por Caroline Borges TV Press
Aos 83 anos e com mais de seis décadas dedicadas à profissão, Betty Faria acumulou experiências um enorme conhecimento nos estúdios de tevê. Por isso mesmo, quando foi convidada para o elenco de “Volta por Cima”, a atriz precisou de poucos dias na companhia dos colegas de cenas para vislumbrar um futuro otimista para a trama de Claudia Souto, que tem se mantido com média acima dos 20 pontos de audiência. “É muito mágico quando há esse encontro de atores. A gente se entende e se gosta. Isso imprime na tela. É verdade porque já vi acontecer diversas vezes. Acredito demais nisso. Temos um humor gosto, uma brincadeira, mas, ao mesmo tempo, um respeito profissional enorme”, valoriza.
A veterana atriz vive a elegante Belisa. A personagem e seus irmãos, Joyce e Gigi, interpretados por Drica Moraes e Rodrigo Fagundes, nasceram e viveram em um mundo de privilégios, nos áureos tempos da alta sociedade carioca, mas a família acaba falida. Belisa é doce, naturalmente fina, mas a situação financeira difícil que a família enfrenta há algum tempo lhe dá couraça, e, às vezes, eleva o tom. É a mais racional dos irmãos Góis de Macedo, a que tenta manter alguma dignidade no meio da falência e costumes do mundo que conheceu. “É uma personagem divertida e que tem muita coisa para explorar. Ela costuma dizer que está economicamente prejudicada, não diz que é falida. É a mais humana dos irmãos, a mais acolhedora”, explica.
A mais velha dos irmãos, Belisa conserva a elegância que adquiriu em sua formação e tenta ser influencer de etiqueta nas redes sociais.
Na pele da falida personagem, Betty mergulha no mundo dos ricos e, através do texto da novela das sete, faz algumas reflexões sobre as classes mais abastadas da nossa sociedade. “Os ricos são pessoas normais, mas culturalmente preconceituosos. Eles têm esse preconceito de casta. Uma coisa que vem da escravatura, porque a escravidão acabou, mas segue dentro dessas classes mais altas. Engraçado como isso é exposto pela Claudia e seus colaboradores”, aponta.
De volta às novelas, Betty celebra a diversidade do elenco de “Volta por Cima”. A atual trama das sete traz um casal negro e jovem para o centro da história. De acordo com a atriz, o folhetim embarca em uma importante discussão social, mas sem deixar o entretenimento de lado. “Quando fui convidada para fazer a Belisa e conheci a história da novela, vi a importância desse trabalho nesse momento. Porque com a extrema direita neofascista entrando no mundo da maneira que está entrando, e o neofascismo é contra pretos, contra gays, velhos…a Globo colocar mais uma vez protagonistas pretos em uma novela, além de tantos outros personagens interessantes e diversos também. Acredito que atrizes e atores têm sempre que estar situados politicamente. Temos de cuidar, dominar os nossos egos para situar a obra politicamente”, defende.
“Volta por Cima” – de segunda a sábado, às 19h30, na Globo. Mulher de fibra
O período atual é bastante especial para Betty Faria. Além de retornar às novelas, ela também recorda um de seus principais trabalhos. Ela está no ar na reprise de “Tieta”, que voltou a ser exibida no “Vale a Pena Ver de Novo”. “Fiquei feliz demais porque é um trabalho que entrou no coração do público e ficou. Foi um grande sucesso da minha maturidade como atriz, que me trouxe muita felicidade, e uma novela exibida em muitos países, sempre muito bem-recebida”, afirma.
Exibida há mais de 30 anos, a novela segue como um marco na carreira de Betty. Além disso, para a atriz, a obra atravessou o tempo e manteve a atualidade do texto, baseado na obra de Jorge Amado. “Tenho orgulho do que ela representava. Tieta era muito moderna, hoje ainda é revolucionária. Era uma pessoa do bem, cheia de amor, que chega na cidade para ajudar a melhorar a situação, sempre trazendo ideias novas e derrubando preconceitos”, aponta.
Instantâneas
# Betty Faria começou a carreira como bailarina profissional no renomado Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
# Mesmo no ar em “Volta por Cima”, Betty está cotada para o elenco “Três Graças”, nova novela de Aguinaldo Silva, com previsão de estreia para 2026.
# Ainda em 2025, a atriz lança o longa “Enterre Seus Mortos”.
# Em 2023, Betty esteve na série de suspense “Codex 632”, uma coprodução entre o Globoplay com a RTP e a SPi em Portugal.
