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Política Segunda-feira, 26 de Agosto de 2024, 08:17 - A | A

26 de Agosto de 2024, 08h:17 - A | A

Política / Pista do Cabeça

“Ao ser anexado à Alta Floresta deixamos de ser distrito e fomos abandonados” diz Minoru Yoshiskawa

Minoru é agrimensor e fez o planejamento do distrito União da serra, a Pista do Cabeça, que deixou de ser distrito ao ser incorporado à Alta Floresta



José Vieira
Mato Grosso do Norte

Localizada a 72 quilômetros de Alta Floresta nas margens da rodovia MT-325, a localidade conhecida como Pista do Cabeça, está relegada ao mais completo abandono e esquecida pelo poder público municipal, desde de quando foi anexada ao território de Alta Floresta, proveniente de Nova Canaã do Norte, e ainda perdeu o status de distrito.

A vila surgiu no início da década de “80” motivada pela atividade garimpeira e pertencia ao município de Nova Canaã do Norte. Em 8 de novembro de 1989 foi transformado em distrito pelo então prefeito de Nova Canaã do Norte, Evaldo Jung, com o bucólico nome de União da Serra, após o projeto ter sido aprovado pela Câmara Municipal.

A transformação do aglomerado em distrito resultou da audácia e do trabalho do Agrimensor, Minoru Yoshiskawa, japonês naturalizado brasileiro. Ele chegou no Brasil ainda recém-formado no ano de 1955, e veio para a Pista do Cabeça em 1987, para realizar serviços na região como agrimensor.

Minoru é um cara visionários e entendeu à época, que com uma região vasta, com municípios de grande extensão territorial e diversas comunidades distantes dos centros urbanos se constituindo através dos desbravadores, para promover o desenvolvimento seria necessário a criação de distritos.

E assim, Minoru coordenou a implantação de três distritos, todos no município de Nova Canaã do Norte: Colorado do Norte, distrito Ouro Branco e União da Serra (Pista do Cabeça).

A gestão municipal de Nova Canaã do Norte dispensava atenção especial ao então distrito.

De acordo com Minoru, o prefeito Evaldo Jung apoiou a formação da Associação Comunitária Novo Cruzeiro, que nasceu com o objetivo de planejar as ações para melhorar a vida dos moradores, e que teve como presidente, Orestes de Jesus Guimarães.

Ele relembra que o distrito vivia clima de euforia e de muita movimentação econômica, até que aconteceu uma revisão territorial e o Distrito União da Serra foi anexado ao território de Alta Floresta.

A partir de então, os gestores de Alta Floresta, sem distinção, trataram a localidade com descaso.

Ao passar a fazer parte do município, de imediato, lhe foi retirado o status de distrito, a população se viu abandonada, sem assistência e a situação tornou-se a cada ano mais caótica.

A possibilidade de o distrito ser incorporado à Alta Floresta, segundo Minoru, começou a ser discutido com o então deputado estadual Leonildo Menin, pois a Assembleia Legislativa estava debatendo a revisão territorial de cerca de 13 municípios de Mato Grosso. O projeto avançou e o distrito foi anexado à Alta Floresta.

Entretanto, a gestão municipal que estava a frente do município, não aceitou que a Pista do Cabeça permanecesse como distrito. Na opinião de Minoru, esta decisão impactou negativamente o processo de crescimento da localidade.

“Até hoje não entendo por quê o então prefeito, na época o senhor Robson Silva, quando a União da Serra passou a fazer parte de Alta Floresta, não quis mais que continuasse como distrito. A gente pensava que iria melhorar mais ainda a nossa região. Entregamos um distrito, mas Alta Floresta não reconheceu e desde então ficamos abandonados, infelizmente. E também parou o progresso e chegamos à situação em que está agora”, afirma Minoru.

Desde então, conforme ele, o progresso que avançava a passos largos se transformou em retrocesso.

"Havia exatoria, Correio, política social e assistência através de Nova Canaã, além de outros serviços públicos, que deixaram de existir. E aconteceu que muitos moradores se desestimularam e foram embora diante desta situação de abandono”, lamenta Minoru.

No entanto, Minoru assegura que se a Pista do Cabeça for reativada como distrito, haverá uma retomada do crescimento e a recuperação da autoestima dos moradores.

“Somos distrito criado, é só falta Alta Floresta reconhecer”, enfatiza, afirmando que agora, o asfalto da MT 325 e a produção de grãos são fatores que favorecem para que a localidade possa ser reativada como distrito.

“Somos um distrito e nunca deixamos de ser. Apenas a política de Alta Floresta não nos reconheceu!”, acusa o pioneiro.

Aos 88 anos, Minoru segue lúcido e sonhador e nunca perdeu a esperança de a Pista do Cabeça ser reconhecida com a valorização e o respeito que merece.

Porém, para que isto aconteça, Minoru assegura que a população tanto do núcleo urbano como das comunidades adjacentes, devem sair do marasmo, querer e ter disposição para cobrar os seus direitos.

“Somos várias comunidades, temos o assentamento. Mas precisamos de líderes com vontade para unir este povo e cobrar nossos direitos. Se permanecermos dispersos e desunidos, vamos continuar abandonados como sempre estivemos nos últimos 25 anos”, aponta Minoru.

Os outros dois distritos planejados por Minoru, Colorado e Ouro Branco, continuam existindo no município de Nova Canaã do Norte.

MT Norte

aa

 

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