José Vieira do Nascimento
A redivisão de Mato Grosso para a criação do Estado Mato Grosso do Norte voltou ao debate, através de artigo escrito pelo jornalista e escritor, Eduardo Gomes, e publicado pelo portal Mato Grosso do Norte online, com grande repercussão.
O tema é delicado e, antes de tudo, cabe observar que não se deve conduzir esta discussão para o campo ideológico, de descontentamento com o atual governo ou sentimento de extremismo de querer, pura e simplesmente, a redivisão de Mato Grosso.
Mas sim, ser debatido com sobriedade e, sobretudo, considerando informações técnicas oficiais, percas e ganhos, a respeito da viabilidade econômica e geográfica de se criar um novo Estado na Federação.
No entanto, considerando que Mato Grosso é um Estado de dimensões continentais. Sua extensão territorial é de 903.329,700 quilômetros quadrados, o que corresponde a 10,6% do território brasileiro, terceiro maior Estado do Brasil, é cabível esta pauta ser posta sobre a mesa.
Alguém que mora em Vila Rica, na divisa com o Estado do Pará à Nordeste de Mato Grosso, está a 1.266 quilômetros distante de Cuiabá. Para superar esta distância, de carro, demora-se até 36 horas de viagem. Assim como outras cidades em que o cidadão está muito longe de onde se concentram as sedes dos Poderes políticos, judiciais e serviços específicos.
Portanto, com a criação de um novo Estado e a capital em Alta Floresta, o povo estaria mais perto da nova capital. O morador de Nova Bandeirantes, que hoje tem que viajar quase mil quilômetros para chegar à Cuiabá, estaria a menos de 250 km da capital.
São poucas as cidades de Mato Grosso atendidas com voos comerciais de companhias áreas. Na região Norte, apenas Alta Floresta, Sinop e Sorriso. Entretanto, para grande parte da população, o valor das passagens é inacessível devido a alta tarifa praticada pelas empresas. E quando necessita ir na capital do Estado, a maioria dos moradores, permanece por longas horas dentro de um ônibus.
Alguém que mora em Vila Rica, na divisa com o Estado do Pará à Nordeste de Mato Grosso, está a 1.266 quilômetros distante de Cuiabá
Contudo, para se criar um novo Estado, existiriam muitos obstáculos a serem superados. Os principais políticos de Mato Grosso, que tem base em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, seriam contra uma revisão territorial. Assim como a população destas cidades, onde se concentram os maiores colégios eleitorais do Mato Grosso. No caso de uma consulta plesbicitaria, a região Norte estaria em desvantagem e a proposta dificilmente passaria.
Redividido, os dois Matos Grossos continuariam grandes e viabilizados economicamente. Temos PIB (Produtos Interno Bruto) para azeitar o funcionamento da máquina, manter a qualidade dos serviços e promover crescimento, de acordo com a realidade de cada Estado. Por outro lado, se tornaria uma máquina pública mais leve e mais fácil de ser administrada.
Hoje, diariamente, de todos os municípios da região, partem ônibus das prefeituras, levando pacientes para serem atendidos em Cuiabá, congestionando os hospitais e impactando ainda mais o exaurido sistema público de saúde.
E isto também mudaria com um novo Estado. As pessoas não precisariam ir tão distante em busca de tratamento e haveria um alívio que favoreceria a população de Cuiabá.
Por muitas décadas, o Norte permaneceu esquecido, recebendo apenas migalhas básicas dos governantes.
Neste Governo, a região está recebendo investimentos em sua logística, que estão promovendo um grande avanço e motivando expectativas para uma nova realidade de progresso e transformações, que trazem impactos positivos no cotidiano dos moradores. As obras de asfaltos de rodovias que cortam o Estado, reduzem a distância e o sofrimento do povo. Mauro Mendes teve a sensibilidade de olhar o Estado como um todo, diferente de muitos outros governadores.
Porém, esta Nova fase econômica também está servindo para os municípios mais ao extremo Norte, externarem seus respectivos potenciais, inimagináveis até há poucos anos atrás. Uma nova fronteira que resplandece e, involuntariamente, parece sonhar com identidade própria.
A criação de um novo Estado, a princípio, tem um custo, mas que, a longo prozo, seria recompensado. Mato Grosso é uma terra de oportunidades. Todavia, redividir pode ser uma forma de abreviar o progresso! Há o exemplo do próprio Mato Grosso e Tocantins, que crescem acima da média com relação aos demais Estado da federação.
Aos que dizem que é um sonho isto acontecer, e daí? Sonhar é o princípio de tudo. Quem não sonha não realiza nada. Juscelino Kubitschek, JK, (+1902-1976) tinha um sonho e construiu Brasília no meio do nada. Cristóvão Colombo (+1451-1506) também sonhava e descobriu a América. E o navegador Vasco da Gama (+1469-1524), descobriu o caminho marítimo para a Índia, depois que muitos tentaram e desistiram.
O Estado de Mato Grosso do Norte pode ser mesmo um sonho!
Mas todos temos direito de sonhar? E este é um sonho plausível e exequível... Que certamente um dia irá acontecer.