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Atualidades Quarta-feira, 26 de Junho de 2024, 16:30 - A | A

26 de Junho de 2024, 16h:30 - A | A

Atualidades / Contaminação

Pesquisa aponta alto índice de contaminação de mercúrio em peixes do Rio Teles Pires

Pesquisa coordenada pela professora da Unemat, Solange Arrolho, detecta que espécies de peixes do rio Teles Pires já estão impróprias para o consumo



Ilson Machado
Mato Grosso do Norte

Um artigo de pesquisa assinado pela professora Solange Arrolho, docente de Mestrado Profissional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT) e demais integrantes da equipe da pesquisa, foi publicado pela revista “Elementa Science of the Anthropocene.
O artigo aponta um dado alarmante com relação ao maior rio de água doce existente em Mato Grosso, o Teles Pires. Os pesquisadores se atentaram para a grande concentração de mercúrio em peixes e na saúde humana.
Considerando que a ingestão de peixes é reconhecida como a principal via de exposição humana ao metil mercúrio (MeHg), os estudos, conforme ela, apontaram o grande risco, principalmente, para a população ribeirinha, para a qual o peixe é a principal fonte de proteína.
De acordo com Solange Arrolho, que esteve participando da 6ª Conferência das Cidades, evento realizado em Alta Floresta, com encerramento nesta terça-feira, 25, o objetivo maior do estudo foi de estimar a concentração de MeHg, com base na concentração total de mercúrio nos músculos de três espécies de carnívoros, tais como os peixes conhecidos como: Bicuda, Piranha e Cachorra, todos coletados no rio Teles Pires.
Os pesquisadores ainda fizeram os cálculos do risco para a saúde humana relacionados ao mercúrio. O artigo relata que os peixes foram coletados em 20 campanhas de campo desde dezembro de 2011 a setembro de 2016 no rio Teles Pires, na área de influência da usina hidrelétrica de Colíder.
E o índice de risco relacionado à ingestão de MeHg através da ingestão de peixe foi calculado considerando que o MeHg corresponde a cerca de 90% de mercúrio em peixes. Não houve diferenças significativas na concentração média de mercúrio entre todos.

foto/ Mato Grosso do Norte

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 Solange Arrolho, Professora da Unemat

A população pesquisada apresentou valores médios, sugerindo efeitos adversos à saúde e a exposição humana de pessoas da região do Rio Teles Pires, através do consumo de pescado,, que sugere que o mercúrio pode causar efeitos adversos à saúde das pessoas.
As fontes antropogênicas de mercúrio em sua maioria são compostas, principalmente, pela mineração artesanal de ouro, exploração de fósseis, usinas movidas a combustível, ferrosos e não ferrosos, indústrias metalúrgicas, fabricação de soda cáustica, incineradores de resíduos e fábricas de cimento.
O mercúrio também é encontrado em insumos agrícolas amplamente utilizados na agricultura. Em entrevista ao Jornal Mato Grosso do Norte, a professora Solange informou que os rios que cortam o estado, tem graus diferentes de conservação.
“Então temos hoje rios que pode se dizer, que estão completamente impactados por uma série de ações humanas, que vem desde grandes e pequenos barramentos, por liberação de mercúrio, agrotóxicos, até a terra de produções agrícolas que caem nos rios e que já vem com nutrientes, o que interfere na coloração da água”, explica.
Quanto ao rio Teles Pires, a professora Solange, observa que o maior problema é quando o mercúrio natural ou o mercúrio vindo de ações antrópicas se liga aos vegetais no fundo do rio, que por consequência se liga a um peixe, que é consumido por um ser humano, podendo provocar uma contaminação.
Essa, de acordo com a pesquisadora, é a maior preocupação gerada pelo rio Teles Pires, uma vez que as suas águas absorvem o mercúrio descartado pela extração aurífera existente em outras localidades da região. O mercúrio é levado pela corrente e acaba contaminado grande parte do curso da água.

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