Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

Opinião Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025, 09:57 - A | A

15 de Janeiro de 2025, 09h:57 - A | A

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A RGA que falta no bolso do servidor e no comércio de Mato Grosso

A RGA, sigla que irrita alguns políticos todos os anos, precisa ser analisada sem paixões ideológicas, e sim, com uma perspectiva de mercado, de consumo.



Os governos são responsáveis, conforme suas políticas econômicas e programas de governo, pelo aumento ou redução da inflação, sentida por todos trabalhadores, comerciantes e demais setores da economia. Não é culpa ou responsabilidade do trabalhador o aumento da inflação, mas é sentida por ele na perda de seu poder de compra.  

A inflação sobre determinados produtos é maior ou menor a depender do estado em análise. Por exemplo, alimentos podem ser mais baratos em São Paulo do que em Mato Grosso. Somos uma potência agrícola internacional em soja, algodão, milho, proteína animal, entre outros produtos, porém, este empenho desaparece para produção de alimentos para a mesa das famílias. O resultado dessa escolha é o peso da inflação sobre o diesel, peças de caminhão usados no transporte etc, impactarem no preço do alimento que consumimos aqui no estado.   

Repor a inflação não é um privilégio de Servidor Público, é uma obrigação imposta pela Constituição Federal que garante a reposição do percentual inflacionário do ano anterior, e tem uma razão de ser de mercado, antes de qualquer coisa.  

Para alguns setores da economia, tais como comércio, serviços ou turismo interno, permanecerem aquecidos e não entrarem em recessão, é preciso que quem consome esses produtos possa continuar pagando por eles. Quando uma roupa ou eletrodoméstico aumenta seus preços, fruto da inflação, para que o trabalhador possa continuar comprando, seus salários precisam minimamente acompanhar esses aumentos. O que se comprava com R$ 100 reais no mercado há 5 anos, não é nem a metade do que se compra com os mesmos R$ 100 reais nos dias de hoje.   

A Inflação do período de 2024/2025 segundo o IPCA, ficou em 4.83%. Segundo o governador declarou na imprensa, esse será o índice adotado pelo governo para repor as perdas salarias dos servidores de carreira e comissionados. Porém, há perdas inflacionárias de anos anteriores dentro de seus mandatos, que o Governo Mauro ignora e fingi que não é de sua responsabilidade.  

Em linhas gerais, calha dizer que os servidores concursados do poder executivo acumulam perdas inflacionárias desse período de pouco mais de 20%, mês a mês, em seus salários. Apesar do governo ter feito justiça salarial com poucas carreiras e com outras garantido extensos privilégios, a grande maioria padece altamente endividados e com essas perdas acumuladas.    

Mas quem perde mesmo com isso é a economia formal e informal de Mato Grosso. O setor do comércio de eletrônicos e eletrodomésticos perde muito. Pois um servidor que recebe hoje R$ 5.000 mil reais, mês a mês deixa de receber cerca de R$ 1.000,00 reais em seu salário.

Isso faz com que tenha de optar por, ou se endividar para manter seu poder de compra, ou reduzir seu consumo, deixando de trocar uma TV, uma máquina de lavar ou qualquer outro item que entenda “supérfluo” para o momento. Ou mesmo, deixe de pagar um plano de saúde, ou opta por tirar seu filho da creche particular, da escolinha etc.

Os setores da economia quando os servidores não tem reposição da inflação, da famosa RGA, perdem muito junto com esse servidor  

O setor da construção civil também perde, pois material de construção aumentou muito nos últimos anos, e servidor endividado não reforma seu lar, não amplia sua casinha. Quando muito faz algum reparo pra se proteger das chuvas que vêm causando muitos prejuízos em Mato grosso.  

Cada real pago para repor a inflação, volta quase que em dobro para o governo, pois é devolvido ao estado nos impostos embutidos no consumo dessas famílias, e na própria tributação de seu salário.

Por isso todos os demais setores da economia garantem a reposição da inflação dos seus trabalhadores, pois o mercado exige tal pratica sob pena de entrar em recessão, que é a falta de consumo e o acúmulo em estoque dos bens produzidos.  

O próprio empresário Mauro Mendes, garantiu a reposição da inflação para os trabalhadores da Bimetal dos anos de 2019 até agora, mesmo a empresa estando em recuperação judicial, anos que o governador Mauro não pagou integralmente a RGA dos trabalhadores públicos do poder executivo, não estando o Estado de Mato Grosso em recuperação judicial, pelo contrário, Mato Grosso está com sua economia pujante e solvente.  

É um dissenso que precisa ser contornado, evitando maiores desgastes dos servidores com o governo e assembleia atuais. Ainda é tempo para o bom diálogo e para encontrarmos conjunta e educadamente as soluções para essas demandas, principalmente editando nova lei que garanta uma data base e o índice oficial para a correção inflacionária nos salários dos trabalhadores públicos estaduais, bem como equacionando as perdas de anos anteriores dentro do mandato do atual governador.  

Antônio Wagner N. de Oliveira é Presidente do SINPAIG-MT, Diretor de Serviço Público Estadual da Federação dos Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso e Vice-Presidente Estadual da CSB

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