por Geraldo Bessa TV Press
Marcello Melo Jr. encontrou na arte uma vida com mais possibilidades. De origem humilde, foi a partir de medidas de integração social, como o grupo teatral Nós do Morro, projeto criado no Morro do Vidigal, Zona Sul do Rio de Janeiro, que o ator encontrou sua vocação.
“Cheguei ao Vidigal criança e, por sorte, encontrei meu caminho. A vida nem sempre foi fácil, mas, a partir do grupo, as coisas foram acontecendo. Meus personagens carregam muito dessa vontade de vencer mesmo quando tudo parece dar errado”, ressalta.
Depois de diversos papéis de destaque em séries e novelas, faltava um papel principal para celebrar a maturidade artística do ator. É por isso que ele se mostra tão empolgado em viver o complexo Mikhael, militar que protagoniza a série “Arcanjo Renegado”, coprodução da Globo, Multishow e AfroReggae Audiovisual que acaba de estrear sua terceira temporada.
“É lindo ver o público abraçando essa história e esse personagem. É importante fortalecer projetos audiovisuais feitos pelo povo preto, da favela, com olhar realista e de protesto”, avalia.
Marcello estreou na tevê com uma pequena participação em “Prova de Amor”, novela exibida pela Record em 2004
Ficou na emissora até 2009, ano em que passou no teste para um papel de destaque em “Viver a Vida”, de Manoel Carlos. A partir daí, fixou-se na Globo, onde viveu tipos populares como o Maicon da temporada 2010 de “Malhação”, o violento Jairo de “Em Família”, e o playboy Zé Bento do remake de “Renascer”.
“Tenho feito coisas muito diferentes na tevê e fico feliz de saber que as pessoas me confiam personagens tão diversos. Cada novo trabalho vai me dando mais segurança em cena. O aprendizado é constante”, garante.
P – Depois de duas temporadas de sucesso, o terceiro ano de “Arcanjo Renegado” acaba de chegar ao Globoplay. O que o Mikhael representa para sua carreira?
R – Sem dúvida, é o papel mais importante da minha trajetória. E acho que o mais legal é que estou sempre aprendendo com o Mikhael. Cada temporada vem com mais ação, novos personagens e elementos. Esse trabalho me encontrou em um momento mais maduro como ator também, eu e o personagem crescemos juntos.
P – Em que sentido?
R – Existe uma troca entre a ficção e a realidade. Empresto muito de mim para o Mikhael, mas também peguei algumas coisas dele. Em especial, a coisa de levar as coisas mais a sério. Sinto que estou mais objetivo e coerente com as escolhas pessoais e profissionais. E esse meu novo olhar sobre a vida é reflexo deste trabalho.
P – Como o Mikhael se apresenta nesta terceira temporada?
R – Os novos episódios mostram o Mikhael um pouco mais independente, em carreira solo. O personagem saí do Rio de Janeiro, do seu estado, do convívio com a família, para uma imersão na Amazônia, onde vive uma experiência em um assentamento. Porém, uma tragédia acontece e os efeitos colaterais promovem um resgate dos instintos dele, que é um cara que briga por justiça e, às vezes, acaba agindo com as próprias mãos.
P – Como foram as gravações na Floresta Amazônica?
R – Incríveis. O treinamento dessa vez foi realmente na mata, o que traz, não só para mim, como para toda equipe, muita verdade para conseguirmos transpor isso em cena. Todos ficamos muito impactados com as locações e como elas nos ajudaram a ter um tom ainda mais realista.
P – A série já está renovada para mais duas temporadas e também existe o projeto de um filme. Você teme se repetir em cena?
R – Existe uma história-base, mas em nenhum momento tenho a sensação de repetição ou que estou no piloto-automático. O personagem sempre me reserva surpresas. Na primeira temporada, ele ainda era um soldado das forças especiais da polícia do Rio de Janeiro.
Na segunda, conhecemos um lado mais renegado dele, com o episódio de estreia na África. E, na terceira, contamos a trama de um jeito diferente, mas, ainda assim, tocando em temas relacionados à segurança pública e à questão política.
“Arcanjo Renegado” – Globoplay – três temporadas disponíveis.