Maria Luiza Borges
Imagine a cena: você recebe uma ligação ou mensagem de WhatsApp. Do outro lado, alguém educado, falando com termos técnicos, enviando documentos com aparência oficial, inclusive com foto do seu advogado, logo do escritório.
O nome que aparece é familiar — o mesmo do seu advogado. O assunto? Uma revisão de aposentadoria, um valor de benefício a ser resgatado, uma “causa ganha”. E antes que você perceba, estão pedindo seus dados bancários — dizem que o valor será transferido direto para sua conta.
O Golpe é certo...
Eu sou Maria Luiza Borges, advogada Especialista em Direito Previdenciário, e venho fazendo esse alerta com frequência no meu escritório. O chamado “golpe do falso advogado” tem se espalhado pelo país com impressionante sofisticação. E o que mais preocupa é a forma como ele abusa da boa-fé das pessoas e da publicidade no sistema judicial.
O criminoso muitas vezes usa o nome real do seu advogado, se passa por um membro da equipe, envia PDFs com timbre do escritório de advocacia, em alguns casos utiliza logos de órgão públicos como INSS, Tribunal de Justiça, Justiça Federal, e se comunica com formalidade.
Tudo parece legítimo. Mas por trás da aparência está o objetivo claro: convencer a vítima a fornecer dados bancários e, depois, realizar transferências via Pix ou depósito para supostas taxas, impostos, custas ou honorários “antecipados”.
COMO SE PROTEGER?
1. SEMPRE verifique o número de telefone, em especial o DDD. Veja se é o mesmo pelo qual você mantém contato com seu advogado. Ignore nomes e fotos, pois são fáceis de copiar.
2. Nunca realize pagamentos antecipados sem confirmar pessoalmente ou por telefone com seu advogado. O INSS ou o Judiciário não cobram para liberar valores de benefícios.
3. Consulte o nome do profissional no site da OAB (www.oab.org.br). Um advogado sério está regularmente inscrito e pode ser identificado.
4. NUNCA clique em links ou abra documentos enviados por números desconhecidos.
5. Desconfie de pedidos de dados bancários, mesmo que digam que o valor será “depositado direto na sua conta”. Essa é a tática inicial para criar confiança.
6. Espalhe o alerta. Converse com pais, avós, vizinhos. Os golpistas miram especialmente os mais vulneráveis.
Importante esclarecer: o vazamento de informações pessoais não acontece dentro do escritório do seu advogado. Essas informações são obtidas a partir das bases públicas dos processos judiciais, que, por lei, são acessíveis a todos os advogados do Brasil — inclusive os mal intencionados.
Por isso, reforço: a confiança na advocacia deve continuar, mas com responsabilidade e atenção redobrada. Informação é a melhor ferramenta para se proteger.
Maria Luiza Borges – OAB/MT 23.940 Advogada Especialista em Direito Previdenciário