Domingo, 06 de Outubro de 2024

Caderno B Sexta-feira, 04 de Outubro de 2024, 08:45 - A | A

04 de Outubro de 2024, 08h:45 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Suburbano coração

Com “Volta por Cima”, Claudia Souto volta ao horário das sete e quer se reconectar ao grande público



por Geraldo Bessa TV Press                

Sempre que Claudia Souto precisa escrever uma nova novela, faz um esforço para sair do lugar-comum e apresentar temas inéditos ou pouco utilizados na teledramaturgia. Com resultados oscilantes, a novelista ambientou toda a trama do sucesso “Pega-Pega” em um hotel de luxo que foi alvo de um grande assalto. Quatro anos depois, apostou no aventureiro cotidiano dos dublês de ação para centralizar a trama da controversa “Cara e Coragem”. Agora, no mesmíssimo horário das sete com “Volta por Cima”, Souto resolveu ousar ainda mais ao investir em uma empresa de ônibus como um dos cenários principais do enredo. “O ônibus é um elemento muito presente na vida dos brasileiros e um universo muito rico de histórias, tanto dos trabalhadores como dos passageiros. Então, minha ideia é mostrar o lado divertido e curioso do transporte público, mas também os perrengues e dificuldades”, entrega.                

Natural do Rio de Janeiro, a carreira de Souto na televisão se desenvolveu através do humor. Ao longo dos anos 1990 e 2000, fez parte da equipe de roteiristas de humorísticos como “Os Trapalhões”, “Casseta & Planeta – Urgente!”, “Sai de Baixo” e “Zorra Total”, até que, em 2008, Walcyr Carrasco a convidou para o time de colaboradores de “Sete Pecados”. “Fiquei muito encantada pelo universo das novelas. Mas demorou um pouco até me sentir segura e ter a oportunidade de virar autora principal”, ressalta. Em “Pega-Pega”, Claudia conquistou a audiência a partir de sua principal escola: o humor. O riso segue tendo um lugar de destaque em “Volta Por Cima”, porém, a autora se abre também para tintas mais dramáticas em sua terceira trama como titular.

A vida não é só felicidade ou tragédia. Tendo isso em mente, coloco meus personagens em situações mais equilibradas e realistas neste trabalho. É claro que não esqueço que as pessoas querem rir, mas é minha novela mais carregada de emoção

P – Você colaborou com diversos programas de humor ao longo da carreira. Você acha que foi essa experiência na comédia que a levou para o horário das sete?

R – Com certeza. Antes de estrear como titular, fui da equipe de colaboradores de tramas das 19h escritas pelo Walcyr (Carrasco) e pelo Daniel (Ortiz). Então, além do meu início em produções cômicas, é uma faixa que eu acabei ganhando familiaridade. Gosto do tom de humor do horário, que também permite ao novelista experimentar e trazer à tona temas bem dramáticos.

P – O que você apresenta de mais experimental em “Volta por Cima”?

R – Trago alguns elementos que não foram ou não são tão utilizados na teledramaturgia. Por exemplo, utilizar um ônibus como cenário. É um elemento muito presente na trama e na vida dos brasileiros. Em cena, é nesse ambiente que personagens são retratadas cotidianamente, tanto os funcionários da empresa, quanto os passageiros. A gente tem muitas cenas de passageiros, de disputas por lugares, de situações inusitadas dentro do ônibus.

P – De onde surgiu a inspiração para este novo trabalho?

R – Essa novela fala de pessoas que escolhem caminhos diferentes para alcançarem aquilo que desejam, levando ou não em consideração a ética e a moral. Na família principal da trama, por exemplo, nós temos personagens, como a Madá (Jéssica Ellen), que busca crescer na vida de maneira honesta, e do Osmar (Milhem Cortaz), que faz isso por caminhos tortos. O Osmar tem muito de várias pessoas da minha família, especialmente o jeito folgado, que se lamenta (risos). Já a Doralice (Tereza Seiblitz) tem muito da minha mãe.

P – É seu texto mais confessional?

R – É o mais próximo das minhas vivências. Nasci e fui criada em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Fiz uma mistura de subúrbios cariocas, com a missão de dialogar com os subúrbios do Brasil inteiro através de suas características em comum. Aproveito esta oportunidade para colocar em uma novela uma das minhas grandes fascinações da minha rotina suburbana, como o Carnaval com os bate-bolas (também conhecidos como clóvis).

P – Como eles serão retratados?

R – Com muita alegria. São grupos muito tradicionais, um fenômeno do subúrbio que só tem no Rio de Janeiro. Quando eu vi que a novela iria atravessar o Carnaval, pensei: “o que de Carnaval carioca ainda não foi mostrado nas novelas?”. E aí surgiu a ideia dos bate-bolas. Reconhecer a importância dessa manifestação cultural e poder mostrá-la para todo o Brasil me deixa muito contente.  

Volta por Cima” - Globo - de segunda a sábado, às 19h20.

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