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Opinião Sexta-feira, 07 de Março de 2025, 08:34 - A | A

07 de Março de 2025, 08h:34 - A | A

Opinião / 8 de Março

A Luta feminina não é apenas sobre datas, mas sobre conquistas reais

Por que ainda precisamos falar sobre o Dia Internacional da Mulher?



Elisa Gomes Machado

Todos os anos, o dia 8 de março chega carregado de homenagens, flores e frases motivacionais. Mas será que a data deve ser apenas uma celebração? Ou devemos usá-la como um lembrete de que a luta das mulheres está longe de acabar? A história nos mostra que os direitos femininos nunca foram concedidos de bom grado — eles foram conquistados.

Desde as operárias têxteis do século XIX, que ousaram se levantar contra condições de trabalho desumanas, até as mulheres que ocupam cargos de liderança hoje, cada passo foi marcado por resistência e enfrentamento. Apesar dos avanços, as estatísticas não mentem: as mulheres ainda ganham menos que os homens, são minoria na política, enfrentam barreiras no empreendedorismo e no mercado de trabalho. Se a luta fosse apenas uma lembrança do passado, esses números não seriam tão alarmantes.

Mulheres no poder: avanço ou concessão tardia?

A presença feminina na política tem aumentado, mas será que podemos chamar isso de uma vitória? O Brasil tem mais de 50% da população composta por mulheres, mas no Congresso Nacional elas ocupam menos de 18% das cadeiras. Isso não reflete uma democracia justa — reflete um sistema que ainda impõe obstáculos para que as mulheres participem ativamente da tomada de decisões.

Segundo o Sebrae, mais de 30% dos negócios no Brasil são liderados por mulheres

Nos municípios, a realidade não é diferente. Mato Grosso, por exemplo, registrou um avanço com 277 mulheres eleitas vereadoras em 2024, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Mas isso representa apenas 20% das cadeiras, um número ainda tímido. Em Alta Floresta, a participação feminina no Executivo é praticamente inexistente: apenas uma mulher foi prefeita na história da cidade. Diante disso, a pergunta que fica é: estamos realmente abrindo espaço para a voz feminina ou apenas concedendo migalhas para cumprir cotas?

O mercado de trabalho ainda é um campo de batalha A luta não se resume à política. No mercado de trabalho, as mulheres enfrentam barreiras que seus colegas homens sequer precisam considerar. Seja no setor corporativo ou no empreendedorismo, as dificuldades persistem. Segundo o Sebrae, mais de 30% dos negócios no Brasil são liderados por mulheres. Um dado animador, mas que esconde desafios.

A maioria dessas empreendedoras não abriu seu próprio negócio por opção, mas por necessidade — seja pela falta de oportunidades no mercado formal ou pela desigualdade salarial que torna inviável sua permanência em certas empresas. Além disso, o acesso ao crédito ainda é limitado para mulheres empreendedoras.

O preconceito e a desconfiança do mercado em relação às suas capacidades gerenciais são barreiras invisíveis, mas extremamente reais. Se as mulheres já provaram sua competência incontáveis vezes, por que ainda precisam fazer o dobro de esforço para serem levadas a sério?

Cinema, esporte, ciência: quando as mulheres terão espaço igualitário?

Quando Kathryn Bigelow se tornou a primeira mulher a ganhar um Oscar de Melhor Direção em 2010, o que deveria ter sido um marco se tornou um lembrete do atraso da indústria cinematográfica. Décadas de premiações e apenas uma mulher reconhecida na principal categoria de direção.

Isso é representatividade ou é um sintoma do problema? A desigualdade também é evidente no esporte e na ciência. O futebol feminino, por exemplo, ainda luta por reconhecimento e patrocínio, enquanto as cientistas precisam batalhar pelo mesmo respeito e financiamento que seus colegas homens recebem sem questionamentos. Se a questão fosse apenas "falta de interesse do público", por que sempre que uma mulher conquista um espaço, ela arrasta multidões consigo?

O futuro é das mulheres — e isso não é um pedido, é um fato

O Dia Internacional da Mulher não é um presente. Não é um favor. E, definitivamente, não é sobre flores e mensagens prontas. É sobre lembrar que a luta não acabou. É sobre reconhecer que cada direito conquistado veio de muito suor, resistência e enfrentamento. As mulheres não querem concessões — querem oportunidades justas.

Querem que suas vozes sejam ouvidas não apenas no dia 8 de março, mas em todos os dias do ano. A pergunta que fica para a sociedade é: até quando a luta das mulheres precisará ser reforçada?

Até quando precisaremos lembrar que equidade não deveria ser uma pauta feminista, mas sim uma prioridade universal? O futuro pertence a quem luta por ele. E as mulheres já provaram que não vão parar.

  Elisa Gomes Machado é  Vereadora de Alta Floresta pelo União Brasil

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