Reportagem
Mato Grosso do Norte
Faleceu nesta terça-feira, 26, o jornalista Carlos Alberto de Lima aos 67 anos. Por mais de 30 anos ele militou na imprensa de Alta Floresta e região, se destacando como um dos mais conceituados jornalistas de Mato Grosso.
Antes de ingressar na Comunicação da prefeitura de Alta Floresta, onde permaneceu por mais de 20 anos, teve passagens pelo jornal O Estado de Mato Grosso, de Várzea Grande, que até no início dos anos 90, quando deixou de circular, era um dos principais diários do Estado.
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Também foi fundador do jornal A Crítica, de Apiacás, que circulou por alguns anos naquela cidade e em Alta Floresta. Carlinhos, como era conhecido, também foi professor na Rede Pública de Educação em Alta Floresta e Apiacás.
Era um jornalista muito culto, fã da escritora Clarice Lispector, de Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Há cerca de 2 anos Carlos, foi diagnosticado com Alzheimer e estava recluso. Na segunda-feira, 25, foi hospitalizado devido ao agravamento do seu quadro e acabou falecendo na terça-feira.
A prefeitura de Alta Floresta emitiu nota sobre o seu falecimento.
Para homenageá-lo, pulicaremos um de seus artigos publicados no jornal Mato Grosso Norte. Por um período de cerca de 2 anos, ele manteve uma coluna semanal em nossa edição impressa.
“O texto que transcrevo abaixo escrevi aos 10 de maio de 2018. O mesmo foi publicado, dia seguinte, no jornal Mato Grosso do Norte do meu amigo José Vieira do Nascimento”, escreveu em uma reprodução em seu Facebook.
Leia a seguir
Um erro quase aceitável
“Só por desencargo de consciência. Uma frase absurda, e incorreta, que eu continuo ouvindo há anos”. Escrevi dia desses em minha rede social. Muitos estranharam, afinal, todos dizem isso. Políticos, professores, doutores, sem distinção. Na verdade o criador dessa frase deve ter cometido o erro e cometido o suicídio em seguida. Não! Exagero. Ele simplesmente disse e o dito tomou corpo, como um Fake News da época. A grande maioria achou bonito, por soar assim meio chique.
E a coisa (a frase) pegou. Tudo bem. Hoje até os melhores dicionários já admitem isso. Mas, vejamos: o desencargo é antônimo de encargo. Até aí tudo bem. Exemplo: você, no seu trabalho, está encarregado de cumprir com a obrigação que o seu cargo (a função) lhe confere. Quando você deixa esse cargo, você deixa de ter a necessidade de cumprir tal obrigação.
Vamos por outra ótica: A sua consciência (mesmo podendo estar encarregada de algo) jamais poderá se desencarregar. Confuso? Não. Para o seu desfrute, quando alguém diz “Só por desencargo de consciência”, observe que esse alguém quer dizer que não quer ficar com o peso na consciência, portanto é preciso descarregar e não desencarregar. Portanto o bem correto é descargo de consciência.
Pergunto, sua consciência está encarregada ou carregada? E se ainda não entendeu, sua consciência está muito carregada. Xô Oxum, xô Oxalá, xô Iansã, xô Ogum, xô todos os Orixás. Mães e pais de santo de todos os terreiros acudam-nos. Vamos ao descargo, melhor: ao descarrego. Amantes da leitura como eu, no capitulo 46, de Dom Casmurro, pazes entre Capitu e Bento, Machado de Assis escreve “Podia ser um simples descargo de consciência”.
Acabei não perguntando para a minha amiga universitária, mas tudo bem.
Portanto é preciso descarregar e não desencarregar. Portanto o bem correto é descargo de consciência
O Magri disse imexível e o imexível se dicionarizou, o vereador Mendonça disse “valorizamento” e todo mundo aceitou. Não concordou, não aprovou, mas aceitou. A Tevê Globo (na matéria das crianças trocadas) chamou o nosso Hospital Regional Albert Sabin de Hospital Albert Einstein e ficou por isso mesmo, se bem que me deu vontade de ligar e lembrar que um é o inventor da vacina contra a poliomielite (que tem mais a ver com saúde) enquanto o outro é o pai da teoria da relatividade (que tem a ver com tudo).
Pensei bem e deixei quieto. Afinal, tudo é muito relativo.
Carlos Alberto de Lima (in memoriam)
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