por Geraldo Bessa TV Press
Cumprindo uma intensa agenda de shows em comemoração a seus 40 anos de carreira, há alguns meses que o cantor Daniel vinha idealizando algum jeito de captar esse momento para a posteridade. A primeira ideia foi gravar uma série de podcasts para alguma plataforma, onde ele receberia amigos para conversar e entoar canções. Em meio ao processo de idealização, um convite da Globo, entretanto, casou perfeitamente com as aspirações artísticas do cantor. Com total autonomia para escolher desde a locação aos convidados, ele nem pensou duas vezes para se tornar o apresentador do dominical “Viver Sertanejo”. “Não tive dúvida em dizer sim e assumir a responsabilidade de apresentar esse programa, pois ele está dentro daquilo que é a minha verdade e minha essência. Respiro a música e foi um convite para lá de especial, que me coloca diante do meu público de uma forma diferente, mais íntima”, avalia.
Natural da pequena Brotas, interior de São Paulo, Daniel sempre privilegiou sua carreira musical, mas a atuação e a tevê têm lugares de destaque em sua trajetória. A primeira vez que ele apareceu no vídeo sem ser apenas para cantar foi como apresentador substituto do “Planeta Xuxa”, durante a licença-maternidade da titular, em 1998. Nos anos seguintes, enveredou pelo cinema em longas de apelo popular como “Xuxa Requebra”, “Didi, o Cupido Trapalhão”, “O Menino da Porteira”, e também atuou na tevê no remake de “Paraíso”, de 2009. Mais recentemente, foi técnico da versão nacional da franquia “The Voice”. “Sempre tive curiosidade em atuar, em estar à frente das câmeras. Mas encaro tudo mais como uma consequência da minha vida na música”, conta.
P – “Viver Sertanejo” nasceu em meio às comemorações dos seus 40 anos de carreira. Como essa celebração foi parar na televisão? R – Tenho uma boa relação com a Globo. Já fui apresentador, já apareci em diversas novelas e fui jurado do “The Voice Brasil” em algumas temporadas. Vinha comemorando meus 40 anos de carreira com um show especial e não tinha a busca por esse programa. A verdade é que tinha vontade de fazer um podcast. Quando estava pensando sobre o formato, chegou o convite por parte da Globo para apresentar uma produção que reunia algumas ideias que estavam rondando a minha cabeça, mas também trazia a experiência da emissora.
P – O que era para ser um podcast para encontrar amigos se tornou algo mais grandioso? R – Exato. Embora a naturalidade dos encontros tenha permanecido no programa, tudo foi melhor elaborado e produzido. O resultado me surpreendeu de verdade, pois ficou muito melhor do que eu tinha imaginado. Fruto de um trabalho recheado de sintonia, que contou com o envolvimento de quase 90 pessoas.
P – Você chegou a se inspirar em algum dos clássicos programas dominicais de música sertaneja como “Sr. Brasil” e o “Viola, Minha Viola”? R – São referências naturais. Cresci acompanhando os programas feitos por Inezita Barroso, Rolando Boldrin e Lima Duarte. Tenho noção da responsabilidade de apresentar um programa aos domingos. É um dia sagrado para quem gosta dessa música da terra, de raiz. Vir depois do “Globo Rural”, então, me dá um frio na barriga. Só tive o cuidado de evitar a estética de show ou de auditório. O programa traz os amigos para dentro da minha casa, onde a gente canta, conversa e se diverte.
P – O que o levou a escolher sua própria fazenda como locação? R – Quis unir o útil ao agradável e isso me deu a possibilidade de me mostrar mesmo, na minha essência, de ser mais leve. A fazenda é um lugar muito especial para mim. Eu diria que toda essa energia da locação contribuiu para que tudo desse certo e deixasse o programa com o meu jeito. É onde que eu reúno a minha família e os amigos. A diferença é que agora esses encontros estão sendo gravados, e não apenas os números musicais, mas também os costumes da vida rural.
P – Como assim? R – Tudo o que se agrega ao estilo de vida sertanejo: a pescaria, o fogo de chão, o churrasco, o franguinho na panela, o cafezinho. A fazenda conta com uma estrutura muito legal com horta, galinheiro e muitas coisas para mostrar para o público sobre como é viver da terra, ter esse contato com a roça. Fazia tempo que eu não tomava leite tirado na hora, por exemplo, e isso está registrado em um dos episódios.
“Viver Sertanejo” – Globo – domingos, às 10h15.