por Geraldo Bessa TV Press
Mesmo com diversas avós no currículo, Dhu Moraes sentiu um peso maior ao ter de interpretar a Nilza de “Cosme e Damião – Nada Santos”. Tudo porque a personagem em questão é inspirada na avó de Cezar Maracujá, criador e protagonista da série ao lado de Rafael Portugal. “Ela foi e é uma pessoa muito importante para os meninos, uma referência. Fiquei apreensiva em não corresponder às expectativas. Porém, aos poucos, o carinho da equipe e do elenco foram me deixando à vontade e muito feliz de fazer parte dessa família”, valoriza.
Natural de Itaboraí, interior do Rio de Janeiro, Dhu é um símbolo de resistência artística e uma atriz seminal da tevê brasileira.
A estreia foi em 1970, na mítica “Irmãos Coragem”. Ao longo da década, entretanto, ela se afastou do vídeo ao investir no teatro e na carreira musical como integrante do grupo As Frenéticas, grande nome da era Disco no Brasil. Com a dissolução do grupo, em meados dos anos 1980, Dhu passou a se dedicar mais a tevê, participando de produções como “Roque Santeiro” e a primeira versão de “Sinhá Moça”. Com passagens pelo SBT e Record, a atriz tem participado cada vez mais de produções do streaming em plataformas como Netflix, Disney+ e Globoplay. Depois de um 2024 movimentado com a estreia da segunda temporada de “Encantado’s”, o lançamento de “Turma da Mônica – Laços” e de “Cosme e Damião – Nada Santos”, Dhu agora se prepara para voltar às novelas em “Êta Mundo Melhor!”, continuação de “Êta Mundo Bom!”, trama de 2016. “Estou feliz demais de rever a Manuela e todos os colegas de elenco. Foi um projeto muito lindo e voltar a esse universo é incrível”, ressalta.
P – “Cosme e Damião – Nada Santos” é seu segundo encontro profissional com o Cezar Maracujá, um dos criadores e protagonistas da série. Como foi esse reencontro? R – É o tipo de reencontro que eu quero que sempre aconteça. Eu conheci o Cezar em 2021, nas gravações de “Nada Suspeitos”, da Netflix. A primeira coisa que ele me disse, ainda na fase de ensaios, é que eu parecia muito com a avó dele. Aí ele me mostrou fotos, contou histórias dela, acabamos amigos. Em meados de 2023, ele me mandou o roteiro e, carinhosamente, me convidou para este projeto do Globoplay dizendo que não existia outra pessoa para fazer o papel de Vó Nilza.
P – É uma responsabilidade e tanto, não? R – Muita. E de fato, fiquei insegura de interpretar uma pessoa que realmente existiu e que ainda é tão importante para o Cézar e para o Rafael (Portugal). Nas primeiras leituras, o jeito que eles falavam dela me deixava mais nervosa ainda (risos). Ouvi tudo muito atentamente e, aos poucos, fui fazendo meu próprio recorte.
P – Quando se sentiu mais segura em cena? R – As gravações foram uma farra. Tudo muito leve e divertido. Mas senti que estava no caminho certo quando entrei no cenário e vi os dois chorando, emocionados. Aí vi que minha representação dessa avó estava funcionando. Eu também me emocionei muito em diversas sequências, o texto dos meninos me tocou de forma muito profunda.
P – Em que sentido? R – A série é uma espécie de viagem ao passado deles em Realengo, mas eu também embarquei em uma volta às minhas memórias. Venho de uma família grande, eu sou do interior do estado do Rio de Janeiro, mas passei um ano na casa da minha avó, em Realengo, então tive também um pouquinho dessa vivência e a série me levou para esse momento da minha vida. Foi mágico.
P – Além de “Cosme e Damião - Quase Santos”, você também tem personagens de destaque em “Encantado’s” e “Turma da Mônica - Origens”. Como você tem conciliado tantos projetos? R – Eu amo o que faço. Depois de tantos anos de carreira, é muito legal ter personagens tão diversificadas e convites interessantes chegando. Tenho conseguido falar com públicos diversos e cada uma dessas produções me toca de um jeito único. Então, me organizo direitinho para conseguir fazer tudo com calma e com a entrega de sempre.
“Cosme e Damião – Quase Santos” – Globoplay – 10 episódios disponíveis. “Turma da Mônica – Origens” – Globoplay – 8 episódios disponíveis.