Carta Z Notícias
LUANA BORGES
TV PRESS
É na voz serena que Luís Melo deixa transparecer toda sua tranquilidade. Assim como na maneira como conduz a carreira. E talvez seja essa justamente a característica que mais o aproxima de seu atual papel na tevê, o Tanaka de "Sol Nascente". Neto de um americano e de uma japonesa, o personagem tem a calma como sua principal aliada e mantém alguns costumes orientais no seu dia a dia. Algo com o qual o ator se identificou completamente. "Eu, particularmente, sou um admirador grande da cultura japonesa. Todo meu trabalho sempre foi marcado por isso, sempre tive muita influência do cinema japonês, por exemplo. Quem me acompanha no teatro sabe disso. É tão bom poder passar um pouco disso para o público", anima-se.
Como a novela das 18 horas retrata algumas culturas bem diferentes entre si, Luís teve a oportunidade de gravar cenas em vários lugares. Entre eles, em cidades litorâneas do estado do Rio de Janeiro como Angra dos Reis, Arraial do Cabo e Búzios, além do interior de São Paulo e capital. "A novela é muito rica, mostra os italianos e os japoneses. Então, existem diferenças arquitetônicas, por exemplo, e é interessante perceber que isso está impresso em vários locais que foram usados como cenários", conta.
P – Quando você foi convidado para interpretar Tanaka, o que mais chamou sua atenção neste projeto?
R – "Sol Nascente" é uma novela para cima, que fala sobre amizade, sobre respeito, miscigenação. São muitas coisas positivas contadas de uma forma bastante lúdica. É uma novela solar, onde a gente tem várias "tribos". É interessante como essas pessoas convivem dentro desse espaço que é a fictícia Arraial de Sol Nascente. Claro que com seus conflitos, suas diferenças, mas, ao mesmo tempo, com respeito, amizade e amor.
P – Você é descendente de índio e de italiano, mas não de japonês. A escalação para interpretar Tanaka chegou a ser uma surpresa?
R – Me causou uma certa estranheza, mas eu sempre sou chamado se tem algum projeto que vai falar sobre a cultura oriental. Além disso, o índio é próximo do japonês. Se você reparar nos costumes, nas tradições, todos os rituais, são manifestações muito próximas. Essa delicadeza, esse amor à natureza. E vale lembrar também que a novela é uma ficção.
P – Aliás, a sua escalação sofreu algumas críticas no início da novela justamente por você não ser um ator oriental. Como encarou isso?
R – Se você percebe que é arte, vai entender e não vai precisar discutir ou fazer esse tipo de policiamento. Então, quer dizer que quem é de Recife não pode fazer um personagem mineiro? Onde está o problema na realidade? O problema está nas próprias pessoas. Mas acho legal que todo mundo se posicione.
P – O idioma japonês aparece de forma bem sutil no texto. Como funciona essa inserção de algumas palavras?
R – A gente procura dar uma pincelada em relação a isso, como em qualquer outra coisa. Se você vai fazer um mineiro, já coloca um "saborzinho de pão de queijo" ali. No japonês, acho que entra a própria tranquilidade de ver as coisas. Às vezes, a gente coloca uma coisa mais significativa em determinado momento, mas algo que seja de fácil compreensão para não ficar algum ruído para o público. A gente tem bastante cuidado em relação a isso para não ficar muito marcado e dificultar a comunicação. Eu procurei também me deixar levar um pouco por esse universo italiano.
P – Por quê?
R – Porque o Tanaka gosta dessa alegria dos italianos e respeita a todos. Esses dois patriarcas, o Tanaka e o Gaetano (Francisco Cuoco), um japonês e o outro italiano, têm um vínculo por terem deixado suas famílias quando vieram para o Brasil. Virou quase uma relação de irmãos. Me deixei levar por essa alegria.
"Sol Nascente'' – Globo – De segunda a sábado, às 18h20.