José Vieira/ Mato Grosso do Norte
Até agora, a professora Cleia Rodrigues Gottert, diretora da Escola Municipal Laura Vicuña, não teve acesso ao relatório produzido pela Comissão que investigou sua suposta responsabilidade no incêndio ocorrido na escola, no dia 13 de fevereiro deste ano.
Na época do fato, a secretária municipal de Educação, Lucinéia Martins, e uma engenheira da prefeitura, culparam a diretora pelo curto circuito na instalação elétrica da escola que provocou o princípio de incêndio.
Então, a prefeitura decidiu afastar a professora e abrir um PAD -Processo Administrativo Disciplinar- para investigá-la. Foi instaurada uma Comissão e, princípio, o prazo para concluir os trabalhos seria de 60 dias, mas houveram prorrogações e o trabalho foi terminado somente por volta de setembro e encaminhado para o prefeito fechar o caso, com base no relatório final. Entretanto, restando poucos dias para findar o ano, o prefeito não assinou o processo e o caso segue inconcluso apesar das cobranças da advogada da diretora Cléia. A comissão já foi destituída.
Cléia Rodrigues, em entrevista ao jornal Mato Grosso do Norte, na quinta-feira,21, disse que não saber o conteúdo do relatório da Comissão, está lhe causando um “enorme”, desgaste psicológico, afetando até mesmo sua saúde física e mental. Segundo ela, sua advogada irá entrar com um mandado de segurança, cobrando o deferimento do processo.
Para proteger os que estão lá junto com ele, o prefeito se nega a dar um deferido, num documento que não vê falhas em mim e sim na equipe técnica que compõem o quadro da prefeitura
“Até agora não foi assinado, apesar de estar com o prefeito há vários meses. Eu e meus representantes legais não temos conhecimento de qual foi o resultado desta investigação”, observa.
Em uma das petições da defesa da diretora, a Procuradoria Municipal respondeu, em um comunicado interno datado de 1 de dezembro, que o relatório encontra-se no gabinete do prefeito para análise do chefe do executivo.
Dentre outras observações o documento da Procuradoria diz que “após a apresentação do relatório final, da comissão processante, em processo administrativo disciplinar, não configura em ofensa as garantias do contraditório e da ampla defesa, ante a ausência de previsão legal”, diz trecho do documento.
“Foi feita toda a investigação e concluída pela Comissão da Sindicância, mas agora querem que eu prove quais os prejuízos que estou tendo com o não deferimento, pois é de interesse do prefeito dar o deferido ou não”, diz indignada a professora.
Traumatizada com todas as perseguições que vem sofrendo, Cléia não tem mais nenhum interesse em permanecer na direção da escola. Seu mandato terminaria em 31 de dezembro deste ano. No entanto, foi publicado uma Portaria prorrogando a gestão nas escolas, até as novas eleições de diretores.
“Eu não tenho intenção nenhuma de dar sequência, não quero nem um minuto a mais além do dia 31. Não dão o deferimento do meu processo, mas assinam esta prorrogação para eu continuar. É ridículo”, lamenta.
“O prefeito e a secretária de Educação me expuseram, me humilharam publicamente, ridicularizaram a minha vida profissional e, para proteger seus engenheiros, para proteger os que estão lá junto com ele, o prefeito se nega a dar um deferido, num documento que não vê falhas em mim e sim na equipe técnica que compõem o quadro da prefeitura”, enfatiza Cléia. Diante de tudo isto, a diretora diz que a gestão municipal ainda tem a “cara de pau” de publicar um documento em que ela tem que provar quais os danos e os prejuízos que tem lhe acarretado o não deferimento por parte do prefeito.
“Ele quer mesmo saber? será que ele [o prefeito] não consegue colocar a mão na consciência e saber quais os prejuízos que me causaram? Quais os danos?”, questiona Cléia.