por Geraldo Bessa TV Press
Mesmo com uma carreira extensa e ciente de que já fez de tudo um pouco na tevê, no teatro e no cinema, Paulo Betti se emocionou de verdade com o convite para viver a versão madura de Cascão em “Turma da Mônica: Origens”, série recém-lançada pelo Globoplay.
O que mais impressionou o ator foi a sensibilidade do produtor de elenco de chegar ao seu nome para o papel. Além de ler as histórias de Maurício de Souza para suas filhas quando elas eram crianças, Paulo sempre se identificou com o garoto que morre de medo de água.
“Eu não sei como descobriram que eu adorava e me sentia conectado ao Cascão. Quando criança, não era muito chegado em banhos e minha mãe raspava meus calcanhares com caco de telha, pois ficavam cascudos”, entrega, aos risos.
Com o convite aceito, Paulo assume que ficou encantado pelo roteiro que, além da reverência aos quadrinhos, entrega uma história que consegue agradar antigos admiradores e conquistar um novo público.
“Acho que um dos grandes trunfos dessa série é o respeito à memória. Os amigos estão preocupados em estar juntos, em lembrar das coisas que viveram em conjunto”, elogia.
Durante a preparação para a série, Paulo se sentiu à vontade ao reencontrar antigos amigos como Louise Cardoso, Daniel Dantas, Malu Valle e Dhu Moraes, intérpretes adultos de Mônica, Cebolinha, Magali e Milena, respectivamente. Além disso, o ator também fez novas amizades com o elenco infantil da produção, em especial, com Bernardo Faria, que interpreta Cascão na infância.
“Essa brincadeira com o tempo me deu um maravilhoso nó na cabeça. Era muito legal ler o texto junto e ver o Bernardo atuando. Fiquei com uma vontade imensa de proteger o Cascãozinho, de passar confiança e ajudá-lo de alguma maneira, sem invadir o trabalho dele”, conta.
Com cenas ambientadas em Poços de Caldas, interior de Minas Gerais, o elenco passou três meses gravando em diversos pontos turísticos da cidade, que já serviu de locação para outras produções do universo de “Turma da Mônica”. “As gravações foram uma festa! A cidade inteira se envolveu com a produção da série e o elenco estava muito integrado”, valoriza.
Ao mesmo tempo que celebra o mais recente trabalho, Paulo também se empolga com o retorno de “Tieta”, um dos grandes sucessos de sua carreira, à faixa saudosista “Vale a Pena Ver de Novo”. Na trama de Aguinaldo Silva exibida originalmente em 1989, Paulo deu vida ao ciumento e sonhador Timóteo, cunhado da personagem-título vivida por Betty Faria.
“O Timóteo era um personagem muito engraçado e que fez muito sucesso na novela, com diversos bordões. Foi um momento muito intenso da minha carreira. ‘Tieta’ parou o país. É lindo ver a novela voltar para matar as saudades e conquistar outros corações”, destaca.
Nascido na pequena Rafard e criado em Sorocaba, ambas no interior de São Paulo, Paulo é o mais jovem de uma família de 15 irmãos
Após uma infância em um meio humilde e operário, o fascínio pelas artes o levou a partir para a capital em busca de novas possibilidades. Já conhecido dos palcos, estreou na tevê em “Como Salvar Meu Casamento”, produzida pela extinta Tupi, em 1980. Com passagens pela Band e Manchete, foi na Globo que ele conquistou seus personagens mais famosos, como o Ypiranga de “A Indomada”, o Joãozinho de “O Fim do Mundo” e, mais recentemente, o Téo de “Império”, entre outros.
Aos 72 anos, Paulo se orgulha de ter conseguido conciliar vídeo, palco e cinema com desenvoltura. “Na tevê, quase todos os papéis me foram dados. No teatro e nos filmes, tenho mais poder de seleção e autonomia”, ressalta o ator. O momento profissional, inclusive, é de muita agitação, com a turnê de duas diferentes peças, o monólogo “Autobiografia Autorizada”, e o espetáculo em grupo “Os Mambembes”, com o qual Paulo tem viajado o Brasil na companhia dos amigos Cláudia Abreu, Júlia Lemmertz, Deborah Evelyn, Orã Figueiredo, Leandro Santana e Caio Padilha.
“São projetos que me trazem diferentes sensações. No monólogo, relembro a minha infância, minha vida antes da fama. Já no espetáculo com amigos, me sinto um jovem ator em um grupo teatral, a gente tem viajado de ônibus, recebendo o carinho do público brasileiro”, vibra.
“Turma da Mônica: Origens” – oito episódios disponíveis no Globoplay. “Tieta” – de segunda a sexta, às 17h, na Globo.