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Opinião Quarta-feira, 03 de Julho de 2024, 08:32 - A | A

03 de Julho de 2024, 08h:32 - A | A

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Atlas da violência 2024

A violência contra meninas e mulheres vitimou cerca de 221.240 mulheres



Rosana Leite Antunes de Barros

No mês de junho foram divulgados dados das muitas violências enfrentadas no país. Os números são do IPEA e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. As estatísticas se perfazem em um retrato da violência no Brasil.

A violência contra meninas e mulheres vitimou cerca de 221.240 mulheres. Desse número, 144.285 foram mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Segundo apurado, 86,6% dos casos de violência doméstica contra as mulheres foram cometidos por homens.

A violência sexual contra crianças, enxergada, inclusive, como epidemia, tem os seguintes números: 30,4% cometidas contra bebês e meninos de zero a nove anos, e 49,6% contra meninas de 10 a 14 anos.

O Atlas tratou, ainda, das trajetórias de violência que acompanham meninas e mulheres por toda a vida. De zero a nove anos as meninas são vítimas da negligência; dos 10 aos 14 anos das violências sexuais; dos 15 aos 69 anos são vítimas da violência física; e acima dos 70 anos, novamente sofrem negligência.

A violência contra as pessoas negras tem estatísticas assustadoras. Entre os anos de 2012 a 2022, 445.442 foram assassinadas. A representação é de uma pessoa negra assassinada a cada 12 minutos no país, nos últimos 11 anos.

O segmento LGBTQIAPN+ registrou 8.028 vítimas no ano de 2022, com uma elevação de 39,4% ao registrado no ano de 2.021. O perfil apontado das vítimas foi: 67,1% mulheres, 55,6% negras, e 72,5% homossexuais.

Em se cuidando de violência contra pessoas com deficiência, as mais frequentes são: 55% violência física, 31,7% violência psicológica, e 23% violência sexual. Foram 14.600 notificações de violência contra as pessoas portadoras de deficiência. A taxa de notificação de violência por tipo de deficiência assim foi constatada: 36,9% intelectual, 12% física, 3,8% auditiva, e 1,5% visual. As mulheres PCDs são as maiores vítimas, com 68,8%.

O Atlas também retratou que 205 indígenas foram assassinados no ano de 2.022. A taxa foi de 21,5 por cem indígenas.

Os dados acima expostos externam que as pessoas vulneráveis sofrem as muitas violências que atingem a sociedade em geral, e quando se combinam as situações específicas sofridas pelos muitos grupos de vulnerabilidades, as violências tendem a aumentar.

As informações do Atlas são analisadas à luz da perspectiva de gênero, raça, faixa etária, e outros elementos. É possível perceber, portanto, que ainda, infelizmente, existem grupos vulneráveis e marginalizados que estão expostos a uma vida de risco. A violência deve ser trabalhada em uma perspectiva educacional, com conscientização de desigualdades e formação humanizada.

Que a nossa realidade possa ser outra nos próximos Atlas. É de Clemantine Wamariya: “Segurança deveria ser um direito de nascença”.

 

Rosana Leite Antunes de Barros - Defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.

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