Sábado, 07 de Setembro de 2024

Caderno B Sexta-feira, 12 de Julho de 2024, 09:14 - A | A

12 de Julho de 2024, 09h:14 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Pelos becos e vielas

Roteirista e fundador do AfroReggae, José Júnior exalta a importância de “O Jogo que Mudou a História”



por Geraldo Bessa TV Press                

O poder de argumentação de José Júnior é inegável. Fundador do Grupo Cultural AfroReggae e histórico mediador de conflitos entre o morro e o asfalto, foi no audiovisual que ele achou a ferramenta perfeita para propagar suas ideias e referências.

Com criações de sucessos no currículo como “Arcanjo Renegado” e “A Divisão”, ambas do Globoplay, o showrunner se uniu ao diretor Heitor Dhalia para entregar a recém-lançada “O Jogo que Mudou a História”, uma de suas produções mais ambiciosas. Inspirada em fatos reais e idealizada desde 2021, a série de 10 episódios retrata a origem das facções do narcotráfico do Rio de Janeiro com personagens fortes e cenas de tirar o fôlego.

O projeto nasceu como oficinas de reciclagem de lixo

A série transporta o público de volta ao Rio de Janeiro dos anos 1970 para mostrar a origem de fatos que reverberam até hoje. Afinal, a cidade tem mais de mil áreas deflagradas e tudo isso teve um ponto de partida”, conceitua.                

Natural do Rio de Janeiro, José Júnior começou a produzir cultura como promoter de festas no centro da capital carioca. Em meados dos anos 1990, disposto a criar formas de educar jovens, descriminalizar a arte que vem das ruas e difundir a cultura africana presente na sociedade brasileira, criou o Grupo Cultural AfroReggae.

O projeto nasceu como oficinas de reciclagem de lixo, percussão e dança dentro da favela de Vigário Geral e hoje é uma potente produtora audiovisual, responsável por títulos como “Conexões Urbanas”, “No Rastro do Crime” e “Betinho: No Fio da Navalha”, entre outros. “Gosto de me envolver com histórias brasileiras. E é importante que elas tenham algum poder de reflexão sobre o público. Por isso, sempre proponho diversos pontos de vista no roteiro, para que o telespectador se identifique e tire suas próprias impressões”, analisa Júnior.

P – O caos da segurança pública é o mote de outras produções criadas por você, como “A Divisão” e “Arcanjo Renegado”. O que “O Jogo que Mudou a História” agrega a esse universo?

R – Essa série chega ao público como uma espécie de origem de tudo. Ao longo dos episódios, a gente vai mostrando o nascimento da primeira grande facção do narcotráfico brasileiro, fundada no final dos anos 1970. O texto explora os desdobramentos a partir do início dessa organização e de outras menores. Assim como nas outras séries, o protagonismo foge um pouco do usual.

P – Em que sentido?

R – O eixo central da trama é do ponto de vista do preso, do povo comum, do agente penitenciário. Normalmente, em filmes e séries de tevê, é mostrada a história sob o ponto de vista da polícia ou do jornalista, não dos protagonistas reais.

P – “O Jogo que Mudou a História” tem 12 protagonistas. Como se deu a escalação?

R – A gente se preocupou com a coerência e o realismo da série. Então, me orgulho de reunir um elenco diverso e que está totalmente em sintonia com os personagens. Temos a honra de ter nomes como Jonathan Azevedo, Bukassa Kabengele, Pedro Wagner e Jaílson Silva em papéis importantes. Todo o resto do elenco segue essa mesma composição de pessoas pretas, das favelas e nordestinas, refletindo a realidade brasileira e exaltando essa grande massa popular.

P – Como foi o processo de pesquisa para a série?

R – São histórias com pouca ou quase nenhuma documentação oficial. Não li livro algum, não tive referência. A base da minha pesquisa são as minhas memórias, coisas que ouvi e pessoas com quem conversei. Esses criminosos retratados na série eram considerados popstars. Eram pessoas admiradas pela comunidade, tinham um lado Robin Hood. Conversei com muitas pessoas presas à época, com agentes penitenciários, além de consultores e egressos do sistema penal.

P – As gravações da série privilegiaram locações reais. Qual a importância dessa decisão?

R - A série ganha em veracidade. A gente não queria um Rio de Janeiro inventado ou turístico. Então, gravamos em favelas como Tavares Bastos, Vigário Geral, Parada de Lucas, Dique e Rocinha, onde boa parte do que está sendo dito no texto realmente aconteceu. Além disso, também conseguimos fazer cenas no Complexo Penitenciário Frei Caneca, já fechado, e em Bangu 1, que está ativo.  

O Jogo que Mudou a História” – Globoplay – Primeira temporada disponível.

 

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