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Caderno B Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019, 00:00 - A | A

25 de Janeiro de 2019, 00h:00 - A | A

Caderno B /

De longa data



por Luana Borges
TV Press

O humor faz parte da trajetória profissional de Nelson Freitas. Mas foi ainda na infância que ele se deu conta de que a graça poderia ser sua grande aliada. Aluno do Colégio Militar, no Rio de Janeiro, Nelson percebeu que, através do humor, conseguiria se livrar de várias broncas. De quebra, ainda conquistava a simpatia dos colegas da classe e dos veteranos. “Comecei a desenvolver essa coisa de ser o palhaço da turma. Imitava Elvis Presley e os cantores da época que eu curtia”, lembra, aos risos. Foi também de forma natural que esse mesmo “jeitão” engraçado começou a tomar conta de seus papéis. Até mesmo quando o perfil detalhado na sinopse parecia se distanciar da comédia. “Quando fui fazer ‘Chiquititas’, em Buenos Aires, Dr. Fernando era um personagem amargo, mas eu logo saquei que assim ele não funcionaria aqui e fiz dele um palhaço”, conta o ator, no ar como o Luís Fernando de “Pais de Primeira”.
De lá para cá, Nelson passou a ser convidado com mais frequência para interpretar tipos cômicos. Viveu o Clóvis, em um núcleo de humor de “As Filhas da Mãe” e, logo na sequência Maurício Sherman o chamou para integrar o elenco do “Zorra Total”, onde ficou entre 2001 e 2015. “Fui muito bem recebido pelos comediantes, tanto os antigos como os novos, chancelei o ‘Zorra Total’ durante anos e assim fui me descobrindo comediante. Mas, na verdade, eu sou um ator multifacetado: canto, danço, chupo cana, assobio, dou salto mortal”, assegura.
P – Quais as características do seu personagem em “Pais de Primeira” que mais chamaram a sua atenção?
R – Acredito que Luís Fernando esteja passando pela crise da meia-idade. Separou-se da mulher, mãe das suas duas filhas, mas ainda tem sentimentos por ela. Ao mesmo tempo, tem namoradas novas, o que acaba criando alguns conflitos. É um personagem mais livre, às vezes um pouco bobo, que não mantém uma relação afetiva com as filhas, mas a chegada da neta desperta isso nele.
P – No que esse projeto se diferencia de outros trabalhos de humor que você já fez?
R – “Pais de Primeira” é um projeto muito interessante, uma das séries mais agradáveis que eu vi na televisão nos últimos tempos. Não tem precedentes e fala sobre um assunto que toca a todos. Ou você já viveu, ou está vivendo ou ainda vai viver uma situação semelhante à dos personagens. Por isso, é fácil se identificar. E a série está tão bonitinha! Nosso diretor, o Luiz Henrique Rios, tem uma mão tão leve para tratar desses assuntos e o elenco é absolutamente doce.
P – Aliás, como foi a preparação junto ao elenco antes das gravações?
R – Tivemos uma preparação muito bacana, com pesquisas e vivências, em que pudemos olhar um pouco para a criança que nós fomos, para a criação que tivemos, para os nossos pais, para o nosso processo evolutivo. Foi realmente muito bom. A gente sempre reúne alguns elementos da nossa vida para os personagens. E o Luís Fernando não demanda muita coisa que a gente, com 30 e tantos anos de carreira, não tenha à mão.
P – Recentemente, você fez um papel dramático em “Tempo de Amar”, que o colocou em uma posição diferente da que o público costuma associar à sua imagem. E atualmente faz uma participação em “O Tempo Não Para” como o pai mau-caráter do mocinho da trama. Como avalia as oportunidades de mostrar outros lados do seu trabalho?
R – Faz parte da minha estratégia fazer com que as pessoas percebam e me enxerguem como ator e não apenas como comediante. Porque, depois de tanto tempo na comédia, as pessoas até esquecem que eu faço drama, um gênero que adoro.
P – Mas você pensa em abrir mais espaço para personagens densos?
R – Gosto muito da comédia, é um lugar onde eu me sinto à vontade. Mas tenho uma necessidade, dentro do meu espectro de carreira, de fazer mais drama e fico feliz que esses convites estejam aparecendo.

“Pais de Primeira” – Globo – Domingos, às 13h30.
- Viva - Sábados, às 19h15.

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