por Geraldo Bessa TV Press
A história de Tereza Seiblitz com a televisão é de altos e baixos. Após trabalhos de destaque nos anos 1990, a atriz pouco apareceu no vídeo ao longo das décadas seguintes. Sempre questionada sobre um possível retorno de verdade à teledramaturgia, Tereza se ressente da falta de convites no período, mas acredita que tudo tem o tempo certo para acontecer. Por isso, ela não contém a empolgação ao falar do atual momento da carreira, onde emendou a série “Justiça 2” com as gravações de “Volta por Cima”, atual novela das sete. “Voltar a trabalhar na tevê com personagens instigantes, com histórias inspiradoras para contar, é um grande diferencial. Tenho me divertido muito e fico feliz de alguém ter lembrado de mim no momento em que essas produções estavam no processo de escalação”, brinca, entre risos.
Natural do Rio de Janeiro, Tereza é formada pela Casa das Artes das Laranjeiras e começou no teatro no início dos anos 1980. Na década seguinte, acabou chamando a atenção da tevê, onde estreou em “Barriga de Aluguel”, se destacou na primeira versão de “Renascer” e protagonizou o sucesso “Explode Coração”, na pele da cigana Dara. “Foram trabalhos muito importantes e lembrados pelo público até hoje. O tanto de mulheres que chegam para falar comigo e dizer que se chamam Dara por causa da personagem é impressionante”, conta. Também com breves passagens pela Rede TV! e Record, aos 60 anos, Tereza se mostra disposta a manter a atual boa relação com o vídeo. “A teledramaturgia vive um momento de renovação com o streaming e a chegada de novos profissionais. É um movimento interessante e que me deixa muito curiosa”, avalia.
P – Antes de “Justiça 2” e “Volta por Cima”, você ficou quase 10 anos distante dos estúdios de televisão. O que aconteceu? R – Entre o final dos anos 1990 e ao longo dos anos 2000, a maternidade virou prioridade na minha vida. Depois de um período de trabalhos de sucesso e muita exposição, eu comecei a fazer mais séries e coisas esporádicas. Além de ser mãe, eu estava com muita vontade de estudar, fazer coisas diferentes. Acho que, por conta disso, os convites sumiram, não me chamavam mais para nada. P – Você ficou chateada? R – Não. Eu fui lutar para fazer o que eu queria e ter meu espaço. Acho engraçado que, se o ator não está na tevê, grande parte das pessoas tem a sensação de que a vida deste profissional está totalmente parada. Produzi espetáculos, atuei ao lado de amigos queridos, fiz uma graduação e depois um mestrado.
P – Você tinha vontade de voltar a atuar de forma mais efetiva na tevê? R – Muita. E fiquei feliz demais com o convite para “Justiça 2”. Foi um retorno extremamente revigorante, com uma dramaturgia densa e especial. A sintonia com a Nanda Costa, que interpreta a filha da minha personagem na série, foi fantástica. E logo depois, surgiu o convite para a novela.
P – “Volta por Cima” é sua quinta novela em 25 anos de televisão. Você evitou os folhetins depois de protagonizar “Explode Coração”? R – Precisei de férias, na verdade. E só voltei a fazer uma novela quase 30 anos depois (risos). A verdade é que adoro novelas e, embora eu tenha feito poucas, foram papéis muito marcantes. A prova disso é que até hoje as pessoas me param nas ruas para falar da Joana de “Renascer” e da Dara de “Explode Coração”. O tanto de mulheres que se chamam Dara por causa da novela é impressionante. É muito prazeroso retornar aos folhetins com uma personagem como a Doralice.
P – Por quê? R – A mensagem de alegria, afeto e sensibilidade contida na personagem casa perfeitamente com o que eu quero falar neste momento. Admiro muito a profissão de costureira, acho linda a relação dela com o Carnaval e amo esse enredo que fala sobre as boas viradas que a vida pode dar. É um tema muito brasileiro e a repercussão deste trabalho está maravilhosa.
“Volta por Cima” – Globo – de segunda a sábado, às 19h20.