Mato Grosso do Norte
por Caroline BorgesTV Press
A personalidade forte e as opiniões seguras de Vanessa Gerbelli saltam aos olhos. E suas personagens complexas e intensas sempre evidenciaram essas características, como a vilã Elza, de "Prova de Amor", e a densa Juliana, de "Em Família". No ar em "Malhação", a atriz encontra na doce mãe de família Ana Lúcia um ponto de diversificação em sua carreira e uma importante chance de mostrar uma nova faceta de seu trabalho na televisão. "A tevê expõe a gente durante muito tempo a uma mesma energia de um personagem. Todo ator busca diversidade. Isso é bom para renovar nosso repertório artístico diante do público", explica. Na história escrita por Emanuel Jacobina, Ana Lúcia convive com a frustração de ter renegado sua vida profissional para criar os filhos e cuidar da casa. "Nunca fui mãe de um adolescente na ficção. Falo da maternidade de um lugar mais maduro. É um trabalho que conta com cenas diferentes das que eu vinha fazendo", ressalta.
Nascida em São Bernardo do Campo, em São Paulo, Vanessa exibe a segurança de quem trabalha com o que realmente gosta. Aos 42 anos, a atriz aproveitou as oportunidades que a televisão lhe ofereceu para ganhar cada vez mais espaço no vídeo. E foi a partir da repercussão da sofrida Fernanda, de "Mulheres Apaixonadas", de 2003, que conquistou maior destaque. O veículo, inclusive, ajudou a impulsionar seu trabalho nos palcos nos últimos anos. "A visibilidade da tevê é muito boa para o teatro. Isso é inegável. Claro que há o público fiel do teatro. Mas a televisão chama muito", avalia.
P – O processo de escalação para novelas globais começa cada vez mais cedo. Quando você ficou sabendo que faria "Malhação"?
R – Eu ainda estava gravando "Sete Vidas" quando o Leonardo Nogueira (diretor) veio conversar comigo. Tínhamos feito "Em Família'' juntos e foi ótimo trabalhar com ele. Nunca tinha feito ''Malhação" e acho um projeto com um foco interessante. Gosto de me misturar nesse universo jovem. É um público muito passional.
P – Era um desejo seu emendar trabalhos na tevê neste momento?
R – Não sou muito de planejar. Acho que simplesmente aconteceu e decidi embarcar. Em televisão, estamos sempre muito à mercê de convites. Mas emendar trabalhos com tão pouco tempo entre os projetos nunca tinha me acontecido. Foi uma experiência boa para me desligar de um personagem e entrar em outro logo depois.
P – Como foi seu processo de composição para a personagem?
R – Participei de um "workshop" ministrado pelo Eduardo Milewicz com todo o meu núcleo familiar. A ideia era se aprofundar nas nuances e nas questões dessa família. Procurar maior intimidade nas relações pai e filho ou marido e mulher, por exemplo. Foi bom para poder fortalecer nosso entrosamento em cena. Mas procurei me basear bastante no texto do Jacobina.
P – Por quê?
R – O texto é muito carregado de informação. O Jacobina coloca as peculiaridades de cada personagem de forma sutil, mas muito presente. Não é um texto que demande muita elucubração ou longas viagens de pensamento. Ele anuncia muito bem o que cada personagem deve fazer.
P – Além da tevê, você tem um lado bastante ativo nos palcos também. É uma necessidade sua conciliar os dois veículos?
R – Minha meta é nunca parar de fazer teatro. É no palco que a gente pode respirar, reciclar e manter uma troca mais direta com o público. Acho muito importante para um ator de televisão ter experiências no teatro. É lá que você tem contato com textos clássicos que são fundamentais para o entendimento de outras histórias.
"Malhação'' – Globo – De segunda a sexta, às 17:40 h.