por Geraldo Bessa TV Press
Dedicada à carreira musical e atuando de forma esporádica em projetos para o cinema e streaming nos últimos anos, há tempos que Lellê vinha planejando um retorno aos folhetins. Quase uma década longe das produções de longa duração – a última foi o sucesso “Totalmente Demais”, de 2015 –, o convite para integrar o elenco de “Volta por Cima” surgiu em total sintonia com as atuais pretensões artísticas da atriz e cantora. Além da animação do reencontro com os Estúdios Globo, as primeiras conversas com a autora Claudia Souto e a diretora Natália Grimberg deixaram a atriz extremamente surpresa com o perfil de sua personagem, a socialite Silvinha. “A Silvinha é uma preta herdeira. É uma jovem consciente do que tem e do que pode proporcionar, passa longe de qualquer exagero ou excentricidade. Quando comecei a ler o texto, me surpreendi positivamente e me emocionei de verdade. É um papel muito importante, capaz de quebrar estereótipos e inspirar. Foi paixão à primeira leitura”, avalia.
Na trama, Silvinha é neta da milionária Mariazinha Pires de Saboia, papel vivido pela saudosa Aracy Balabanian em “Pega-Pega”, trama assinada por Souto em 2017. Criada no exterior, a jovem decide passar uma temporada no Brasil para ficar mais próxima dos negócios mantidos pela família e identifica alguns problemas de gestão na rede de academias de ginástica do clã. “A Silvinha sabe o valor das coisas. Por isso, ao perceber que este empreendimento não está sendo tão lucrativo, faz com que a revitalização desse negócio se torne uma missão pessoal”, conta.
No meio do caminho, a personagem acaba se encantando por Nando, papel de João Gabriel D'Aleluia
Além disso, também se torna um porto-seguro na vida dos Góis de Macedo, família formada pelos irmãos Belisa, Joyce e Gigi, de Betty Faria, Drica Moraes e Rodrigo Fagundes. “São todos velhos conhecidos e a Silvinha sabe das dificuldades que os três passam. Como minha personagem é muito solitária, acaba dando uma força para eles. Somos parte do núcleo cômico e, além da diversão, estou aprendendo na companhia desse elenco valioso”, elogia.
Sempre que começa a preparação para alguma personagem, a primeira atitude de Lellê é buscar em seu próprio repertório ou procurar exemplos próximos que possam servir de inspiração e referência para o papel. No caso de Silvinha, a missão se tornou mais complexa. “Não sou herdeira e não conheço ninguém que chegue perto disso. Mergulhei em uma pesquisa extensa buscando por pessoas que são bem sucedidas por conta de herança, mas que também buscam fazer a sua parte para que aquele dinheiro não seja apenas vaidade. Aí comecei também a ir atrás de referências de ancestralidade de Reis e Rainhas pretas”, explica.
O processo de caracterização e o início das gravações no cenário e na locação que servem como residência da personagem também ajudaram a encontrar o tom para o papel. “O cenário tem detalhes muito ricos, que refletem um pouco a personagem, com muitas pinturas e esculturas que evidenciam a cultura do continente africano. Precisava desse espaço para me sentir segura em cena”, avalia.
Natural do Rio de Janeiro, a relação de Lellê com o universo artístico se desenvolveu através da dança. Aos 14 anos, ela já era um dos destaques dos eventos da “Batalha do Passinho”, competição de dança passinho/funk que percorreu a capital carioca entre 2011 e 2013 e que rendeu frutos, como uma grande ação publicitária para a Coca-Cola, o lançamento de um documentário e a formação do grupo Dream Team do Passinho, onde Lellê assumiu o posto de cantora e compositora. Paralelamente, ao passar em um teste para a extinta “Malhação”, a carreira de atriz também foi se estruturando. “É realmente muito trabalhoso conciliar a música e a atuação. Mas, como são minhas duas grandes paixões, faço sempre com alegria e gratidão por ter a oportunidade de mostrar meu trabalho”, valoriza.
Em carreira solo desde 2018, Lellê continuou lançando músicas e fazendo shows enquanto atuava em produções como “Ricos de Amor 2” e “União Estável”, da Netflix, além de “Nosso Sonho”, a cinebiografia da dupla Claudinho e Buchecha. “Estava com saudade do carinho do público da tevê aberta. Gosto de ter a liberdade de trabalhar com o que eu quero e toda a mensagem que 'Volta por Cima' carrega me convenceu que era o momento de voltar a me dedicar a uma novela”, garante.
“Volta por Cima” – Globo – de segunda a sábado, às 19h20.