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Caderno B Sexta-feira, 21 de Junho de 2024, 08:27 - A | A

21 de Junho de 2024, 08h:27 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Valor do olhar

Allan Fiterman, diretor de “No Rancho Fundo”, traça diferenças e nessa segunda incursão no sertão nordestino



por Geraldo Bessa TV Press       

          No comando de “No Rancho Fundo”, Allan Fiterman é a antítese da postura por vezes esnobe e conceitual de um diretor de tevê. Entre paletas de cores e contrastes de luz, ele vai construindo a estética respeitando muito mais a história a ser contada do que a possível criação de uma assinatura profissional.

Para a atual novela das seis, por exemplo, a complexidade reside em manter a qualidade da imagem ao recriar em estúdio um Sertão carregado de poesia, mas que também dialogue com o Nordeste Contemporâneo. “

Sempre achei que a câmera tem de estar a favor da história e não do diretor. Eu não acho que a minha estética seja mais importante do que a trama que estou contando. Foram meses de pesquisa e testes para chegar ao Nordeste que a novela representa”, conta.  

               Natural de São Paulo, o ponto de partida de sua carreira como diretor foi a paixão por fotografia. Em 1997, se mudou para Los Angeles, nos Estados Unidos, na busca pelo sonho de viver do audiovisual. Por 11 anos, trabalhou em diversos setores da indústria até se descobrir como diretor, primeiro de curtas, e depois de longas-metragens, como “Living the Dream”, de 2006.

Sempre achei que a câmera tem de estar a favor da história e não do diretor

Em 2008, acabou sendo escolhido para dirigir o filme brasileiro “Embarque Imediato”, estrelado pela saudosa Marília Pêra que, encantada com o trabalho de Fiterman, o indicou para trabalhar na Globo. Contratado pela emissora, passou pelas equipes de direção de nomes como Denise Saraceni, Mauro Mendonça Filho e Rogério Gomes, até estrear como diretor artístico em “Quanto Mais Vida, Melhor!”, de 2021, e se destacar no comando de “Mar do Sertão”, de 2022.

Eu estava feliz lá fora, mas voltar ao Brasil e construir uma carreira aqui foi a melhor decisão de minha vida”, analisa

. P – “No Rancho Fundo” foi concebida como uma continuação de “Mar do Sertão” (2022). Entre semelhanças e diferenças, qual o saldo de revisitar esse universo?

R – Achei incrível a ideia de voltar ao Sertão com uma nova história e outras possibilidades. O texto e a direção trabalham com os mesmos arquétipos e estética. Mas foi possível entregar algo novo para o público já que agora não se trata de um Nordeste tão profundo quanto o anterior. Temos o sertão mais verde, rico e contemporâneo. Nossos heróis também têm mais camadas.

P – Como assim?

R – A Zefa Leonel (Andrea Beltrão), por exemplo, é uma justiceira que cuida da família e manda na casa. O Tico Leonel (Alexandre Nero) é o marido dela, mas a força da casa está na mulher e não no homem. É interessante mostrar essa estrutura familiar e isso interferiu diretamente no jeito de gravar a novela.

P – Em que sentido?

R – Um dos principais cenários da novela é um rancho em que moram dez pessoas e muitos animais. Por uma questão prática, comecei a testar como seriam essas sequências com a câmera na mão e gostei do resultado, entrega uma proximidade que eu estava buscando.

P – Apesar das cenas externas dos primeiros capítulos, “No Rancho Fundo” é basicamente gravada em estúdio e cidade cenográfica. Foi uma opção estética sua?

R – Nosso sertão tem o tom da fábula. Então, a gente se propôs a fazer algo que esteja conectado com a realidade, mas também carregado de poesia. No estúdio, é mais fácil ter controle sobre a produção. No entanto, a pré e a pós-produção são mais complexas, por conta do uso de chroma-key e inserção de imagens externas na complementação do ambiente de cena.

P – Muitas novelas ambientadas no Nordeste já foram criticadas pela falta de elenco local em cena. A escalação se preocupou com essa representatividade?

R – É uma discussão importante e acho que ter atores nascidos na região valorizam muito o texto, pois eles trazem uma propriedade. Acho que conseguimos reunir um elenco muito diverso, unindo nomes do primeiro time da emissora, novas promessas do vídeo e mais de 20 talentos nordestinos. A tela precisa dessa diversidade.  

No Rancho Fundo” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.

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