Paulo Viana
O sindicalismo no Brasil enfrenta um declínio preocupante, refletido nas taxas de sindicalização mais baixas da história recente. Em 2023, o total de sindicalizados alcançou o menor patamar desde 2012, conforme relatórios do IBGE e diversas análises econômicas. Esta tendência de queda é um reflexo de um conjunto de fatores econômicos, sociais e legislativos que têm transformado profundamente o cenário laboral no país.
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Globalização e desindustrialização
O processo de globalização e a consequente desindustrialização têm sido cruciais no enfraquecimento do sindicalismo. Empresas migraram para regiões com menores custos operacionais, muitas vezes em locais onde a presença sindical é mínima ou inexistente. Esse movimento reduziu significativamente o número de trabalhadores sindicalizados, especialmente nas áreas industriais que tradicionalmente tinham forte representação sindical.
O processo de globalização e a consequente desindustrialização têm sido cruciais no enfraquecimento do sindicalismo
O advento de novas modalidades de contratação, como trabalho intermitente, terceirização e contratos de prazo determinado, também impactou negativamente a sindicalização. Essas formas de contratação aprofundaram a precarização e a fragmentação do mercado de trabalho, dificultando a organização coletiva dos trabalhadores. Jovens trabalhadores, com idades entre 16 e 40 anos, mais escolarizados e individualistas, têm mostrado menor interesse em participar de sindicatos, optando por soluções individuais como o empreendedorismo.
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Distanciamento e desorganização sindical
A desorganização e o distanciamento dos sindicatos em relação à base trabalhadora também são fatores críticos. Muitos sindicatos falharam em se adaptar às mudanças no mercado de trabalho e nas expectativas dos trabalhadores. A ausência de uma estratégia renovada para enfrentar os desafios contemporâneos e a falta de uma luta mais ampla além da recuperação da inflação acumulada têm contribuído para a perda de relevância dos sindicatos.
Necessidade de renovação
Para reverter esse quadro, é essencial que os sindicatos repensem suas estratégias e se reconectem com a base trabalhadora. É necessário um movimento sindical mais proativo e inovador, capaz de responder às mudanças estruturais do mercado de trabalho e de oferecer alternativas viáveis e atraentes para os trabalhadores. Somente com uma renovação profunda e um enfrentamento direto às políticas neoliberais será possível revitalizar o sindicalismo e restabelecer sua relevância na defesa dos direitos dos trabalhadores.
Paulo Viana "Paulão" | Presidente da FITIASP