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Atualidades Sexta-feira, 06 de Setembro de 2024, 08:24 - A | A

06 de Setembro de 2024, 08h:24 - A | A

Atualidades / Emergência

Municípios ignoram alertas e não tem estratégia adequada de prevenção aos incêndios

Especialistas alertaram para a onda de calor intensa e baixa umidade, que deixam a vegetação seca e propícia para os incêndios. Nos últimos 8 meses, mais de 3,4 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo em Mato Grosso



José Vieira
Mato Grosso do Norte

O mês de agosto, considerado o mais quente dos últimos 14 anos, terminou com uma média de 800 incêndios por dia no Estado de Mato Grosso e um total de 16.617 focos de calor, segundo dados do programa BDQ Queimadas do INP - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Setembro, considerado o pico da seca, apesar do decreto de Emergência do governo Estadual, começou registrando temperaturas ainda mais elevadas e crescimento no número de focos de calor em todo o Estado. Até na manhã de quarta-feira, 1.800 incêndios já haviam sido registrados nos primeiros 4 dias do mês. E Mato Grosso lidera o número de queimadas do país.

A cada dia a situação climática parece se complicar ainda mais. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou um alerta, nesta quinta-feira, 5, de grande perigo para baixa umidade em oito estados. Mato Grosso está na lista.

A lista dos municípios afetados pode ser conferida no site do Inmet. O instituto alerta para o risco de incêndios florestais e impactos na saúde humana.

Nos últimos 8 meses, mais de 3,4 milhões de hectares foram destruídos pelo fogo em Mato Grosso. Os dados são do ICV - Instituto Centro de Vida.

O impacto negativa da estiagem prolongada aliado aos incêndios, na economia são muitos. Na área agrícola, de acordo com a Conab - Companhia Nacional de Abastecimento - haverá uma redução na produção de produtos como milho, soja e cana de açúcar. Com isto, haverá uma queda na oferta de etanol de cana e de milho por falta de matéria prima disponível.

A onda de calor, conforme o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso - Acrimat- Oswaldo Ribeiro Júnior, também interfere na pecuária, ao comprometer o ganho de peso dos animais.Acrescido a isto, em Mato Grosso, os pecuaristas também tiverem prejuízos com animais mortos pelo fogo, queimada de pastagem e de cerca destruídas pelos incêndios.

Os especialistas vinham alertando para um cenário devastador. Com o clima seco e a baixa umidade se torna propícia para os incêndios que vem se alastrando por todo o Estado, até mesmo em reservas florestais como o Parque Cristalino, em Alta Floresta e Novo Mundo. A vegetação está sendo devastada pelo fogo.

No entanto, mesmo com os alertas, as medidas de prevenção foram ignoradas pelas autoridades competentes. O especialista em fogo e biólogo, Romildo Gonçalvez, enfatiza que a falta de procedimentos adequados para prevenir, controlar e combater o fogo é um dos fatores responsáveis pela piora do cenário.

“A estiagem forte e intensa faz com que a vegetação fique ressequida e própria para pegar fogo. E qualquer pequeno fogo tem potencial para logo se transformar em incêndio florestal de grandes proporções”, diz o biólogo.

Ele alerta que no mês de outubro ainda há a possibilidade de fogo no Estado de Mato Grosso e no país.

Sem campanhas - Apesar do cenário alarmante, nenhum município da região se preocupou em realizar campanha de publicidades para orientar e tentar prevenir sobre os focos de incêndios.
Grande parte dos incêndios tem na origem a ação humana, seja criminosa ou de responsabilidade.

Entretanto, apesar da situação emergencial, os gestores públicos alegam que devido ao período eleitoral está vedado os investimentos em publicidade.

Nenhuma prefeitura ou Câmara Municipal realizaram campanhas de prevenção, para alertar e conscientizar a população sobre as consequências dos incêndios.

Em Alta Floresta, onde há uma grande quantidade de focos de incêndios, também não há campanha de prevenção e conscientização.

A Prefeitura de Alta Floresta alega que questionou a juíza eleitoral, Janaína Rebicci Dezanetti, sobre a possibilidade de investir em campanhas de prevenção de incêndios durante o período eleitoral.

No entanto, a magistrada respondeu que, apesar de não haver pedidos formais contra tais investimentos, não poderia antecipar um posicionamento sobre o mérito da questão, ressaltando que a publicidade planejada, a campanha ‘Alta Floresta Sem Fogo’, é uma prática comum e não se encaixaria nas restrições da Lei 9.504/97.

Após a resposta, os gestores decidiram não investir cerca de R$ 50 mil que estavam destinados para campanhas de prevenção e a campanha não foi realizada.

Diante do silêncio das prefeituras municipais, e da ausência de estratégia de prevenção adequada, a região está em chamas, registrando uma grande quantidade de focos de calor e extensas áreas já foram consumidas pelos incêndios.

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