Jornal Mato Grosso do Norte
por Geraldo Bessa
TV Press
Ter um vilão para chamar de seu é o desejo de boa parte dos atores. Aos 23 anos, Sérgio Malheiros vem passando pela "prova de fogo" na pele do torpe Jacaré de "Totalmente Demais". Para o ator, a experiência é enriquecedora, apesar da forte carga dramática a cada novo dia de gravação. "Retratar as maldades do personagem requer muita concentração e esforço físico. Era algo esperado por mim e o Jacaré supera as expectativas. Ele é daquele tipo de bandido capaz de qualquer coisa e agita a trama", detalha.
Natural do Rio de Janeiro, Sérgio está na televisão desde que se entende por gente. A estreia foi aos cinco anos de idade no "Samba, Pagode & Cia", programa exibido pela Globo no final dos anos 1990. Após participar do divertido "Gente Inocente" e de fazer pequenas "pontas" em novelas, o primeiro papel de destaque surgiu no sucesso "Da Cor do Pecado", trama de 2004. "Foi onde as pessoas começaram a me ver como ator. Uma novela linda e que me abriu muitas portas", analisa. Contratado da Record entre 2006 e 2012, onde atuou em folhetins como "Bicho do Mato" e "Vidas em Jogo", Sérgio voltou à Globo em "Cheias de Charme" e vem construindo uma frutífera e plural trajetória em produções como "Sangue Bom", "Alto Astral" e a atual "Totalmente Demais". "Tenho uma ligação muito forte com o horário das sete. Estou feliz com as oportunidades e espero personagens cada vez mais difíceis", ressalta, com o sorriso no rosto que lhe é peculiar.
P – Seu personagem é um dos pontos mais densos da trama predominantemente leve de "Totalmente Demais". Como é encarar as crueldades de um vilão pela primeira vez?
R – Eu sabia que o Jacaré seria bem mau, do tipo indefensável, mas o que se desenvolveu ao longo do capítulos foi mais forte do que eu previ. Os textos chegavam e tudo só foi se tornando cada vez mais complexo. Jacaré não só importunou a vida do protagonista, como fez mal para boa parte dos outros personagens, assaltando, extorquindo e agredindo. Não é um tipo fácil. Não é o vilão com humor.
P – Você sente esse "peso" até fora do ar?
R – Faço e digo coisas absurdas para os meus colegas de elenco (risos). Mas o clima das gravações reflete muito bem o que a novela passa. É tudo leve e divertido. Conheço e já trabalhei com alguns atores e pessoas da equipe técnica e isso ajuda a deixar o clima ainda mais familiar. Então, quando saio de uma cena pesada, tenho o suporte dessas pessoas e volto para casa da forma mais tranquila possível. O Jacaré fica no estúdio.
P – Com passagens pela Globo e pela Record, você mantém um ritmo intenso de trabalho desde que se destacou em "Da Cor do Pecado", de 2004, e não ficou fora do ar desde então. Em algum momento, teve receio de cair no esquecimento e entrar para a estatística de atores que fazem sucesso apenas quando crianças?
R – Acho que todo mundo que começa cedo tem esse medo (risos). Mas não busquei trabalhar de forma frequente apenas por precaução, mas sim porque sou extremamente apaixonado pelo que faço. Contornei esse receio de outras formas, fazendo faculdade de Cinema, experimentando linguagens e formatos fora da tevê e vendo quais outras possibilidades eu teria caso me faltasse trabalho. Quando não estou no ar, invisto meu tempo no entretenimento também.
P – Tornar-se diretor está entre os seus planos futuros?
R – É difícil prever se um dia eu trabalharei apenas como diretor. Mas é algo que faço com tanto empenho e paixão quanto atuar. A primeira vez que pisei em um estúdio de televisão eu tinha uns cinco anos de idade e participava do "Samba Pagode & Cia". O caminho até aqui envolve outros programas e 11 novelas. Ainda tenho muito a batalhar, mas acho que aprendi e fui muito influenciado pelos diretores que me guiaram até aqui. É uma possibilidade. Mas acho que sempre vou querer atuar de forma paralela.
P – Entre seus últimos papéis, qual você acha que o auxiliou na transição de personagens infantis para tipos mais adultos?
R – Esse é um ponto delicado na vida de quem fez sucesso quando criança. Não sei se um dia terei um personagem com a popularidade do Raí, de "Da Cor do Pecado", mas não deixo isso parar a minha vida. Corri atrás dos meus objetivos e me deparei com personagens realmente instigantes. Acho que o Jonas de "Sangue Bom", o Emerson de "Alto Astral" e, sobretudo, o Jacaré de "Totalmente Demais" evidenciam bem o amadurecimento e a maior complexidade dos meus personagens na televisão. Estou feliz com meu primeiro vilão, acho que já estava mais do que na hora dele aparecer (risos).
"Totalmente Demais" – Globo – De segunda a sábado, às 19:25 h.