por Geraldo Bessa TV Press
Sempre à procura do próximo trabalho, Felipe Abib chegou a duvidar da facilidade com que o vilão Nelson, de “Garota do Momento”, chegou até ele. Com problemas de saúde, o ator Pablo Sanábio teve de abrir mão do personagem pouco antes do início das gravações da atual novela das seis. Felipe recebeu a ligação da direção da trama e teve apenas uma semana para deixar sua casa, nos Estados Unidos, planejar uma temporada morando no Rio de Janeiro e se apresentar nos Estúdios Globo para definir a caracterização e figurino. “Foi uma correria. Mas fiquei felicíssimo com esse convite inesperado. Televisão é sempre assim, as coisas acontecem de forma rápida e é preciso se adaptar e ter jogo de cintura para lidar com tudo e fazer um bom trabalho”, avalia.
Carioca e apaixonado por teatro, Felipe até tentou fugir de sua vocação prestando vestibular e cursando três anos de Medicina Veterinária. A atuação, entretanto, falou mais alto. Ao longo da década de 2000, emendou peças de sucesso, onde trabalhou com diretores como Christiane Jatahy e Felipe Hirsch. A estreia na tevê foi um processo natural e aconteceu na mítica “Avenida Brasil”, de 2012. Na sequência, ainda participou de produções como “Tapas & Beijos”, “Geração Brasil” e “Quanto Mais Vida, Melhor!”. Mais recentemente, participou do primeiro folhetim nacional da Netflix, o melodrama “Pedaço de Mim”, onde se destacou na pele do errante Oscar. “Atuar me faz feliz, mas não é confortável. É preciso ter muito planejamento financeiro, pois vivo de momentos onde aparecem papéis incríveis e outros onde fico muito tempo sem trabalhar. Essa novela surgiu em um bom momento e a repercussão do Nelson é fantástica”, avalia.
P – Você mora nos Estados Unidos e foi chamado às pressas para integrar o elenco de “Garota do Momento”. O que o levou a acertar sua participação na novela? R – Adorei o projeto e o personagem. Não havia qualquer conversa com a Globo e, de repente, recebo a ligação com o convite faltando poucos dias para o início das gravações. Tive muito pouco tempo para organizar minha vida e me preparar para o Nelson. Mas ele é um prato cheio para qualquer ator.
P – Em que sentido? R – É um vilão que vai se expandindo. Ele começa a novela já exalando machismo. Por se tratar de um contexto de época, poderia ser visto apenas como uma representação daquele tempo. Mas meu personagem foi além, é um mitômano, extremamente narcisista e capaz de qualquer coisa para se dar bem. Ao mesmo tempo, é um tipo bem realista, todo mundo sabe de algum tio, irmão ou pai que se assemelha ao Nelson.
P – É seu segundo vilão consecutivo depois do sucesso do Oscar de “Pedaço de Mim”, da Netflix. Em algum momento ficou com receio de se repetir em cena? R – São personagens que bebem de uma mesma fonte, mas o contexto é bem diferente. Eu adoro produções de época, fiz “Magnífica 70”, na HBO, e “Cidade Proibida” na Globo, e só de ser de época, “Garota do Momento” já me dá outras possibilidades e caminhos para desenvolver esse vilão. É minha primeira novela das seis e estou adorando esse clima. A estrutura e a repercussão ainda me surpreendem muito.
P – Como assim? R – Muito se fala do enfraquecimento das novelas, mas elas ainda são um grande produto. Para o elenco, além do desenvolvimento artístico, é uma garantia de bom pagamento e plano de saúde ao longo de quase um ano de trabalho. E a resposta do público é intensa e instantânea, seja nas ruas ou nas redes sociais.
P – A repercussão em produções para o streaming é mais lenta? R – Depende da produção. Geralmente, não tem o mesmo alcance da tevê aberta. A força com que “Pedaço de Mim” chegou ao público é uma exceção. A Netflix é uma gigante do entretenimento e realmente trabalhou a série no mundo todo. Fui reconhecido nas ruas de Los Angeles por fãs da série, recebi e ainda recebo mensagens dos mais diversos países do mundo. Foi uma produção que realmente furou a bolha.
“Garota do Momento” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20. “Pedaço de Mim” – Netflix – 17 episódios disponíveis.
