POR CAROLINE BORGES
TV PRESS
Ao longo de sua trajetória como ator, Bukassa Kabengele viveu inúmeras personalidades e teve as mais diferentes experiências. A chegada ao elenco de “Mania de Você” engrossou a lista de surpresas totalmente inesperadas para o ator assim que soube das primeiras cenas do artista circense Marcel. “Eu tive de treinar malabares. Depois dos 50 anos, eu treinando malabares. Ator passa por cada coisa (risos). Foi uma experiência ótima para crescer como ser humano também”, afirma.
Na novela de João Emanuel Carneiro, Marcel é pai de criação da protagonista Viola, papel de Gabz. Abandonada quando recém-nascida pela mãe, a mocinha foi criada por Marcel em uma comunidade do Rio de Janeiro junto a outras crianças que também tiveram a sorte de encontrá-lo. Nascido em Angola, radicou-se no Brasil, onde se tornou líder de uma trupe que faz acrobacias em sinais de trânsito.
Foi uma experiência ótima para crescer como ser humano também
“Eu e a Gabz temos uma conexão muito grande. A gente traz um olhar positivo de paternidade para além do sangue, enfatizando nossa negritude”, aponta.
P – Depois de uma série de experiências no streaming, você estreou no horário nobre. O que o motivou a embarcar na trama de “Mania de Você”?
R – É uma honra estar trabalhando pela primeira vez com o João Emanuel. O Marçal é um angolano e pai adotivo da Viola, o que acho importante para a gente trazer essa africanidade para a cultura brasileira. É importante também mostrarmos o afeto entre pai e filha em cima do amor entre pretos, esse homem preto com sua filha preta. O nosso lugar é onde a gente quiser estar e trazer esse afeto tão invisibilizado que os homens pretos trazem. Tenho me surpreendido muito com esse texto.
P – Na obra das nove, você e Gabz repetem a parceria, depois de viverem pai e filha em “Amor Perfeito”. Como tem sido esse reencontro em cena?
R – Eu amo trabalhar com a Gabz. Temos muita conexão, química e diálogo construtivo e positivo. A gente tem uma intimidade e identidade muito fortes. A gente olho no olho um do outro e as coisas vão fluindo. Nossa ideia é trazer afeto e cumplicidade, um olhar positivo de paternidade para além do sangue, enfatizando nossa negritude.
P – Na história, Marcel é um artista de rua angolano. Você encontrou pontos de semelhança com a sua trajetória?
R – Sim. É uma temática muito bacana. Mostra a história dessas pessoas que vêm de fora para o Brasil. Assim como eu. Eu sou do Congo e cheguei ao Brasil com 10 anos de idade. Isso traz um recorte importante de africanidade. A história tem alguns signos que fazem parte da cultura negra do Brasil.
P – Como foi seu período de preparação para o folhetim?
R – Precisei aprender malabares para a novela. Depois dos 50 anos, eu treinando malabares. Ator passa por cada uma (risos). Mas isso é muito bom. Aprendo coisas novas e entro em universos diferentes. Isso me traz um crescimento como ser-humano.
P – Além da novela, recentemente você esteve na série “O Jogo que Mudou a História”, original Globoplay. Como tem sido a repercussão desse projeto?
R – Fiquei impressionado com o sucesso e aceitação. Sou constantemente abordado na rua sobre esse projeto. Chegam me chamando de Mestre. Uma hora viver um papel tão expressivo. O José Junior é um dos grandes produtores atualmente. Ele escreve vários projetos ao mesmo tempo. Não sei como consegue.
"Mania de Você" – Globo – de segunda a sábado, às 21h20.
