefe de Gabinete da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), também compartilha trajetória de conquistas e desafios em um setor predominantemente masculino. Ela tirou a CNH aos 18 anos para facilitar seu deslocamento de casa até a universidade, e carrega consigo um ensinamento da mãe que marcou sua visão sobre a liberdade e o poder da autonomia feminina. "A carteira de motorista significa que você é dona do seu próprio destino", assegura. Para Bia, essa fala representou mais do que a obtenção de um simples documento: simbolizou a conquista do controle sobre a própria trajetória.
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"Minha mãe me ensinou que a carteira de motorista não é apenas sobre dirigir, mas sobre a capacidade de escolher para onde você vai. Ela sempre dizia: ‘Agora você é dona do seu próprio destino'. Eu acho esse lema tão forte... E acredito que isso se aplica a todas as mulheres que têm a chance de conquistar esse marco, seja aos 18, aos 30 ou em qualquer outra idade”, explica.
Desde então, Ana Beatriz dirige com cuidado e segurança, integrando o grupo de mulheres que se destacam pela atenção redobrada para evitar qualquer tipo de acidente. Em 2024, de acordo com dados da Senatran, a diferença de gênero que se reflete no número de óbitos no trânsito é marcante: 1.171 mulheres contra 4.974 homens mortos nas pistas do país (veja infográfico).
Para Pedro Barbosa, coordenador-geral de Sistema, Informação e Estatística da Senatran, os dados comprovam que as mulheres, com sua abordagem mais cautelosa, apresentam um índice de mortalidade menor, reforçando a prudência feminina ao volante. “Se partirmos do princípio de que, em um passado não muito distante, a grande maioria das mulheres não possuía seu próprio veículo nem a carteira de habilitação, todo aumento nesse número é significativo e representativo. Trata-se de uma grande conquista”, afirma.
Hoje, Ana Beatriz, que é formada em direito, atua dentro da gestão e no planejamento estratégico do Sistema Nacional de Trânsito. Um tema que, até então, era distante de sua experiência profissional, mas que ela logo abraçou com determinação. "O trânsito é uma área muito diversificada, que envolve não apenas o direito, mas também exige conhecimentos em engenharia e regulação. Foi um grande desafio, mas também um enorme aprendizado", ressalta.
Histórias como as de Bianca, Ana Beatriz e de tantas outras cidadãs brasileiras demonstram não apenas a superação de barreiras, mas também a crescente contribuição das mulheres em um setor essencial como a mobilidade, conexão, abastecimento e segurança de milhões de brasileiros. Embora os desafios ainda existam, a presença de mulheres em áreas como condução de viaturas e gestão estratégica mostra que o caminho está sendo transformado. O Ministério dos Transportes continua a apoiar e a incentivar a participação feminina em todos os segmentos de nossa sociedade. Que cada quilômetro percorrido e cada carga entregue sejam lembretes da potência feminina que impulsiona o país rumo a um amanhã mais justo e igualitário.
Assessoria Especial de Comunicação
Ministério dos Transportes